quinta-feira, fevereiro 27

PÃO DE AÇÚCAR – 171 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA

 Por Etevaldo Amorim

 

O Conselheiro Saraiva



No próximo dia 3 de março, Pão de Açúcar estará comemorando seus 171 anos de Emancipação Política.


Declarada por Lei Feriado Municipal, essa data é festejada com muito júbilo pelos pão-de-açucarenses, movimentando a comunidade escolar, as autoridades e o povo em geral para enaltecer esse marco na sua vida política e administrativa.


O que muita gente não sabe, mas é digno de registro, é que a emancipação resulta de um Ato do Conselheiro José Antônio Saraiva, então presidente da Província das Alagoas.


Filho de José Antônio Saraiva (que participou da luta pela Independência do Brasil como militante do Partido Liberal), e de Maria da Silva Mendes, nasceu em Bom Jardim, município de Santo Amaro (BA), em 1º de maio de 1823. Foi casado com Francisca da Purificação Velloso Saraiva. 


Entre 20 de outubro de 1853 e 26 de abril de 1854, ele presidiu a Província de Alagoas. Este notável político e estadista brasileiro foi quase tudo neste país. 


Em 1845, formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo. Já em 1849 era eleito membro da Assembleia da Bahia e, em 1850, foi nomeado por D. Pedro II para presidir a Província do Piauí. Ali, sob forte oposição, transferiu a capital da Província de Oeiras para Teresina, que recebera o nome em homenagem à Imperatriz Tereza Cristina.

 

Em 1852, foi eleito Deputado, sendo em seguida nomeado Presidente da Província de Alagoas e, depois, de São Paulo e Pernambuco. Foi Ministro em várias Pastas do Império: Marinha, Negócios Estrangeiros, Fazenda, Guerra e Presidente do Conselho de Ministros, de 1881 a 1885, quando fez aprovar o Projeto de Lei que instituía as eleições diretas, que ficou conhecida como “Lei Saraiva” ou “Lei do Censo”.

 

Deixou ainda outro Projeto que o notabilizaria: o que tornava livres os escravos com mais de sessenta anos de idade. Esse Projeto acabou por ser aprovado já no Governo de seu sucessor, o Barão de Cotegipe, em 28 de setembro de 1885, passando a ser conhecida por “Lei Saraiva-Cotegipe”.

 

Sendo homem de confiança de D. Pedro II, retirou-se para a Bahia após a proclamação da República. Foi ainda eleito Senador para o Congresso Constituinte – 1890/1891 mas, doente e frustrado com os rumos políticos do País, renunciou e permaneceu em Salvador até morrer, em 21 de julho de 1895.

 

Poucos dias antes de deixar a Província de Alagoas, assina, em 3 de março de 1854, a Lei Nº 233, conferindo a Pão de Açúcar a condição de Vila, emancipando-a da Vila de Mata Grande, circunscrita a uma vastíssima área de 2.195,2 km², e que viria a ser instalada a 7 de agosto daquele mesmo ano.

 

"LEI Nº 233 DE 3 DE MARÇO DE 1854.

 

Art. 1º Ficam creadas duas novas comarcas nesta província, uma denominada Comarca de Imperatriz e outra Comarca de Matta-Grande, que terão por sedes as villas dos mesmos nomes, comprehendendo a primeira os termos da Imperatriz e Assembléia e a segunda os da freguezia de Pão de Assúcar e villa da Matta-Grande.

 Art. 2º A povoação de Pão de Assúcar fica elevada à cathegoria de Villa, com a mesma denominação, tendo por limites os da respectiva freguezia.

 Art. 3º Ficam revogadas quaesquer leis e desposições em contrário.

 

José Antônio Saraiva

PRESIDENTE


Nesta Secretaria foi publicada a presente Lei em 4 de março de 1854."


O Conselheiro Saraiva faleceu em Salvador, em 21 de julho de 1895, 41 anos depois de ter dado a Pão de Açúcar a autonomia política que tanto almejava e que em muito contribuiu para o seu desenvolvimento.


***

NOTA. 


Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas reportagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.


sexta-feira, fevereiro 21

PÃO DE AÇÚCAR E AS GRANDES CHEIAS DO SÃO FRANCISCO

 

Por Etevaldo Amorim

 


Antes das barragens das hidrelétricas, que passaram a controlar a vazão do rio, as cheias do São Francisco regulares. Todos os anos, em épocas que variavam um pouco a depender do regime de chuvas, elas vinham com certeza.

 

Os ribeirinhos a esperavam com ansiedade e acompanhavam o nível das águas com varetas marcadas como escala: “hoje subiu dois dedos”... “ontem vazou meio palmo”... Essa informação era extremamente útil, pois dela dependiam os preparativos para o plantio, sobretudo da cultura do arroz.

 

E assim, a partir de novembro, principiava a enchente. Se as águas vinham de cima (Alto e Médio São Francisco), permaneciam claras; mas se vinham de enxurradas produzidas pelos afluentes mais próximos, tornavam-se barrentas, amareladas, disseminando as chamadas doenças de veiculação hídrica. E o rio ia enchendo, enchendo... com pequenas oscilações no volume, até abril, quando começava a diminuir até retornar ao nível normal.

 

Em que pesem os transtornos e os prejuízos, as cheias traziam muitos benefícios. Nesses períodos, o rio transbordava a sua calha e inundava as várzeas e lagoas, depositando matéria orgânica sobre os terrenos marginais, fortalecendo o solo e o tornando mais fértil. Essa condição favorecia sobretudo o plantio do arroz, que também era cultivado nas áreas de vazante.

 

Durante o período em que o rio se mantinha cheio, preenchendo as lagoas e várzeas, os peixes adentravam e se reproduziam nesse novo espaço. No ponto máximo da enchente, quando o rio iniciava seu retorno ao leito natural, as comportas das lagoas (as chamadas “portas d’água”) eram fechadas, retendo toda a água.

 

Na época propícia para o plantio, entre maio e junho, as comportas eram abertas e as margens da lagoa recebiam as mudas de arroz transplantadas do canteiro. Coberta toda a área, restava apenas a água do caldeirão (ponto mais fundo da lagoa), abarrotado de peixes. Entre agosto e setembro, o corte do arroz e o transporte para os terreiros para bater, sessar e ensacar.

 

A cada vazante, a paisagem marginal se modificava. Um novo cenário se apresentava: onde antes era terra firme, de repente transformava-se em acentuada ribanceira. Coroas inteiras desapareciam para surgirem além, como que por encanto. Ali se formava um novo viveiro de paturis, marrecos, garças, carões, socós, jaçanãs, três cocos... ou mesmo um novo lameirão, onde logo eram plantados os primeiros canteiros de arroz.

 

A rota de navegação também se alterava. Durante as maiores cheias, para evitar a forte correnteza, as embarcações navegavam por sobre as águas de várzeas. Rio acima, por exemplo, as canoas que vinham de Penedo ou Propriá poderiam entrar em Belo Monte, a partir da confluência do Riacho Jacaré, transpor a Restinga (à direita) e o Cajueiro (à esquerda), passar por detrás do alto do cemitério do Limoeiro e sair adiante, no Jacarezinho.

O São Francisco se transformava num mar de águas, justificando o primitivo nome que lhe deram os indígenas: OPARÁ, o "rio-mar".

 

Em alguns anos, no entanto, as cheias eram pequenas. De uma carta de 30 de janeiro de 1876, publicada no Jornal do Penedo, um correspondente de Pão de Açúcar, chamado EMÍLIO (seria Emílio José de Moraes?) informa:

 

"Não tem chovido e o rio, quando devia estar cheio, como nos demais anos, conserva-se em vazante, a ponto de não poder o vapor fazer a navegação até cá por cima, por falta de canal nos Campinhos, tendo no dia 27 chegado a mala (dos correios) em canoa. 

Não é bom sinal a vazante do rio neste tempo, e o povo recebe sempre com um presságio de ser mau o ano entrante. Faltando, com efeito, a enchente do rio, deixa de haver plantação nas margens e lagoas, e então o mal é inevitável.

Mas como Deus escreve direito por tortuosas linhas, pode acontecer que o ano de 1876 não seja mau como parece. "

 

AS MAIORES

 

A maior cheia de que se tem notícia data de 1739[i]. Enchente tão grande que o povo a chamava “dilúvio”. O seu ápice se deu no dia 31 de março, atingindo 20 pés, equivalente a 6,096 m. Elevando-se a essa altura o nível do rio, pode-se bem imaginar o quanto se expandiu as suas margens. 

 

Já o Jornal do Penedo, edição de 15 de maio de 1875, reporta-se àquela que seria, segundo “os homens octogenários”, a maior de todas: a cheia de 1865, seguida das de 1866 e 1867, estas um pouco menores.

 

Segundo nota do jornal maceioense Gutenberg, de 8 de abril de 1896, a enchente daquele ano, àquela data, já superava a grande cheia de 1887.

 

 

- CHEIA DE 1906.

 

Em que pese não dispormos de dados oficiais, as notícias de jornais da época nos permitem afirmar que já em fevereiro as águas começaram a se avolumar. 

 

Do jornal penedense A FÉ CHRISTÃ, de 24 de fevereiro de 1906, temos essas notas:

 

CHEIA. Pouco mais da cheia do ano passado se têm avolumado as águas do nosso rio. Entretanto, o povo, com as notícias das inundações do Sul e mesmo boates de inundações no Alto São Francisco, vive apreensivo, especialmente em Pão de Açúcar, onde nos consta já se tem retirado para o interior diversas famílias e permanecem muitas pessoas à noite, à margem do rio, ao relento, receando súbita inundação.

 

Entretanto, o povo quer prevenir-se, receando talvez cheias como as de 1792 e 1802 que, segundo dizem, circulou o morro da cidade de Pão de Açúcar e atingiu a igreja de São Gonçalo Garcia, nesta cidade, onde se fez a pesca de uma grande tubarana.”

 

O mesmo jornal, em 17 de março, informa:

 

ENCHENTE. Durante a semana, não têm as águas do S. Francisco se avolumando com a rapidez dos dias anteriores. A crescente tem regulado ultimamente de 1 a 2 centímetros no espaço de 24 horas; havendo mesmo quem diga achar-se vazando desde ontem.

...

...

 

Na cidade de Pão de Açúcar, de cuja inundação tanto se falou, as águas atingiram somente poucas casas nos lugares mais baixos. Quase toda a cidade está intacta. Não obstante isto, pequena parte da população retirou-se, atemorizada com as notícias alarmantes.

 

Dizem e afirmam-nos algumas pessoas que a cheia atual ainda não atingiu a de 1865. Receia-se novo reforço de enchente no fim do corrente mês ou princípio de abril.”

 

A Fé Christã volta a informar em 5 de maio:

 

CHEIA. Continua muito cheio o nosso São Francisco, permanecendo, portanto, a inundação de que já nos ocupamos. Os prejuízos, a desolação nos causam tristeza e compaixão.”

 

...   ...

 

Durante a cheia de 1906, as águas do rio também alcançaram a igreja de São Gonçalo Garcia, em Penedo. Dessa feita, foram pescadas diversas curimatás (bambá) e traíras dentro do famoso templo.[ii]

 

- A CHEIA DE 1919.

As fotografias mostram o quanto avançaram as águas em direção à cidade, inundando boa parte dela, sobretudo vindas pelos fundos (das lagoas), tendo como consequência grande número de desalojados e desabrigados em Pão de Açúcar. Em uma delas, vemos o Pe. José Soares Pinto, junto com autoridades locais, distribuindo víveres para as famílias localizadas em pontos mais altos da cidade.

 

Notícia do jornal A Noite, do Rio de Janeiro, de 12 de março de 1919, tratando dos danos causados pela enchente em diversas cidades do Baixo São Francisco, informa que "a cidade de Pão de Açúcar já está quase toda inundada".

 


Pão de Açúcar, 1919. Praça do Bonfim tomada pelas águas. Foto: João D. Lisboa.

Pão de Açúcar, 1919. Rua Augusta (atual Pe. J. Soares Pinto) Oitão da Matriz à direita.
Foto: João D. Lisboa


Pão de Açúcar, 1919. Rua Augusta (atual Pe. J. Soares Pinto), vendo-se a Casa Paroquial à esquerda.
 
Foto: João D. Lisboa

Pão de Açúcar ilhada. A lagoa em primeiro plano, o curso principal do rio e, ao fundo, a margem sergipana.
Foto: A Noite, 23/03/1919.



O Padre Pinto e autoridades distribuindo víveres para as vítimas da enchente. Foto: João Lisboa.

Pão de Açúcar, 1919. Trecho defronte a Cadeia Pública. Foto: João D. Lisboa


- CHEIA DE 1924.

 

Nota publicada no jornal Diário de Pernambuco, edição de 1º de junho de 1924, ressaltando os prejuízos causados à lavoura no Baixo São Francisco, destacando que "faltou pouco para a cheia do S. Francisco, este ano, ser igual à que o mesmo rio deu em 1906."

 

- CHEIA DE 1926.

 

Reputada como a maior cheia do século XX, a de 1926 inundou grande parte da cidade, no início do ano, ultrapassando, talvez, a vazão de 14 mil metros cúbicos por segundo.

 

Não temos informação precisa sobre a vazão alcançada, pois foi a partir de dezembro daquele ano que as autoridades iniciaram o registro das vazões do rio. Iniciou o mês com vazão de 5.180 m³/s e terminou com 5.457 m³/s. Entrando em 1927, atingiu o ponto máximo em 5 de abril, com vazão de 6.988 m³/s. Uma cheia considerada normal naqueles tempos.


Pão de Açúcar, 1926. Trecho defronte a Cadeira Pública. Foto: João D. Lisboa.

Pão de Açúcar, 1926. Rua Marquês do Herval (que também se chamou Pedro Paulino), atual Cel. Manoel Antônio Machado com águas vindo das lagoas. Foto: João D. Lisboa.

Pão de Açúcar, 1919. Os pão-de-açucarenses constroem a "tapaginha", tentando conter o avanço das águas. Ao centro, Mestre Nozinho. Foto: João D. Lisboa.


Considerando as cheias com vazão superior a 8.000 m³/s, essas foram as mais significativas, segundo registros efetuados pelo SISTEMA DE CONTROLE E GERENCIAMENTO DE DADOS HIDROLÓGICOS, da Compahia Hidro-Elétrica do São Francisco - CHESF. O registro das DESCARGAS  MÉDIAS  DIÁRIAS, em metros cúbicos por segundo, tomadas às 7:00h e 17:00h, em Pão de Açúcar, revelam:

 

 

- CHEIA DE 1943.

Iniciada em dezembro do ano anterior, teve sua maior vazão no dia 24 de fevereiro, com 11.410 m³/3.

 

- CHEIA DE 1945.

Com início no mês de dezembro de 1944, alcançou sua maior vazão - 10.172 m³/3 - no dia 24 de maio.

 

- CHEIA DE 1946.

Principiada em novembro de 1945, atingiu o ponto máximo no dia 16 de fevereiro, com vazão de 12.527 m³/s.

 

- CHEIA DE 1947.

Iniciada em fevereiro do mesmo ano, atingiu o seu ponto culminante no dia 3 de abril, com vazão de 10.498 m³/s.

 

- CHEIA DE 1949.

Começando em dezembro de 1948, a vazão do rio se elevou até 14.349 m³/s, nos dias 16 e 17 de março.

 

- CHEIA DE 1960.

Foi uma cheia grande e rápida. O rio começou a encher em  fevereiro daquele mesmo ano. Do dia 10 para 11 de março, passou de 7.429 m³/s para 10.596 m³/s, atingindo 13.449 m³/3 no dia 12. Naquele dia, já tinha superado a cheia de 1949.

 

Num crescente inédito, alcançou a extraordinária vazão de 14.449 m³/s no dia 1º de abril. Conta-se que se podia ver, instantaneamente, o avanço das águas, tal era a sua rapidez. Pão de Açúcar ficou completamente ilhada.


Pão de Açúcar, 1960. Vista aérea da cidade literalmente ilhada.


- CHEIA DE 1979.

A elevação do nível do rio começou em dezembro de 1978, chegando ao dia 17 de março com vazão de 13.605 m³/s.

 

Diversos pontos da cidade foram inundados, conforme se pode ver nas inúmeras fotografias feitas na época. A imprensa pernambucana repercutiu o fato, conforme transcrevemos a seguir:

 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 15/02/1979).


 "De acordo com informações do prefeito de Pão de Açúcar, Eraldo Lacet (ARENA), a situação naquela cidade é alarmante, pois o rio São Francisco já atingiu cerca de seis metros e meio e continua no mesmo ritmo de ontem. Hoje, poderá chegar a 7,5 metros até o meio-dia. Na Rua da Alegria, que fica na parte baixa da cidade, duas casas ficaram completamente ilhadas, e de lá foram retiradas 11 pessoas." 



 - DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 08/03/1979.


"A cada dia que passa, piora a situação e aumenta a intranquilidade no município de Pão de Açúcar. Segundo informou o seu prefeito, Eraldo Lacet, as águas já atingiram nove metros acima do seu nível. Em consequência, sete casas foram completamente inundadas no dia de ontem e a pista de acesso à cidade ficou quase submersa e destruída, devido ao transbordamento das lagoas que lhe margeiam.

Ele informou que a municipalidade está construindo uma estrada de desvio, a fim de não paralisar o tráfego. Acrescentou também o prefeito que a medição do nível do rio está sendo feita três vezes ao dia, sempre registrando um aumento considerável em seu volume, principalmente a partir das 17 horas, todos os dias, e isso começa a deixá-lo intranquilo."

 

- DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 14/03/1979.

 

"Em Pão de Açúcar, o prefeito Eraldo Lacet Cruz mandou suspender as atividades do comércio, que cerrou suas portas desde segunda-feira. Nessa cidade, o número de desabrigados ascende à casa de duas mil pessoas." 

 

- DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 21/03/1979.


"Em Pão de Açúcar, uma das cidades que regristram elevado número de desabrigados, a população está bastante revoltada com o diretor regional da Empresa de Correios e Telégrafos, Luciano José Lapa. É que o prefeito Eraldo Lacet solicitou àquele dirigente a cessão do andar superior dos Correios, naquela cidade, o qual se encontra desocupado, a fim de abrigar quatro famílias, o que foi praticamente negado pelo Sr. Lapa." 

Cheia de 1979. Veículos, pessoas e animais passando sobre a AL-130 inundada.
Foto: Carlos Frederico Machado.


Cheia de 1979. Início da AL-130 danificada pelas águas da lagoa.
Foto: Carlos Frederico Machado.



Cheia de 1979. Início da Rua Cap. Serafim Pinto (ainda sem casas à direita) tomada pelas águas da Lagoa da Porta.

Cheia de 1979. Rua da Alegria inundada e pessoas sendo retiradas.

Cheia de 1979. A Lagoa da Porta, vista do Alto do Humaitá, morro do Cavalete ao fundo.


Cheia de 1979. Águas do São Francisco atingindo o cais.




Cheia de 1979. As águas alcançaram os fundos da Banca do Peixe.


- CHEIA DE 1985.


Iniciando a subir em fevereiro do mesmo ano, o rio teve sua maior vazão no dia 14 de abril, com 12.875 m³/s.

 

CHEIA DE 1992.


Início: janeiro do mesmo ano.

Maior vazão: 10.176 m³/s - Dia 13/03/1992.

***   ***


Com vazões superiores a 8.000 m³/s, tivemos as cheias de 1929, 1957, 1963, 1940, 1974 e 2004.

Entre essas, destacamos a CHEIA DE 2004.

Embora não tenha superado a cota de 10 mil metros cúbicos por segundo, a cheia de 2004, a última de grande porte, pode ser considerada de relativa importância.

 

Iniciada em 28 de janeiro do mesmo ano, quando passou de 1.265 m³/s para 2.015 m³/s, alcançando a sua maior vazão (8.096 m³/s), no dia 02/02/2004, essa cheia foi mais uma grande enxurrada. A grande quantidade de água acumulada nos reservatórios, somada ao grande volume de chuvas verificado nas regiões a jusante das barragens, concorreram para a essa cheia, digamos, inesperada, e que grande prejuízo causou às populações ribeirinhas.


Cheia de 2004. A orla de Pão de Açúcar antes de depois da cheia. Foto: Duan Cícero.


Cheia de 2004. Água chegando na rampa do Bar do Pinto/Iate Clube. Foto: Duan Cícero.


Cheia de 2004. As águas da lagoa no bairro COHAB. Foto: Duan Cícero.


Vila Limoeiro, cheia de 2004. Foto cedida por Willima Soares.


 ___

NOTA 1. 

Não temos conhecimento da autoria das fotografias das cheias de 1919 e 1926. Supomos que seja de João Damasceno Lisboa.



NOTA 2

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.



[i] Gutenberg, 8 de abril de 1899.

[ii] A Fé Christã, Penedo, 19 de março de 1906.

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia