segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
6 DE DEZEMBRO – DIA DO EXTENSIONISTA RURAL
A Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural, integrante de um Sistema que prestava assistência ao agricultor em todo o País, se revelava um modelo de organização e era depositária das esperanças de desenvolvimento do meio rural brasileiro.
Vivíamos, naquele ano, o processo de transição para o Sistema EMBRATER. A ANCAR, então, seria sucedida pela EMATER-AL (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural).
Integrante de uma turma de vinte novos extensionistas, sendo seis Agrônomos, quatro Médicos Veterinários e dez Técnicos Agrícolas, lá estava eu, com meus 18 anos, iniciando minha vida profissional.
Depois de um Curso de Pré-Serviço, realizado no Centro Social Rural Dom Adelmo Machado, pertencente à Arquidiocese de Maceió, a turma foi distribuída pelas diversas regiões do Estado. Fui designado para o Escritório de Mata Grande, que atendia também os municípios de Canapí e Inhapí.
Substituindo o Agrônomo Joaci Augusto Barbalho – um potiguar natural de Caicó, que assumira um cargo de coordenação na nossa Gerência em Santana do Ipanema, iniciei as atividades do Escritório, improvisado numa garagem situada na Rua Ubaldo Malta. Fazia-me companhia o colega Antônio Soares Mota, conhecido desde os tempos de Colégio por Lambreta.
Lá encontramos a Secretária Maria de Fátima Sandes Xavier. Natural de Mata Grande, tinha a experiência necessária para auxiliar dois novatos, depois de ter trabalhado com o próprio Joaci e com Abel Cândido, hoje prestigiado advogado, associado a outro ex-extensionista, o meu dileto amigo Lindalvo Silva Costa.
O Jeep verde, ano 1973, de Placa AB-1523, era o nosso principal instrumento de trabalho. Para percorrer a grande extensão territorial que nos competia, o veículo rústico, com tração nas quatro rodas era indispensável. Afinal, a nossa área era enorme: além da Sede, Mata Grande com área de 919,6 km², contava também com Canapi (571,94 km²) e Inhapi (374,2 km²). Num dado momento, em que o colega de Delmiro Gouveia teve de seu ausentar, assumi aquele Escritório por cerca de três meses (mais 606,79 km²), além de Água Branca, que ainda contava com o atual município de Pariconha (716,38). Total: 3.188,91 km².
Os pouco mais de dois anos em que fui Extensionista não foram suficientes para fazer muita coisa. Entretanto, consegui deixar no Escritório de Mata Grande um grande número de projetos de investimento, no âmbito do antigo PROTERRA – Programa de Redistribuição de Terras e Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste, tendo o crédito rural como ferramenta importante. Aliás, o Banco do Brasil – no nosso caso, a Agência de Santana do Ipanema, era parceiro nesse trabalho. Por conta disso, tínhamos constantes reuniões na Sede do nosso Regional, o que suscitava comentários jocosos dos colegas do BB.
Quando éramos ANCAR, os bancários diziam que, na verdade, a sigla significava: “Agrônomos Nordestinos Continuam Ainda Reunidos”. Quando veio a EMATER, nós os provocamos para uma nova interpretação. Eles, então, vieram com esta: A sigla seria: “Embora Mudados Ainda Temos Eternas Reuniões”. Era uma prova da agradável convivência entre os agentes de extensão e as instituições parceiras.
Em Delmiro Gouveia, o curto período em que lá estive foi marcado pela mudança do Escritório, de um velho casarão para o recém inaugurado Centro Administrativo, a nova Sede do Poder Executivo Municipal.
São muitas as lembranças que tenho daqueles tempos e, a propósito deste DIA DO EXTENSIONISTA RURAL, parabenizo esses profissionais na pessoa da minha amiga Rita de Cássia Ferreira Lima, Superintendente de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário.
Escritório da EMATER em Mata Grande - 1976.
Eu (à direita) e meu colega Antônio Soares Mota - Mata Grande - 1976.
Antiga Sede da EMATER em Delmiro Gouveia - 1976.
(Obtida no blog: www.amigosdedelmirogouveia.blogspot.com)
Centro Administrativo de Delmiro Gouveia. Nova sede do Escritório da EMATER a partir de 1976.
(Obtida no blog: www.amigosdedelmirogouveia.blogspot.com)
Técnicos Agrícolas, quase todos da antiga EMATER, reunidos em Pão de Açúcar para reorganizar a sua Associação, precursora do Sindicato da categoria. 1977.
A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR
PÃO DE AÇÚCAR
Marcus Vinícius*
Meu mundo bom
De mandacarus
E Xique-xiques;
Minha distante carícia
Onde o São Francisco
Provoca sempre
Uma mensagem de saudade.
Jaciobá,
De Manoel Rego, a exponência;
De Bráulio Cavalcante, o mártir;
De Nezinho (o Cego), a música.
Jaciobá,
Da poesia romântica
De Vinícius Ligianus;
Da parnasiana de Bem Gum.
Jaciobá,
Das regências dos maestros
Abílio e Nozinho.
Pão de Açúcar,
Vejo o exagero do violão
De Adail Simas;
Vejo acordes tão belos
De Paulo Alves e Zequinha.
O cavaquinho harmonioso
De João de Santa,
Que beleza!
O pandeiro inquieto
De Zé Negão
Naquele rítmo de extasiar;
Saudade infinita
De Agobar Feitosa
(não é bom lembrar...)
Pão de Açúcar
Dos emigrantes
Roberto Alvim,
Eraldo Lacet,
Zé Amaral...
Verdadeiros jaciobenses.
E mais:
As peixadas de Evenus Luz,
Aquele que tem a “estrela”
Sem conhecê-la.
Pão de Açúcar
Dos que saíram:
Zaluar Santana,
Américo Castro,
Darras Nóia,
Manoel Passinha.
Pão de Açúcar
Dos que ficaram:
Luizinho Machado
(a educação personificada)
E João Lisboa
(do Cristo Redentor)
A grandiosa jóia.
Pão de Açúcar,
Meu mundo distante
De Cáctus
E águas santas.
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Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)
(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937
(+) Maceió (AL), 07.05.1976
Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.
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PÃO DE AÇÚCAR
Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.
Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.
Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,
O pó que o vendaval deixou no chão cair.
Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste
O teu profundo sono num divino sorrir.
Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,
Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.
Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.
Teus jardins se parecem com vastos cemitérios
Por onde as brisas passam em brando sussurrar.
Aqui e ali tu tens um alto campanário,
Que dá maior relevo ao pálido cenário
Do teu calmo dormir em noite de luar.
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Ben Gum, pseudônimo de José Mendes
Guimarães - Zequinha Guimarães.