sábado, 25 de maio de 2024

OS PRIMÓRDIOS DA EDUCAÇÃO EM PÃO DE AÇÚCAR

 

Por Etevaldo Amorim

Produzir um trabalho que se possa considerar completo e acabado sobre a educação e o ensino em Pão de Açúcar seria, por demais, pretensioso de nossa parte. A vastidão de tempo e a enorme complexidade que envolve o assunto não nos permitiria alcançar o objetivo. Por esta razão, e consciente das nossas limitações, comprometemo-nos apenas em discorrer sobre os fatos relacionados e os agentes públicos e privados que atuaram nesse importante setor da sociedade.

Consultando documentos e relatórios provinciais, conseguimos identificar professores e professoras que exerceram sua gloriosa profissão, em diversas épocas no nosso desenvolvimento.

A primeira escola pública em Pão de Açúcar foi fundada em 6 de julho de 1839. É possível que o primeiro professor tenha sido o Sr. Manoel do Rosário Ferreira[i], que consta em Mapas de Relatórios Provinciais do ano de 1840. Em 1848, era professor Esperidião Irênio de Caldas.[ii]

Em 1854, ano da sua emancipação, havia duas cadeiras de instrução primária, uma do sexo masculino, criada em 3 de julho de 1848 pela Lei Provincial nº 77, a cargo do professor Martiniano Alves de Lima[iii], e outra para o sexo feminino, criada em 23 de junho de 1853 pela Lei nº 211, com a professora Teresa Maria de Jesus[iv].

Lá pelo ano de 1858, exerciam o magistério os professores José Joaquim de Santana e Maria Senhorinha de Mendonça Lima[v]. Em 1861, era professor Aprígio José de Almeida Porto.[vi]

Em 1865, assumiram os mestres José Casimiro da Costa (pai do Cônego Octávio Costa) e Feliciana Emília Maciel de Carvalho (mãe do Capitão Manoel Rego) que, a partir de 30 de janeiro do ano seguinte, passaram a ter como Inspetor Paroquial o Vigário Antônio José Soares de Mendonça. As duas cadeiras eram ocupadas, em 1868, pelos professores Luiz José Vicente Pereira[vii] e Manoel Antônio Soares de Mello[viii].

No ano de 1871, já funcionava a escola particular do professor Joaquim Antônio do Nascimento, com cinquenta meninas e, no ano seguinte, a partir de 10 de março, por Ato do Presidente da Província de Alagoas, Dr. Silvino Elvídio Carneiro da Cunha, foi criada a Escola Noturna, de conformidade com a Lei nº 627, a partir de representação da Câmara Municipal. Foi então nomeado, em 20 de março, o Professor José Casimiro da Costa. Em 1875, essa escola registrava presença de 60 alunos, embora constassem 60 matriculados.

Em 1880, Ignácio Tavares Noya lecionava no Limoeiro, onde foi também Delegado Literário.[ix] [x] Neste mesmo ano, em Pão de Açúcar, estava a professora Maria Fedrovinda Febrônia Labatut Nascimento.

Outra escola particular estava em funcionamento no ano de 1882, com a professora Maria Francisca de Souza lecionando para onze crianças do sexo feminino.

A professora Maria Custódia de Carvalho Feitosa[xi], à frente da Escola para o sexo feminino, tinha 59 meninas matriculadas e uma frequência de 43. Em 5 de agosto de 1884, a professora Maria Alves Paes Barreto foi nomeada para reger, interinamente, a 2ª cadeira do sexo feminino. Neste mesmo ano, o Aluno-mestre (espécie de Monitor) Manoel Martins dos Santos, foi nomeado pelo Presidente da Província, por ato de 30 de julho de 1884, para assumir interinamente a Segunda Cadeira de Pão de Açúcar no impedimento do Professor Efetivo. Tornou-se Efetivo em 1894, lecionando em Entremontes e, em 1896, em Piranhas.

Por volta de 1888, passaram pelas cadeiras de Pão de Açúcar as professoras Angélica Rosa da Silva Pita[xii] e Anna Leitão de Jesus[xiii].

Lá pelo ano de 1891, lecionavam os professores Maria Francisca de Moraes Sarmento, Ignácio de Moraes Sarmento, que regia a 3ª classe Sexo Masculino, Adelaide Virgínia de Araujo Gondim que, em 23 de março de 1892, foi removida para Paulo Affonso (Mata Grande). Em setembro de 1894, foi aposentada.

Em Campo Alegre (Meirús), lecionavam os professores Laurentino Irineo de Oliveira Maciel, irmão de Feliciana Emília Maciel de Carvalho  (filhos de Roberto Gomes Pereira de Carvalho e Anna Carolina de Oliveira Maciel; e avô materno de Aldemar de Mendonça, “seu Dema”), em 1894; Elysa Gaston Leite, que foi casada com Bellarmino Elvídio Leite., em 1889. Na Ilha do Ferro, Maria Jesuina da Costa, em 1894.

Corria o ano de 1896, quando eram professores Amélia Balbina da Soledade Menezes, que em 23 de março de 1892, foi removida de Paulo Affonso (Mata Grande) para Pão de Açúcar; Jovino Pereira da Luz, que em 25 de janeiro de 1896, foi nomeado pelo Governador Barão de Traipu; Dorcelina d'Annunciação Lima; Anna Rosa do Sacramento Borges Cândida Baptista de Araújo, casada com Tertuliano Soares Pinto, que houvera sido removida de Viçosa em 4 de novembro daquele ano.

No final do século XIX, existia em Pão de Açúcar o EXTERNATO HILÁRIO RIBEIRO, dirigido pelo Prof. Jovino Pereira da Luz. Esse estabelecimento dedicava-se ao ensino de primeiras, letras, português, Francês, Latim, Geografia e Música. O nome do estabelecimento era uma homenagem ao educador e escritor brasileiro Hilário Ribeiro de Andrade e Silva (Porto Alegre, 1º de janeiro de 1847 — Rio de Janeiro, 1º de outubro de 1886).

Em anúncio publicado no jornal O Puritano, que se editava em Vila Nova (atual Neópolis), Estado de Sergipe (2 de outubro de 1899), informava-se que a esposa do Diretor, Sra. Aristhéa Leite de Carvalho Luz, recebia também alunas para o ensino de primeiras letras e prendas domésticas. Dona Aristhéia, natural de Anadia, era filha de Maria de Souza Carvalho e do Capitão Baldomero Pereira de Carvalho Gama, que foi o primeiro Tabelião e Escrivão de Órfãos da Comarca de Pão de Açúcar, além de proprietário de uma padaria. Ele era filho do Major Azarias Carlos de Carvalho Gama, e faleceu em Anadia, a 30 de janeiro de 1890.

Em 1905, estava o professor João Antônio de Medeiros Peixoto Junior, filho de João Antônio de Medeiros Peixoto e Francisca Rozalina da Silva Medeiros, e casado com Francisca Rozalina Da Silva Medeiros.

Em 1906, funcionava o Externado Rui Barbosa, sob a direção do Professor Lucilo Mesquita. Da banca examinadora participavam o então acadêmico Bráulio Cavalcante e o padre José Soares Pinto. Este, por sua vez, fundou junto com o Professor João Hypólito de Souza[xiv], em 25 de janeiro de 1911, o Colégio Paroquial, que funcionava na antiga Rua Duque de Caxias (hoje Rua Vereador Antônio Machado Guimarães). Esse colégio oferecia gratuidade para filhos de pais reconhecidamente pobres e desconto de 25% para pais que matriculassem mais de dois filhos.

Hypólito de Souza também dirigia a “Escola 16 de Setembro”, com curso primário e elementar, exclusivo para o sexo masculino, das nove horas da manhã até as três da tarde. A partir do dia 15 de julho de 1910, iniciou aulas noturnas para rapazes que, durante o dia, aprendiam algum ofício. Oferecia cursos superiores de Português e Aritmética e ligeiros conhecimentos da língua francesa. Tudo ao preço de 2$000 (dois mil réis) mensais.

Ainda na primeira década do Século XX, havia também o Colégio Sagrado Coração de Jesus, dirigido pela Professora Alcina Canuto[xv].

A professora Alcina Mangueira Canuto. Foto do acervo pessoal de sua filha Alba Barbosa Canuto Imbassay..


Em março de 1910, o professor José Soares de Albuquerque abria a Escola 1º de Março, que funcionava na Rua do Comércio, nº 25, hoje Av. Bráulio Cavalcante. Já em outubro de 1911, achava-se ele lecionando aulas noturnas, de ensino primário intuitivo, das 18:00 h às 2:00h, na antiga Rua Augusta, hoje Pe. José Soares Pinto.

Em 1915, funcionavam 9 escolas públicas, sendo 4 na Sede (com as professoras Maria Felicíssima Possidônio dos Santos[xvi], Joanna Amélia Romeiro, Alice Menezes de Mesquita[xvii], Guiomar Sampaio Bezerra) e Cecília Maria dos Anjos Campos, e 5 no interior: Limoeiro (professora Georgina Cardoso[xviii]), Campo Alegre (professor Ernesto Pereira de Mello), Jacaré (professor José Joaquim Ferreira Barbosa), Torrões (Professor Agripino Mello) e Jacarezinho (professor João Gomes da Silva).

Em 1927, exerciam suas funções as professoras Anna Vieira Conde, Maria Felicíssima Possidônio dos Santos, José Bento Lima, Annete de Mesquita Cavalcanti e Alba de Mesquita Cavalcanti.

Em 1929, quando era prefeito o Pe. José Soares Pinto, a Instrução Pública era composta por uma “Junta Escolar”[xix], cujo Inspetor era o Sr. João Vieira Damasceno Ribeiro. Como tesoureiro, João Firmo Castro; e secretário, Octávio Brandão.

Professores/professoras: Rosália Sampaio Bezerra, Maria José Feitosa, Alzira M. de Almeida, Asthéria Mello. Na Ilha do Ferro, o prof. Manoel Alves da Costa Lima, que dá nome à Unidade Municipal de Ensino daquela importante localidade. Nos Torrões, então pertencente a Pão de Açúcar (hoje a São José da Tapera), a professora Agripina Mello. Em Campo Alegre (Meirus), a professora pública Maria da Glória Lyra, Em Campo Alegre (Meirús), lecionavam os professores Laurentino Irineo de Oliveira Maciel, em 1894; Elysa Gaston Leite, que foi casada com Bellarmino Elvídio Leite., em 1889. Na Ilha do Ferro, Maria Jesuina da Costa, em 1894.

Na Escola Municipal, lecionavam os professores Josino Maranduba, Clarisse Pinheiro e Clarisse Gabriel.

O Prof. Antônio de Freitas Machado, fundador e diretor da Escola dos Escoteiros. Foto: acervo da família.


Havia também o Colégio dos Escoteiros, dirigido pelo Prof. Antônio de Freitas Machado, que também era professor de matemática e português, além de Octávio Brandão, João Marques de Albuquerque.

Sobre o Colégio da Associação dos Escoteiros Católicos do Brasil, há importante relato de Gervásio Francisco dos Santos, em seu livro UM LUGAR NO PASSADO.

Segundo ele, a Escola foi fundada para funcionar em anexo ao Tiro de Guerra nº 656. Além do Prof. Antônio Machado e do Sr. Octávio Brandão, eram professores: Manoel Oliveira dos Santos (telegrafista); os sargentos José Ferreira Brabo, Eurípedes, João Maximino; os srs. Lucilo Mesquita, Lauro Marques de Albuquerque e João Marques de Albuquerque.

O inspetor de alunos era o Sr. Dionísio Barros, substituído depois pelo Sr. Antônio Aragão.

Foram seus primeiros alunos: Davidson Bezerra (1º aluno da Turma), Florisberto Rodrigues de Barros, Joaquim Ignácio de Barros, Ronalço Vieira dos Anjos, Adalberto Bião, João Francisco da Silva, Luiz Ignácio, Fernando de Mendonça, Durval de Mendonça, José de Araújo Costa (Zé de Meninha), Josias Sátiro, Sílio Rego, Gilberto Soares de Mello (Cocadinha), José Gonçalves Filho, José Profeta Sobrinho (Carvão), Francisco Pastor da Veiga, Aurélio Brandão, José Ferreira de Mello (Zuza Ourives, conhecido líder político do povoado Retiro, hoje Palestina), Basílio Mamede, Manoelzinho Mamede, Antônio Mendes Guimarães, Osmar Sarmento, Eduardo da Silva Pereira, Aluízio Tavares, Geraldo Tavares, Alaôr Queiróz, Esmeraldino Marques de Albuquerque, Antônio Andrade (Antônio Biana), Eloy Moura, Jofre Mello, Jessé Pereira, Manoel Henrique (Manoelzinho Uruu), João Seixas, Juca Seiras, Adail Simas (Dadai), Rosalvo Pinto Filho (Rosalvinho), Eneas de Abreu, Manoel Lourenço (Mané do Padre), José Machado de Andrade (Zé Machado), Luiz Machado de Andrade (Luizinho), Luiz Machado de Lima (Lula), Humberto Pinheiro Machado, Eneas Mello Vieira, Gervásio Francisco dos Santos, Juarez Mello (Nininho), Hélio Pinheiro Machado, Cornélio Brito e Antônio Monteiro (Antônio de Orlando).

O Colégio Independência, do Professor Haroldo Salathiel Canuto[xx], funcionava, na década de 1930, na Av. Bráulio Cavalcante.

ESCOLA DO PROF. HAROLDO CANUTO. 

DO ALTO PARA BAIXO:

Primeira fila: 1. José Marques de Albuquerque; 2. Hélio Pastor Cruz (padre); 3. Erichson Ávila Almeida (Lito); 4. José Ramos de Souza (músico); 5. Luiz Machado Tavares (Eng. Civil); 6. Otávio Tavares Vieira (Eng. Agrônomo); 7. Virgílio Fonseca Filho (ex-combatente-1945); 8. Érico de Freitas Machado (Eng. Agrônomo); 9. Heitor Ávila Almeida; 10. Dermeval de Campos Lisboa; 11. Não identificado.

Segunda fila: 12. Danúbio Ferreira (barbeiro); 13. José Barbosa de Medeiros; 14. José de Freitas Lima (Oficial aviador reformado); 15. Antônio Maia Lima; 16. Antônio da Silva Maia Filho; 17. Ariston Rego Pinto; 18. Humberto Melo Barbosa; 19. José de Góis Cavalcante; 20. Salvador Mendes Guimarães (herói da 2ª Guerra Mundial).

Terceira fila: 21. Francisco Pastor Cruz; 22. Olavo de Freitas Machado (Eng. Agrônomo); 23. Francisco (filho de Pedro Merêncio); 24. Maria Vieira dos Anjos (filha de Inocêncio Vieira e d Otília dos Anjos); 25. Maria (sobrinha do Prof. Haroldo S. Canuto); 26. Evalda Vieira de Carvalho; 27. Angelita Oliveira; 28. Ivete Gonzaga; 29. Arício Rego Pinto; 30. Gessé de Góis Cavalcante.

Quarta fila: 31. Pedro Soares Vieira (filho de Inocêncio Vieira e d. Otília dos Anjos); 32. Heráclito Ávila Almeida; 33. Jugurta Gonçalves Lima; 34. Gervásio Francisco dos Santos (autor do livro Um Lugar no Passado); 35. Prof. Haroldo Salatiel Canuto (tabelião em Traipu); 36. José Pastor Cruz; 37. Massilon Gonçalves de Andrade; 38. Abel Machado Tavares (Eng. Civil); 39. Petronilo Nery da Fonseca.

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O professor Haroldo Salatiel Canuto. Foto do acervo pessoal de sua filha Alba Barbosa Canuto Imbassay.


Por volta de 1937/1939, lecionavam em Pão de Açúcar, no Grupo Escolar Bráulio Cavalcante, as professoras: Rosália Sampaio Bezerra, Angelita Lins de Albuquerque[xxi], Alcina Mangueira Canuto, Helena Calheiros Martins, Flora Calheiros Martins e Maria da Conceição de Paula[xxii] e o professor Pedro de França Reis.[xxiii]

O professor Pedro de França Reis.


Maria José Feitosa, conhecida por “Sinharinha Feitosa” (Limoeiro)[xxiv], Regina Emirantina Bello (Ilha do Ferro), Agripina Mello (São José da Tapera), Maria da Glória Lyra (Lagoa de Pedra), Helena Peixoto (Jacaré dos Homens).

Equipamento essencial à prática do ensino, fazia-se indispensável uma biblioteca. A primeira iniciativa nesse sentido coube à Sociedade Clube Literário Recreativo, fundada em 20 de junho de 1878 pelo Dr. Manoel Ronaldsa de Castilho Brandão, médico residente em Pão de Açúcar. Contava inicialmente com vinte e cinco sócios efetivos, dezoito amadores, quatro beneméritos e sete correspondentes. A biblioteca contava, em 1881, com 341 volumes.

Já em 1889, o jornal O Trabalho, dirigido por Achilles Mello e Mileto Rego, organizou uma pequena biblioteca.

 

ESCOLA EM LIMOEIRO

Lá pelos idos de 1871, funcionava em Limoeiro uma Escola de Primeiras Letras para o sexo masculino, que houvera sido criada em 1868, pela Lei Provincial nº 483. Lecionava o Professor Aprígio Gonçalves de Andrade que, em 1872, foi substituído por José Gonçalves de Andrade Filho, nomeado em 20 de fevereiro daquele ano.

Em 1875, durante a presidência do Dr. João Vieira de Araújo, segundo Relatório apresentado à Assembleia Legislativa Provincial em 15 de março daquele ano, contava com 20 alunos matriculados, com frequência de 14. Era titular o Professor José Severiano da Silva Pinto, que ali se iniciara em 1873. Ocorreu, no entanto, que por Ato do Vice-Presidente da Província Pedro Antônio da Costa Moreira, este mestre foi permutado, em 1877, com o professor Leovigildo da Silveira Costa[xxv], que antes lecionava em Limoeiro de Anadia.

Não se sabe bem ao certo a razão, mas é de se supor que o dito professor, no magistério provincial desde 26 de setembro de 1871, não se portou como devia e, depois de insistentes pedidos da comunidade à Presidência da Província, acabou sendo removido para São Brás.

Em edição do dia 26 de maio de 1888, o jornal O Trabalho publica esta nota:

“A PEDIDO. Um ato de Justiça. Como pais de família desvelados pela educação daqueles que nos são mais caros, faltaríamos a um dever sagrado se, do alto da imprensa, não viéssemos render um preito de homenagem, um voto de gratidão ao Exmº Sr. Presidente da Província pela justa remoção que acaba de fazer ao ex-professor desta localidade Leovigildo da Silveira Costa; pois o referido professor, no decurso de 10 ou  11 anos que aqui lecionou, em vez de tornar-se um verdadeiro preceptor da mocidade, desviou-se do caminho do dever, levando os seus inocentes discípulos para o caminho do vício; de maneira que tornou-se inimigo de muitos pais de família, que viram-se na contingência de tirarem os seus filhos da escola.

Não queremos aqui descrever o seu abjeto procedimento nesta localidade, porque a dignidade e o pudor nos fazem calar. Entretanto, não podemos deixar de levar ao conhecimento dos pais de família da povoação de São Brás, para onde acaba de ser removido o referido professor, o seu procedimento para que tomem as devidas cautelas, dizendo-lhes ser este que para o bom entendedor, diz o provérbio, meia palavra basta.

Povoação do Limoeiro, 21 de maio de 1888.

(a) Muitos pais de família.”

 

Dá para notar que não foram poucas as peripécias do Sr. Leovigildo, tanto que, para o seu lugar, o Presidente da Província, Dr. José Cesário Monteiro de Barros, nomeia como professor efetivo o Padre Francisco Antônio Vianna[xxvi], ex-vigário de Mata Grande, que já havia lecionado na nossa querida Vila em 1868.

Superados esses percalços, a Escola de Limoeiro já tinha, em 1888, a professora Maria de Figueiredo Martins, com 30 meninos matriculados e uma frequência de 20.

Já na segunda metade do século XX, surgiram outros importantes estabelecimentos de ensino: o Ginásio Dom Antônio Brandão (acompanhado da Escola Normal Monsenhor Freitas e Escola Técnica de Comércio de Pão de Açúcar) e o Colégio São Vicente, dos quais falaremos em breve.

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No dia 22 de fevereiro de 1965, sob o governo do Major Luiz Cavalcante, foi inaugurada a Sede da 8º Inspetoria Regional de Ensino (depois denominada 8ª Coordenadoria Regional de Ensino, e atualmente 8ª Gerência Regional de Educação), em convênio com a USAID - United States Agency for International Development (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).

 

Em 10 de março de 1965, foi inaugurado o Grupo Escolar Pe. José Soares Pinto, em convênio MEC/USAID[xxvii]

Nesse mesmo ano, e sob a mesma fonte de recursos, foi feita uma reforma na Escola Isolada de Alecrim (Limoeiro). A escola possuía apenas uma sala de aula e uma residência para a professora, tendo no meio um espaço para recreio. Após a reforma, uma segunda sala de aula ocupou o lugar o espaço para recreio; e este foi construído em anexo.

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Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.



[i] Manoel do Rosário Ferreira. Fala provincial do Pres. Caetano Silvestre da Silva, 2 de fevereiro de 1843.

[ii] Esperidião Irênio de Caldas. Casado com Anna Maria dos Anjos. Teve uma filha chamada Amélia Caldas,  batizada em 28 de junho de 1866, na igreja de Nossa Senhora do Pilar.

[iii] Martiniano Álvares de Lima. Fala provincial do Pres. Antônio Coelho de Sá e Albuquerque, 1º de março de 1855. Casado com Maria Magdalena da Conceição. Teve uma filha chamada Antônia de Lima, nascida a 27 de novembro de 1886 e batizada na Igreja de Nossa Senhora das Graças, de Murici, em 23 de dezembro de 1886.

[iv] Fala provincial do Pres. Antônio Coelho de Sá e Albuquerque, 1º de março de 1855.

[v] Maria Senhorinha de Mendonça Lima. Filha de Manuel Wiz de Mendonça Lima e de Luzia Maria de Mendonça Jesus Lima. Foi batizada na Igreja de N. S. dos Prazeres em Maceió, em 6 de junho de 1853.

[vi] Aprígio José de Almeida Porto. Casado com Antônia Maria do Espírito Santo. Tinha uma filha chamada Domitila de Almeida Porto, batizada em 4 de setembro de 1870 na igreja do Rosário, Penedo-AL.

[vii] Lecionou em Pão de Açúcar em 1864 e foi removido para Traipu. Voltaria em 1876. Tinha uma filha chamada Ubaldina Capitulina Pereira Leite (casada em Propriá, em 1885, com Antônio Ferreira da Graça Leite. Foi jubilado em 21 de novembro de 1892).

[viii] 2ª Classe Sexo Masculino. Era natural de Santana do Ipanema, onde chegou para lecionar em 2 de fevereiro de  1877. Em 1895, foi nomeado Adjunto de Promotor em Pão de Açúcar. Faleceu em Pão de Açúcar, em 1906, aos 68 anos de idade. Foi também Advogado, Adjunto de Promotor Público em Pão de Açúcar. Colaborou em diversos jornais do Estado, inclusive em O Trabalho, de Pão de Açúcar. Era casado com Maria Francisca de Campos Mello.

[ix] Amanak da Província de Alagoas, 1880.

[x] Delegado Literário, encarregado da fiscalização do trabalho dos professores; depois chamado de Inspetor Paroquial e Inspetor Escolar.

[xi] Maria Custódia de Carvalho Pitombo. 2ª Classe Sexo Feminino. Casada com João Alves Feitosa e tinha um filho chamado Luiz Augusto Alves Feitosa (este casado com Emilia Marques Feitosa).

[xii] Angélica Rosa da Silva Pita. Jubilada em 1896.

[xiii] Anna Leitão de Jesus.

Em 1878 era professora em Assembléia (atual Viçosa) e depois em Atalaia. Em 1891, foi professora em Maceió e m 1894, foi nomeada pelo Governador para atuar como Regente no Asilo Nossa Senhora do Bom Conselho, em Maceió.

[xiv] João Hypólito de Souza. Nasceu em Pão de Açúcar, filho de João Hypólito de Souza e Maria da Glória Soares Pinto (esta filha de Manoel Soares Pinto e de Maria Carolina Soares Pinto). Foi casado com Anna de Oliveira Pinto (filha de Manoel de Souza Pinto e Francelina de Oliveira Pinto), e tiverem um filho de nome Olavo, nascido em Maceió a

[xv] Alcina Mangueira Canuto. Removida para o povoado Barra do Caçamba em permuta com Diomédia Prazeres dos Santos. Em fevereiro de 1923, por Ato do Governador Fernandes Lima.

[xvi] Maria Felicíssima Possidônio dos Santos. Nomeada pelo Barão de Traipu, então governador do Estado. Antes, em 1894, foi professora em Piaçabuçú.

[xvii] Alice Menezes de Mesquita. Esposa de Lucilo Mesquita, faleceu em 1927, em Pão de Açúcar.

[xviii] Georgina Cardoso. Falecida em 20 de fevereiro de 1917, primeira esposa de Ernesto Soares Vieira, avô de Afrânio Jorge Vieira.

[xix] Almanak Laemmert – Administrativo, Mercantil e Industrial, 1929.

[xx] Haroldo Salathiel Canuto, filho de Manoel Salathiel Canuto e Alcina Mangueira Canuto. Nasceu em Palmeira dos Índios-AL e faleceu em Traipu-AL, a 21 de maio de 1968. Casado com Alba Barbosa de Oliveira.

[xxi] Angelita Lins de Albuquerque. Nasceu em 20 de novembro de 1903, em Santana do Ipanema, Alagoas.  Filha de José Augusto Lins de Albuquerque e de Adelaide Vieira Damaceno. Ela se casou com Raul Paulino Da Silva em 25 de agosto de 1927, em Maceió-AL. Eles eram pais de pelo menos 1 filho e 1 filha. Ela faleceu em 27 de maio de 1978, em São Paulo, São Paulo, Brasil, com 74 anos, e foi sepultada em São Paulo-SP.

[xxii] Maria da Conceição de Paula. Concursada em 1938.

[xxiii] Pedro de França Reis. Filho de Marcionila de França Reis e Luiz de França Reis. Foi, por muitos anos, professor em Arapiraca, onde há uma Escola com seu nome. Aliás, ele próprio fundou o Instituto São Luiz, que funcionou por muitos anos, desde a década de 1950. 

[xxiv] Maria José Feitosa – Sinharinha Feitosa. Filha de José Alves Feitosa (pai de Juca Feitosa, do Cartório) e de Maria José de Mello Feitosa (filha de Manoel Antônio Soares de Mello-professor, e de Maria Francisca de Campos)

[xxv] Leovigildo da Silveira Costa. Faleceu a 22 de junho de 1910, em São Brás-AL, aos 62 anos de idade. Filho de Manoel Gratuliano da Costa e Maria Moura. Foi sepultado no cemitério de São Brás. Havia outra professora, em 1927, chamada Anna da Silveira Costa, possivelmente sua irmã.

[xxvi] Faleceu, aos 50 anos de idade, vítima de pneumonia, em 17 de setembro de 1907, em Santa Luzia do Norte, onde era pároco. Era natural de Alagoas (hoje Marechal Deodoro). Foi professor em Porto Calvo, em 1891.

[xxvii] Diário de Pernambuco, 31 de janeiro de 1965.



sábado, 18 de maio de 2024

A ILUMINAÇÃO PÚBLICA EM PÃO DE AÇÚCAR

Por Etevaldo Amorim

 

No princípio, era o breu. No interior das residências, candeeiros ou lampiões produziam aquela luz tênue, suficiente apenas para dar conta dos últimos afazeres do dia, antes do recolhimento. No máximo, as pessoas se permitiam reunir nas portas das casas, sobre as calçadas, a contar histórias ou mesmo observar o céu que, quando em poucas nuvens, exibia-se com magnífico esplendor.

Daquele observatório improvisado, vislumbrava-se uma grande variedade de astros: a Estrela D’Alva, o Sete-Estrelo, o Cruzeiro do Sul, As Três Marias, Os Três Reis Magos... Nas ruas, a escuridão era total, apenas amenizada nas noites de lua, quando se podia transitar sem o risco de uma pisada em falso ou uma topada em pedra traiçoeira.

Depois vieram os lampiões. Nas esquinas, confluência das principais ruas da cidade, um simples poste de madeira encimado por “uma caixa com armação de ferro, vedada por vidro nas quatro faces laterais; dentro desta, uma lamparina a querosene.”[i]

Na parte superior do poste, uma cruzeta, que servia de apoio para a escada utilizada pelo operador. Desde as dezoito horas, ou quando o sino da Matriz anunciava a “Ave Maria”, o encarregado desse serviço, por muitos anos o Sr. Antônio Damasceno Souza (Antônio Barateiro), dava início ao reabastecimento e ao acender dos lampiões, que permaneciam acesos até as vinte e duas horas.

Relembra Gervásio dos Santos, em seu livro UM LUGAR NO PASSADO:

 “Esse tipo de iluminação arcaica teve sua fase final no ano de 1926, quando surgiu a Empresa Elétrica, graças à mentalidade progressista do industrial José de Freitas Machado (Zuza Machado), que levou a Pão de Açúcar a evolução da civilização, abandonando a iluminação antiquada, adotando a moderna.”

Trecho da Rua Pedro Paulino (atual Cel. Manoel Antônio Machado).
À esquerda, um poste com um "lampião de gás". Pão de Açúcar, 1926

 Na foto acima, que mostra a Rua Pedro Paulino (atual Cel. Manoel Antônio Machado) tomada pelas águas do São Francisco, vindas da Praça do Bonfim.

Carente de pavimentação, a rua exige boas calçadas, feitas de pedra lameliforme xistosa, tão farta nos morros em grande parte da margem do São Francisco.

À esquerda, ereto, imponente, um rústico poste de madeira sustenta um lampião de gás, tal como descrito por Gervásio Francisco dos Santos, com a diferença de não estar localizado em uma esquina.

O Município, tendo à frente o Prefeito Manoel Francisco Pereira Filho (Manoelzinho Pereira)[ii], contratou com o Sr. José de Freitas Machado[iii] a iluminação elétrica da cidade, como informa a notícia publicada no jornal Diário de Pernambuco, de 23 de março de 1922.  Aliás, o Sr. Zuza conseguira, do Governo do Estado, isenção de impostos para montar a usina.[iv]

A essa época, Pão de Açúcar, assim como todas as localidades ribeirinhas do São Francisco, já se ressentia dos efeitos de uma das maiores cheias de sua história.

O transporte do maquinário, desde o porto de Penedo nas canoas “Philadelphia” e “Pão de Açúcar”, exigiu grande esforço e se constituiu em operação de grande risco.

O deslocamento da caldeira[v], a peça mais pesada, proporcionou momentos de perigo e tensão. Gervásio ainda detalha:

 “A locomoção dessa caldeira do porto para o local da sua instalação, na Praça do Bonfim (João Pessoa), se verificou colocando-a sobre toros de madeira e arrastada sob a ação de talhas[vi], acionadas por um grande número de homens. Trabalho esse lento e árduo, partiu do porto na Rua Ferreira de Novaes (Rua da Frente), seguindo as ruas Fernandes Lima (Bêco de seu Zé de Nenen[vii], Silva Maia (Bêco de seu Aprígio), trecho da Av. Bráulio Cavalcante (Rua do Meio), Bêco do Vapor[viii] e, finalmente, Praça do Bonfim (João Pessoa), onde foi instalada em um prédio ali existente, que anteriormente já foi adaptado às condições adequadas para o seu funcionamento.”

O prefeito Manoel Pereira Filho-"Manoelzinho Pereira"

O empresário José de Freitas Machado - "Zuza Machado"

O governador Costa Rego. 


Chegou, finalmente, o grande dia!

Em 7 de novembro de 1926, o prefeito Manoel Pereira Filho e muitas autoridades eclesiásticas, civis e militares, além do empresário, Sr. José de Freitas Machado e seus familiares, celebraram aquele momento histórico da cidade. O ponto alto foi a presença do Governador Costa Rego[ix], que partira de Maceió no dia 6[x], acompanhado de grande comitiva[xi]. O Chefe do Executivo Estadual, além de prestigiar a inauguração do serviço de iluminação pública, compareceu à cerimônia de aposição do seu retrato na sede do Tiro de Guerra 656[xii].


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Conta de energia elétrica da Empresa. Arquivo de Manoel Rego, fornecido por Juracy Rego.

Conta de luz de Manoel Rego:

Emitida em 31 de agosto de 1935, a fatura correspondia ao consumo daquele mês. A Empresa fornecia lâmpadas de 16, 25, 32 e 50 velas, sob as seguintes condições, impressas no verso conta:

“A Empresa não fornece lâmpadas novas sem lhe serem entregues as queimadas;

Para a boa conservação das lâmpadas, recomenda-se conservá-las apagadas, logo que não precisar de luz;

A Empresa não fornece energia elétrica aos assinantes que usarem lâmpadas e outros materiais que não forem comprados à mesma;

Só se atenderão reclamações feitas no escritório;

A empresa tem o direito de fiscalizar, em qualquer tempo, as instalações domiciliares;

O preço da luz domiciliar é de 200 rs por vela.

A Empresa interromperá o funcionamento da luz ao consumidor que não pagar suas contas dentro de 15 dias”

A usina de energia elétrica funcionava neste casarão, situado
na Praça do Bomfim. 


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 Essa empresa foi adquirida pela municipalidade, quando já pertencia ao Sr. Joaquim Rezende[xiii], e serviu á coletividade até 3 de agosto de 1963, quando foi substituída pela CHESF. Era sócio de Joaquim Rezende o Sr. Lauro Veiga.[xiv]

Segundo Aldemar de Mendonça, autorizado pela Lei nº 199, de 14 de outubro de 1952, o Poder Executivo adquiriu, por compra à firma Joaquim Rezende, a Empresa Elétrica, pela quantia de Cr$ 250.000,00 (Duzentos e Cinquenta Mil Cruzeiros), em três prestações anuais, sem juros. Isso ocorreu durante a gestão do prefeito João da Silva Maia (31/01/1951-27/11/1952).

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Foi assim por trinta e sete anos. Até que, com a construção da hidrelétrica de Paulo Afonso, a energia elétrica passou a ser distribuída pelo interior do Nordeste. A criação da CHESF e da SUDENE, bem como da Comissão do Vale do São Francisco, deram o impulso necessário ao desenvolvimento da Região.

Em 1959, sob o governo de Muniz Falcão, Alagoas deu os primeiros passos em suas políticas de desenvolvimento com planejamento.[xv] No ano de 1963, sob o governo de Luiz Cavalcante, a política energética do Estado ganhou grande impulso. Era prefeito de Pão de Açúcar, à época, o Sr. Ronalço Vieira dos Anjos (02/02/1961 a 31/01/1966).

O jornal Diário de Pernambuco, Recife, em edição de 23 de agosto de 1963, informa:

CINCO CIDADES ALAGOANAS VÃO TER ENERGIA

No final do mês, serão inaugurados os serviços de energia elétrica de mais cinco cidades do sertão de Alagoas: Santana do Ipanema, Jacaré dos Homens, Olho D’Água das Flores, Batalha e Pão de Açúcar, como parte do plano de iluminação total do Estado, para a atração de investidores do sul do país.

Os detalhes foram acertados, nesta Capital, entre o governador alagoano, General Luiz Cavalcante, e o Sr. Apolônio Sales, presidente da CHESF.

Durante o período de inauguração (cinco dias) todo o Executivo alagoano se transferirá para Santana do Ipanema.”

 

Com efeito, as inaugurações aconteceram: em Olho D’Água das Flores, no dia 27; Santana do Ipanema, no dia 28; Jacaré dos Homens, no dia 29; no dia 30, foi a vez de Pão de Açúcar. A de Batalha acabou sendo no dia 18 de dezembro.[xvi]

Na Zona Rural, Lagoa de Pedra e Meirús (então chamado de Campo Alegre das Flores), em 30 de junho de 1967.

Limoeiro foi o último dos maiores povoados a receberem esse serviço, em 1976. Enquanto esperavam, os limoeirenses eram assistidos por conjunto motor-gerador, iniciado durante a gestão do prefeito Elpídio dos Santos, continuado nas gestões de Ronalço dos Anjos, Augusto Machado e Antônio Gomes Pascoal. Esse serviço sofria frequentes interrupções, provocadas pelas constantes avarias do motor, apesar dos esforços do competente e abnegado mecânico Valdemar. Com a saída de Valdemar, sucedeu-lhe o Sr. José de Melo, conhecido por Zé de Atanázio.

Executados pela CEAL – Companhia de Eletricidade de Alagoas, durante do governo do Gal. Luiz Cavalcante (o “Major Luiz”), esses serviços implantados em 1963 vieram da SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste. Tanto que, em reunião do Conselho deliberativo, realizada no dia 4 de setembro, em Recife, Celso Furtado, em reunião da SUDENE, o presidente Celso Furtado informa que “cinco cidades alagoanas receberam energia de Paulo Afonso em agosto; entre elas Pão de Açúcar”.

Além disso, informou o economista em seu relatório, que foram destinados Cr 145.000,00 (cento e quarenta e cinco milhões de cruzeiros) para a implantação de linhas de transmissão, entre elas Palmeira dos Índios – Quebrangulo – Paulo Jacinto, em Alagoas.

 

Pão de Açúcar-AL, 30 de agosto de 1963. Inauguração da luz elétrica daCHESF. Ao microfone o Prof. Antônio de Freitas Machado, tendo à direita o radialista Luiz Tojal e o Deputado Federal Segismundo Andrade. Foto: acervo da família.

A solenidade de inauguração contou com a presença do Governador Luiz Cavalcante e do Superintendente da Comissão do Vale do São Francisco, Eng. João Gomes Sobrinho.


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NOTA 1.

O Sr. Josias Carnaúba.

Um leitor reclama: “Faltou citar o nome de Josias Carnaúba, irmão de Joab Carnaúba, que por muitos anos deu manutenção nos motores que geravam energia elétrica a partir da Praça do Bonfim”.

Para atendê-lo, e para nos aproximarmos o mais possível da verdade e da justiça históricas, cumprimos o dever de informar que se trata do Sr. Josias Carnaúba Matta.

Ele nasceu em Viçosa-AL, no dia 2 de agosto de 1918. Filho de José de Lima Carnaúba e Alexandrina Alves da Matta. Casado com Corália Nepomuceno Carnaúba. Faleceu em Recife-PE a 30 de janeiro de 1980 e foi sepultado em Santana do Ipamena.

Informações de familiares, conseguidas por meio do amigo Virgílio Wanderley Nepomuceno Agra, confirmam que ele foi, por muitos anos, encarregado de manter funcionando os motores instalados na Praça do Bonfim. Quando esses se tornaram desnecessários, ele foi residir em Santana do Ipanema, onde montou sua própria oficina.

Dona Corália e seus filhos Rômulo e Robson. Foto: acervo de Beatriz Carnaúba Paulsen, publicada no Facebook (Grupo Pão de Açúcar Antiga).


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NOTA 2

Relembramos também a figura do Sr Manoel Rodrigues Soares, conhecido por "Mané Leão", que também por muitos anos foi eletricista da CEAL. O nome "Mané Leão" ficou tão marcado, que desconhecíamos o seu verdadeiro, que aqui registramos por informações do seu neto Samuel, prestadas ao amigo Hélio Fialho.

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NOTA 3

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

 



[i] SANTOS, Gervásio Francisco dos. UM LUGAR NO PASSADO. Rio de Janeiro, Princeps Gráfica Editora, 1976. Filho de Luiz Francisco dos Santos e Olindina dos Santos, nasceu em Pão de Açúcar - AL a 19/06/1916  e faleceu no Rio de Janeiro – RJ em  17/09/1980. Advogado, funcionário público. Diplomado em Direito, membro da OAB.

[ii] Manoel Francisco Pereira Filho. Filho de Francisco Pereira de Mello e de Generosa Pereira de Mello. Casou-se com Josephina Pinto Pereira (filha de Seraphim Soares Pinto e Maria Oliva de Mello Pinto).  Administrou o município de 7 de janeiro de 1925 a 7  de janeiro de 1928.

[iii] José de Freitas Machado – Zuza Machado. Filho do Cel. Manoel Antônio de Freitas Machado e de Rosa Maria Machado. Nasceu em Pão de Açúcar-AL, no dia 25 de fevereiro de 1885 e faleceu em Penedo-AL, no dia 24 de fevereiro de 1958. Casou-se, em Propriá, no dia 5 de janeiro de 1923, com Rosa Seixas Brito (Filha do Cel. João Fernandes de Brito e Francisca de Seixas Brito).

[iv] Diário de Pernambuco, 3 de julho de 1926.

[v] A caldeira é um recipiente que possui como função a produção de vapor através do aquecimento da água. O vapor produzido pelas caldeiras pode ser utilizado para a alimentação de máquinas térmicas e geração de energia.

[vi] Talhas são usadas para arrastar ou levantar materiais pesados. Consiste em um mecanismo que compreende dois sistemas de polias. Onde um deles é fixo e o outro móvel.

[vii] Atual rua João Antônio dos Santos – calçadão).

[viii] Trecho da Rua Cel. Manoel Antônio Machado.

[ix] Pedro da Costa Rego, filho de Pedro da Costa Rego e  Rosa de Oliveira da Costa Rego, nasceu no Pilar – AL, a 12/03/1889 e faleceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia  06/07/1954).  Jornalista, Governador, Senador Federal, Deputado Federal. Governou o Estado de Alagoas de 12 de junho de 1924 a 7 de junho de 1928.

[x] Diário de Pernambuco, 6 de novembro de 1926.

[xi] Diário de Pernambuco, 4 de novembro de 1926.

[xii] Diário de Pernambuco, 22 de outubro de 1926.

[xiii] Joaquim Cruz Rezende. Filho de Manoel Cruz Rezende e Maria do Céu Rezende. Nasceu em Gararu-SE, a 12 de março de 1902 e faleceu em São José da Tapera, então município de Pão de Açúcar, a 28 de agosto de 1954. Administrou o município de 18 de agosto de 1938 a 8 de abril de 1941.

[xiv] Lauro Veiga de Araújo, sócio de Joaquim Rezende na empresa de energia elétrica. Filho de Pompeu de Araújo e Albuquerque Mello e de Ritta Veiga de Araújo. Casou-se, em Propriá-SE, em oratório particular, a 18/11/1941, com Edênia Carvalho Cury (filha de Elias Cury e Eponina de Carvalho Cury).

[xv] Pinto, Edberto Ticianeli. CEAL, a histórica Companhia de Eletricidade de Alagoas. Disponível em: https://www.historiadealagoas.com.br.

[xvi] Diário de Pernambuco, 15 de abril de 1969. 2016. 

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


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PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia