segunda-feira, 28 de outubro de 2024

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NOTÍCIA HISTÓRICA SOBRE O CÓLERA NO BRASIL

 Por Alfredo Brandão¹

Chegou a vez de Alagoas. 


Os fins de 1855 e os princípios de 1856 assinalam uma época sombria e trágica na história da nossa terra. A dor, o luto, o pranto, a viuvez e a orfandade espalham-se por todos os lados ante as vinte mil sepulturas cavadas pelo cólera-morbus no curso espaço de seis meses.


O Presidente da Província, o Dr. Antônio Coelho de Sá e Albuquerque, ao saber que o cólera se achava na Bahia, envidou todos os meios para evitar que ele invadisse o território alagoano. Infelizmente, todos os cuidados foram improfícuos: no dia 18 de novembro, o cólera aparecida em Piaçabuçu e logo no dia seguinte era observado em Penedo um outro caso, num operário de uma fábrica de óleo vegetal.


A epidemia – diz o Dr. Sá e Albuquerque em seu Relatório, começou com benigno caráter, fazendo poucas vítimas nos primeiros dias. Em 24 de novembro já grassava extensamente, desdobrando-se pelas margens dos rios, regulando a mortandade cinco por cento. Em fins do mesmo mês apareceu o primeiro caso em Jaraguá na pessoa de um correio vindo da cidade de Penedo. Então as notícias dos povoados das margens do S. Francisco chegavam a cada instante mais aterradoras. O cólera seguia rio acima. A linha de combate estendia-se desde Piaçabuçu até Piranhas, mais de 40 léguas de extensão. Em dezembro a epidemia estendeu-se para o centro e litoral e invadiu Coruripe, Barra de S. Miguel, Mata Grande, Anadia e Palmeira dos Índios. Corria o tempo e o cólera caminhava implacável por toda a Província. Sua marcha parecia abertamente pronunciada de Sul para Norte, não poupando um só dos lugares compreendidos na zona limitada pelos cursos dos rios S. Francisco e Mundaú.”


Na vila de Assembleia a moléstia apareceu no dia 6 de janeiro, tendo sido transportada de Quebrangulo. No dia 7 surgiram novos casos. No dia 8 o número aumentou assustadoramente e no princípio de fevereiro a epidemia já se achava açoitando palmo a palmo todo o município.


As devastações do Cólera em Alagoas ainda hoje são relembradas com horror – a moléstia havia assumido um caráter fulminante e estendia-se deste o tugúrio da miséria até a vivenda confortável do rico. As cidades desertas e silenciosas apresentavam um aspecto funéreo de tristeza e desolação. As casas fechadas só se abriam para dar passagem a enterros, e os rumores da vida pareciam ter se concentrado nos cemitérios, onde verdadeiras legiões de coveiros continuamente cavavam novos túmulos.


No centro, o povo aterrorizado e desanimado, não vendo na epidemia mais do que um castigo do céu, apenas procurava os meios de debelar o mal nas rezas, nas procissões e na penitência. Esse estado de depressão nervosa, essa certeza que todos tinham de ser feridos pelo flagelo muito concorreu, aumentando a receptividade mórbida de cada um, para que o Cólera produzisse tão vasto morticínio.


Nessa quadra dolorosa de provações terríveis, o povo alagoano soube perfeitamente compreender os seus deveres de humanidade e confraternização.


Os médicos, no dizer do Presidente da Província, foram verdadeiros heróis. Alguns entre estes os Drs. Roberto Calheiros de Mello e Manoel Rodrigues Leite e Oiticica, prestaram os seus serviços gratuitamente. Segundo uma estatística organizada pelo Dr. Thomaz do Bomfim Espíndola, Alagoas perdeu perto de vinte mil pessoas.


Em Pernambuco a epidemia apareceu no dia 13 de dezembro, na vila de Papacaça, onde morreu o Dr. Amazonas, cirurgião militar que por mandado do Governo seguira de Maceió para prestar serviços às vítimas. Em princípios de janeiro a moléstia chegou no Recife e atingiu o apogeu em 3 de fevereiro, quando matou 133 pessoas. Em toda a província o obituário elevou-se a mais de 37 mil.


Paraíba e Rio Grande do Norte também pagaram o seu tributo, morrendo na primeira província 16 mil pessoas e na segunda 4 mil.


Maranhão, Piauí e Ceará apenas foram visitadas pelo cólera na sua segunda explosão, a qual teve origem em 1862, no município de Goiana, em Pernambco. A causa dessa epidemia foi encontrada na exumação precoce de cadáveres em cemitério de coléricos.


Muitos pontos de Pernambuco foram novamente devastados. Em Cruangi a epidemia revestiu-se de um caráter apavorante, tendo prestado relevantes serviços na debelação do mal o alagoano, Major-Médico do Exército, Dr. Félix Moreno Brandão², o qual renunciou ao pagamento a que tinha direito. Do Recife, a segunda epidemia foi transportada para Maceió pelo brique Fidelidade e, estendendo-se para o interior, causou algumas devastações em Murici, Imperatriz, Assembleia e outros municípios.


A terceira epidemia brasileira começou na cidade do Rio Grande (RS) em 1867, após o desembarque de passageiros de um vapor procedente da América do Norte. Irradiando-se para Santa Catarina e Rio de Janeiro, estendeu-se logo depois para o nosso Exército, então em operações de guerra no Paraguai. Parece que o cólera foi para aí levado pelo vapor Teixeira de Freitas, que saíra do Rio com um contingente de duzentas praças.


Graças, porém, à atividade do corpo de saúde e as providências do General em Chefe, que mandou construir a duas léguas de Corrientes uma enfermaria para coléricos, a epidemia começou a diminuir e extinguiu-se de todo em poucos meses, apesar das condições especiais do meio onde ela tinha aparecido.

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Transcrito do jornal Gutenberg, 4 de novembro de 1910.

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NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

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Alfredo Brandão

¹ALFREDO DE BARROS LOUREIRO BRANDÃO. Nasceu em Viçosa – AL 19/02/1874 e faleceu em Maceió - AL 06/01/1944). Escritor, médico. Filho de Teotônio Torquato Brandão e Francisca de Barros Loureiro Brandão.

 ²DR. FÉLIX MORENO BRANDÃO. Nasceu em Mata Grande a 26 de novembro de 1825 Filho do Tenente-Coronel Anacleto de Jesus Maria Brandão e Maria Francisca da Conceição. Pai do historiador Moreno Brandão. Faleceu em Pão de Açúcar-AL no dia 24 de agosto de 1878.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

ALAGOAS – SUA FUNDAÇÃO E DE SEUS POVOADOS - SUBSÍDIO PARA A HISTÓRIA

 (a Adriano Jorge)

Por Pedro Paulino da Fonseca


Jorge Coelho de Albuquerque, segundo filho de Duarte Coelho e D. Brites, nascido em Olinda a 23 de abril de 1539, foi o terceiro donatário, mas não tomou posse. Com seu irmão Duarte, acharam-se na célebre batalha de Alcácer Quibir, em 4 de agosto de 1578 com o rei D. Sebastião, e ficaram prisioneiros dos Mouros, e por isso continuou no governo da capitania seu tio Jerônimo  de Albuquerque (irmão de D. Brites) até 1580, em que, por doente, passou a gerência a Simão Rodrigues Cardoso, sendo este, em 1591, substituído por Pedro Homem de Castro (procurador e sobrinho de Jorge de Albuquerque), governo que no ano seguinte passou a Felippe de Moura, que por sua vez, em 1596, foi substituído por Manoel de Mascarenhas Homem.

O bispo D. Antônio Barreiros assumiu interinamente a 2 de maio de 1599.

O 4º donatário foi Duarte Coelho de Albuquerque, Marquês de Bastos, Conde e senhor de Pernambuco, filho de Jorge Coelho, nascido em Lisboa a 22 de dezembro de 1591, que aí chegou a 21 de setembro de 1632 e com seu irmão General Mathias de Albuquerque tomou parte na luta contra os Holandeses, e escreveu as “Memórias Diárias” dos primeiros nove anos dessa guerra, e retirando-se para Lisboa em dezembro de 1638, faleceu em Madrid a 24 de setembro de 1658. Foi o último.

Conhecida a ordem dos senhores e governadores da capitania, prossigamos na história.

Foi em consequência do massacre do infeliz bispo D. Pero Fernandes Sardinha, em terras das Alagoas em junho de 1556, que ordens terminantes vieram então, para o extermínio do gentio Caeté, que ainda ocupava e dominava toda essa costa até o São Francisco.

Formou-se então a segunda bandeira dirigida por Jerônimo de Albuquerque (o torto-cunhado do primeiro donatário) e seu genro Felippe Cavalcante, que ainda com o auxílio dos Potiguares ou dos Tabayares, conseguiu persegui-los até o rio São Francisco, afastando-os da costa 50 léguas pelo interior adentro, serviço que prestou com risco o da vida, regressando para Olinda em 1557 com Maria do Espírito Santo Arco Verde, sua salvadora, filha do Chefe dos Tabayares, com quem casou, e na posse de toda a terra então por si conquistada.

O torto – assim chamado, pelo defeito que lhe ficou, como ter perdido um olho num dos ataques contra os Caetés e Tabayares, em poder dos quais caiu prisioneiro e fora salvo pela filha do chefe de uma das tribos, com a qual casou por gratidão e teve oito filhos, que perfilou, antes de casar com D. Felippa de Mello, o que fez por insinuação da Rainha D. Catharina à que obedeceu, e desta, não obstante a avançada idade, teve onze; ao todo, entre legítimos, perfilhados e ilegítimo, contava esse varão, tronco dos Albuquerques, vinte e quatro filhos quando gravemente enfermo fez testamento aprovado a 13 de novembro de 1584.

É esquisito e escandaloso o fato de haver esse fidalgo contraído segundas núpcias em vida de Maria do Espírito Santo, sua primeira mulher e sua salvadora, de quem já haviam tantos filhos! Coisas do tempo. Entre os filhos contam-se:

- Jerônimo de Albuquerque, fundador do Rio Grande do Norte, em 1597, e conquistador do Maranhão (donde lhe veio o apelido) em 1614, e faleceu ali a 17 de fevereiro de 1618, sucedendo-lhe seu filho Antônio de Albuquerque.

- D. Catharina de Albuquerque casou com Cibaldo Lins, de Porto Calvo, e tiveram filhos.

- D. Simôa de Albuquerque, que casou com Jorge Teixeira e foram pais de Simôa de Albuquerque, que casou com Belchior da Roza, pais de D. Joanna de Albuquerque, que casou com Francisco Berenguer, pais estes de D. Maria Cézar, que casou com João Fernandes Vieira; este casal não teve filhos.

Dito isto, prossigamos a nossa história.

Vê-se, portanto, que só então, com o afastamento do gentio um pouco para o interior, pode o colono português se estabelecer pela costa.

Disto também conclui-se que, antes desta segunda bandeira, toda a costa ainda permanecia sob o domínio dos selvagens, tanto assim que dois homens que escaparam com vida do naufrágio da galera que conduzia o Bispo mártir, e do poder dos Caetés, não foram ter a Porto Calvo, nem tampouco ao Penedo, por onde forçosamente passaram na rota em que seguiram em fuga para a Bahia.

Cita-se uma terceira bandeira em 1578, mas esta ao sul do rio São Francisco, em território de Sergipe, onde depois da conquista de Cristóvão de Barros, houve uma outra entrada dirigida por Cristóvão da Rocha e Rodrigo Martins.

Portanto é hipotética a versão de haver o 1º donatário Duarte Coelho, falecido em 1554, lançado os fundamentos de Porto Calvo e do Penedo.

Foram diversos os possuidores do território alagoano; uns obtiveram terras por conquistas, outros por concessões dos donatários, sempre com a condição de construir engenhos e fazer vila.

Diogo Soares da Cunha, morador em Lisboa, obteve em 5 de agosto de 1591, de Pedro Homem de Castro, fidalgo da casa real e governador Loco Tenente da capitania de Pernambuco por Jorge de Albuquerque Coelho, seu tio, as terras de Alagoa do Sul compreendidas em cinco léguas ao longo da costa, do porto do Francês até a Pajuçara (a contar da boca da lagoa Manguaba, três para o sul e duas para o norte), e sete para o interior, onde em 1596 lançou os fundamentos da povoação da Madalena, depois vila, comarca e cidade das Alagoas.

Escravos africanos fugidos do poder de seus senhores, formaram já então o mocambo da Serra da Barriga, que somente um século depois, em 1695, foi destroçado, quando já uma 2ª e 3ª geração de crioulos alagoanos, filhos e netos daqueles, formavam a célebre República dos Palmares. Aniquilado, mortos os chefes, foram as mulheres e filhos desses escravizados vendidos.

Diogo Soares, no ano de 1602, constituiu por seu procurador, o capitão-mor Henrique de Carvalho e para seu filho Gabriel Soares da Cunha, jovem ainda, obteve a nomeação de Alcaide-mor da vila da Madalena em projeto.

Diogo Gonçalves Vieira herdeiro de Miguel Gonçalves Vieira por escritura de 13 de abril de 1610, fez doação a Antônio Martins Ribeiro de uma légua de terras em quadra na ribeira do Mundaú, com a condição de levantar engenho e erigir povoação, que depois chamou-se Santa Luzia de Siracura, ou do Norte.

Gabriel Soares, Alcaide-mor de Alagoas, por escritura de 25 de novembro de 1611, concede a Manoel Antônio Duro, morador da Pajuçara, onde tinha uma casa coberta a telha, uma sesmaria de oitenta braças, aí na costa, com fundos a encontrar a lagoa do Norte, com a condição de fazer dentro de um ano, na povoação do Sumaúma (Taperaguá) uma casa de sobrado coberta de telhas; donde se conclui, que a povoação de Alagoas teve ali sua fundação, ou princípio.

Em  1614, Diogo Soares veio ao Brasil ver o estado de suas fazendas. Pouco mais viveu, sucedendo-lhe na posse seu filho Gabriel Soares, Alcaide-mor, que casou com D. Florência de Andrada, filha do capitão-mor Henrique de Carvalho e de sua mulher D. Maria de Abreu Bezerra.

Da sesmaria de Diogo Soares para o norte, às cindo léguas de costa, do Pajuçara a Parimpeira, com dez para o sertão, foram por Duarte Coelho de Albuquerque (4º donatário)  doadas a Miguel Gonçalves Vieira, Provedor da Fazenda de El-Rei, em cuja concessão consta que ficava compreendida a lagoa do Norte, com todas as suas terras circunvizinhas.

Jorge de Albuquerque Coelho já havia concedido ao Miguel Gonçalves Vieira cinco léguas na costa e oito para o sertão, a começar na costa de Santo Antônio Meirim, com a condição de repartir com os moradores, fazer vila e um engenho de fabricar açúcar.

Já antes havia concedido (não sabemos onde), légua e meia de terras a Leonardo Pereira da Cunha.

Em 1614, Fernão Vaz Freire teve por sesmaria duas ilhas no rio São Francisco – a Perocaba e a dos Ginipapos, e mais duas léguas em quadra ao longo da margem, a começar da posse de Leandro de Barros. Fez casa de sobrado na Perocaba e pôs currais de gado. Foi o primeiro povoador, pelo que ficou conhecida por ilha grande de Fernão Vaz Freire. De tudo fez doação aos Monges Beneditinos de que tomaram posse em abril de 1656.

Este João da Rocha Vicente era casado com d. Messias Barbosa, e foi sogro de Sebastião da Rocha Dantas, irmão este de Christóvão da Rocha Dantas, fundador da primeira matriz do Penedo, levantada com a Provisão do Bispo Dom Constantino Barradas, que faleceu a 1º de novembro de 1618 com dezoito anos de episcopado. Sebastião e Christóvão, pais e tios de Thomé, Valentim, Gonçalo e André da Rocha Dantas, este o fundador em 1670 da igreja matriz de Piaçabuçu, genro de Vasco Marinho Falcão, de Porto Calvo, e de sua mulher D. Ignez Lins de Vasconcellos, filha esta do velho Christóvão Lins; irmãos que tanto se esforçaram para a restauração da Capitania, secundando os esforços de João Fernandes Vieira.

Não há certeza de que as terras de Coruripe à foz do São Francisco fossem doadas a Belchior Álvares Camello, 1º Alcaide-mór do Penedo, mas é de crer que o fossem porquanto, aí instituíra diversas fazendas de criação, e foi um dos primeiros que obtiveram sesmarias nas margens do rio São Francisco.

O mestre de campo Pedro Gomes era possuidor de fazendas de gado nas margens do São Francisco, acima do Penedo. Pedro Gomes era pai de Antônio Gomes, que em 20 de outubro de 1687, casou com d. Maria Francisca Castello Branco, filha do desembargador da Bahia Pedro Unham Castello Branco e sua mulher d. Damiana da Silva, filha esta do Tenente Gonçalo da Silva Ferrão.

Antônio Gomes e sua mulher d. Maria Francisca tiveram Alexandre Gomes Ferrão Castello Branco, que residiu no morgado do Porto da Folha, instituído por seu avô.

Uma provisão de 17 de novembro de 1815 (Leg. Nabuco pat. 156) diz que: Não justificando José Joaquim Argolo Queiróz os requisitos necessários, para, por cabeça mulher, suceder na administração do morgado do Porto da Folha, sito no distrito da Vila de Propriá, cuja posse lhe confira o ouvidor da comarca de Sergipe, por falecimento de Pedro Gomes Ferrão Castello Branco, o julgara devoluto a real coroa.

Ao terminar o 16º século, o litoral do Brasil achava-se colonizado desde a Paraíba até São Vicente. Em progresso, ocupava Pernambuco o primeiro lugar, pela sua riqueza, demonstrada pelo seu demasiado luxo; tornou-se cobiçada.

Ao tempo da invasão holandesa, esse progresso é visível na planta levantada antes de 1645 por Barleos. Nela vê-se, que a então povoação e freguesia do Penedo, como a de Alagoas do Sul, eram conhecidas pelo nome dos seus oragos – Nossa Senhora da Conceição.

Acima do Penedo, perto da lagoa Upuba, vê-se nessa planta uma fazenda de criação de gado pertencente a Belchior Álvares Camello, e outra de Antônio Serra na margem esquerda do rio Piracaba; e a capela de Nossa Senhora do Loreto, na margem direita do Pripiré. A casa da residência de Belchior Camello está a margem do São Francisco pouco abaixo do Penedo.

Na margem direita do rio São Miguel ou Sinimby, como lhe chama, muito em cima, está a capela de Nossa Senhora da Ajuda.

Ao riacho que atravessa o campo grande do Francês, Barleos dá-lhe o nome de riacho de Pero Cabreira.

No limite Norte e lado ocidental da lagoa Manguaba ou Paraigera, como lhe chama Barleos, chagado a margem, vê-se o local do engenho – Velho – de Domingos Rodrigues de Azevedo por compra a Gabriel Soares da Cunha seu primeiro possuidor; nesse lugar se presume estar hoje assente a atual cidade do Pilar. Mais abaixo estão situados os Miya Velha e o de Nossa Senhora da Anunciação e São Gabriel, e na margem direita do Paraíba três: Santo Amaro, Nossa Senhora do Rosário e o Salgado ou Engenho Novo.

Está consignada a povoação de Porto Calvo, então conhecida por Santo Antônio dos Quatro Rios, tendo por orago N. S. da Apresentação.

A baía da Barra Grande está com a designação de Porto do Calvo. É de notar que aí era morador um indivíduo por nome Fuão Calvi.

Entre a margem direita do Mocaitá e a esquerda do Tatuamunha vê-lo a Mata Redonda, ou Mata do Rolo, como o vulgo a batizou, depois que serviu de teatro do desastre do exército sob o comando do general espanhol D. Luiz de Rojas e Borja, na batalha aí ferida a 18 de janeiro de 1636.

A meia légua da povoação, por trás do morro onde Amador Alvares tinha casa, estava o engenho de Francisco de Faria Alpoem.

No interior vê-lo traçado o caminho do itinerário seguido pelo d. Antônio Felipoe Camarão ao atravessar setenta léguas de sertão com o segundo êxodo de quatro mil infelizes em retirada forçada para Alagoas; e o que de Porto Calvo seguiu Bagnuôlo para ali, assim como, entre as nascenças do Suassuí e o Santo Antônio-meirim, assinalado o acampamento designado pelo nome – Barracas do Conde; não descobrimos a origem.

Nesse mapa é notável a alteração de nomes, mas já modificados, outros inteiramente alheiros à designação atual, pois Boacica está escrito – Piácica; Pióca, Tipióca; Satuba, Poriguassutiba; ao rio São Francisco, Parapitinga; ao São Miguel, Sinimby; a lagoa Manguaba, Paraigera; a ilha de Santa Rita, ilha da Misericórdia.

Sobre o território das Alagoas, diz o citado relatório de outubro de 1643 do diretor holandês do distrito:

“O Distrito das Alagoas da capitania de Pernambuco, tanto quanto os abaixo assinalados poderem saber por informações dos moradores que ainda ali existem, tem o seu começo no rio Santo Antônio Grande e estende-se ao longo do litoral para o sul até o rio São Miguel, compreendendo para o interior ou ocidente o que tenha sido povoado, por que não é costume, no Brasil, marcar limites para o  lado do sertão”.

Fala em primeiro lugar da Alagoa do Sul, o diz – “é a que melhor foi povoada”. Em seguida: “No tempo da primeira povoação (Sumaúma ou Taperaguá? Ou Alagoas reconstruída depois de incendiada em 1633?) foi seu primeiro proprietário Diogo Soares da Cunha, senhor do engenho Novo, a qual obteve por doação de Duarte de Albuquerque, como bem alodial, isenta de ônus, foros, etc. sendo duas léguas ao norte e três ao sul da barra das Alagoas, com sete para o sertão, e mais quatro léguas da foz do rio Paraíba para o sul e sete para o interior, de sorte que Diogo Soares ficou sendo possuidor de toda a Alagoa do Sul”.

Até 1672 não se tratou da reconstrução dela; só em fevereiro desse ano o então vigário Padre Antônio Coelho, com o procurador da irmandade de N. S da Conceição, Ambrózio Leitão, deram para isso os primeiros passos; mas em 1676, o capitão João da Fonseca, então capitão-mor, em substituição de Gonçalo Moreira da Silva, procurava ainda os precisos meios. Somente em 1755 tomou o Estado a si a continuação da obra começada, contratando-a com o advogado Manoel Pereira de Azevedo Fayardo. A torre ficou concluída no dia 19 de maio de 1822 e a 26 de outubro colodado o sino grande.

Diz ainda o citado relatório holandês: “Em seguida ficava outra meia légua pertencente a Belchior da Costa, que do rio São Francisco veio povoá-la.

“Depois estavam as seiscentas braças de Antônio Fuentas e meia légua de Simão André, que as abandonaram. Seguia-se meia légua do Capitão Manuel de Magalhães, e as seiscentas braças de Pedro Gonçalves.”

“Diogo Soares conservou para si as demais terras do lado do sul. Do lado do norte da lagoa, os possuidores as abandonaram por ocasião da passagem de Luiz Barbalho, e eram: começando do orlente, ou da pequena igreja (?) No morro da guerra?) a primeira doação de maia légua ao longo da costa foi feita a Manoel Gonçalves Evangelho.”

“A esta segue-se, meia légua doada a Nicolau Fernandes; meia légua a Marcos Torres, outra meia légua a Gonçalo Bernardes; a outra s d. Leonora Bezerra, residente no Rio São Francisco. Outra meia légua a Balthazar de Mattos; outra a Manoel da Fonseca; outra a Domingos Martins; e uma légua inteira ao padre Antônio Gonçalves. Foi esta a última doação feita por Diogo Soares da Cunha.”

“Por esse tempo (1643), toda essa parte norte da lagoa Manguaba achava-se inculta e deserta, porque os poucos que ficaram por ocasião da passagem de Barbalho se transferiram para as partes do sul, por causa dos negros dos Palmares.

“As terras da parte do ocidente são as do Engenho Velho, pertencente a Domingos Rodriguesde Azevedo.”

As ilhas que ficam entre as duas ilhas são: Da Massaguera, pertencente a João Esteves e por ele doadas a Misericórdia(?); Precária, habitada por Manoel de Caldas, com pastos para trezentos ou quatrocentos animais, e terras próprias para plantação de mandioca; e a ilhota defronte da entrada, habitada por um português e por um holandês paisano; e a que fica no ocidente desta pertencia a Gabriel Soares e era habitada por duas famílias portuguesas; e a do Porto situada no começo da lagoa do sul pertencente a Antônio Porto, que se ausentou.”

Não sabemos se esta é a ilha das Salinas chamada, comprada pelo síndico do convento Antônio de Azevedo Castro, por escritura de 3 de janeiro de 1707 ao padre Vicente Pereira. Este Castro era natural de Braga e casou a 29 de outubro de 1689 com Catharina Paes Landim, natural de Alagoas e filha de Manoel Landim e Catharina Paes.

Castro fora vereador da Câmara e síndico do convento. Catharina entrou para a ordem 3ª e veio-lhe depois o desejo de vestir o hábito, e como Catharina das Chagas e boa cristã, faleceu de bexigas a 31 de outubro de 1748. Castro já não existia; vestido de Ermitão, vivendo pelos matos, neste estado morreu.

“A ilha ao oriente da da Massagueira, situada entre a barra e o caminho do porto do Francês (diz o mencionado relatório), era ocupada por Antônio de Castro e sua família, com criação de gado. E a que fica ao oriente da barra, para a ponta do Jussara, não era habitada por terem os moradores se retirado para a Bahia.

“No verão, as lagoas conservavam-se sempre com sete a oito pés de profundidade, que no inverno elevaram-se de treze a quinze pés.

A barra nas grandes marés tinha de dez a doze pés d’água.

Diz Jaboatão, no seu Orbe Serafico, L. 1º, nº 291, pag. 397 A vila da Alagoa, por ficar às margens de uma formada pelas águas do oceano, que entrando na altura de dez graus, por barra, que terá de largura um bom tiro de canhão, a maneira do rio, e fazendo para dentro um largo bojo, a que chamam a Caixa, umas correm para o norte formando a lagoa assim chamada, e as que correm para o sul, depois de cinco léguas, formam a do sul ou Manguaba.

“Aí (continua o holandês) o vento soprando direto e constantemente do mar para terra faz quebrar as ondas sobre ela, tornando difícil a saída, a qual só se pode efetuar-se com o vento de terra e maré cheia, devendo guardar-se o concurso destas duas circunstâncias.

Alagoas, que além da sua população tinha em julho de 1635 agasalhado dez mil emigrantes de Pernambuco e Paraíba, e pouco depois mais quatro mil que pela fuga de Bagnolo , acompanharam a Camarão, com a fuga ainda de Bagnnolo para a Bahia, em janeiro de 1637, o êxodo foi total.

Em 1643, pelo citado relatório holandês, a população portuguesa que permanecia era apenas; “Na Alagoa do Sul, Gabriel Soares, senhor do Engenho Salgado; Matheus Correia de Britto, lavrador; Amaro Fernandes, feitor do capitão Willem Lamberse; Antônio Ribeiro, Estêvão Tavares e seu cunhado Antônio Cardoso, e João Rodrigues, todos com suas famílias; Domingos Rodrigues de Azevedo, senhor do Engenho Velho; João Bezerra seu feitor; Fernando de Souza, mestre ferreiro do engenho; Manoel Rodrigues, secretário do Tribunal dos Escobinos; Capitão Manoel de Magalhães, Gregório de Araújo, Gaspar Muniz, Gonçalo Affonso, Balthazar Soares, Simão Correia, Gaspar Gedos, Domingos Francisco, André da Rocha, José de Figueiredo, Antônio Jorge, Gaspar Luiz, Manoel Pereira, Henrique Tassel, Domingos Rodrigues Pereira, Sebastião Pereira, Francisco André, Francisco de Caldas, Antônio Muniz, Manoel Machado, Bráz da Rocha, Domingos Fernandes, Manoel Lopes, Antônio de Castro, Pero Rodrigues, Manoel de Caldas, Belchior Fernandes, Gonçalo Fernandes de Souza, Manoel João, Antõnio Pereira e Felippe Pereira, quase todos com família.

“Na lagoa do Norte; Manoel da Costa, Antônio Fernandes de Castilho, Domingos Pinto, Antõnio Mendes, João Videiro, Antõnio Martins Ribeiro e Hugbercht Cloet, senhores de engenhos, e Belchior Dias, feitor de Martins Ribeiro.”

Também eram moradores, pois em 7 de outubro de 1645 assinaram o termo de aclamação de João Fernandes Vieira para governador de Pernambuco: o vigário André Jorge Pinto, Arnão de Wollanda, Diogo Soares da Cunha, Fernão Soares da Cunha, Vasco Marinho Falcão, e o licenciado João Cabreira.

Depois da restauração de Portugal em 1640, a população de Alagoas aumentou alguma coisa com colonos remetidos por ordem de D. João IV.!

Nesse tempo, Alagoas tinha bastante gado, arroz, mandiocal, feijão, milho e açúcar, com o que não nos tornavam eminentemente dependente das outras capitanias em matéria de economia, e vivia-se como que separados totalmente delas; hoje com o açúcar e o algodão somente, não se pode prosperar, por não produzirmos os gêneros mais indispensáveis a vida, e assim vivemos manietados.

Se a produção dos gêneros de consumo fosse tal que chegasse para nós e ainda sobrasse para exportação, éramos ricos e felizes. O solo é fertilíssimo como poucos, o que nos falta é empreendimento e iniciativa.

Naquele tempo, rupriam-se forças como as do exército de Mathias de Albuquerque, e posteriormente as que foram bater os Palmarenses(*)

No presente século, que Alagoas já importava muita farinha para seu consumo (a de barca chamada), as forças de Cogosninho de Lacerda contra Pernambuco em 1817, as de Labatut em 1822 sobre a Bahia, e ainda as de Francisco de Lima em 1824 sobre Pernambuco, foram em Alagoas municiados de tudo, até cavalgaduras de oficiais e praças montadas e para condução de bagagens e trem bélico.

Parece certo que Alagoas terá em breve de agasalhar por muito tempo algumas centenas de consumidores e bons pagadores, e então veremos se o gado e mais gêneros de consumo bem como seus fornecedores se virão doutro Estado.

É o que faltava para prova da nossa infelicidade.

Gabriel Soares da Cunha, alcaide-mor da vila da Magdalena, faleceu anteriormente a 1660, sucedendo-lhe um filho menor. Fora casado com Dona Francisca de Andrada, filha do procurador de seu pai, capitão-mor Henrique de Carvalho e de sua mulher D. Maria de Abreu Bezerra, que tiveram os seguintes filhos:

Antônio de Andrada Carvalho, Mathias de Carvalho, D. Maria de Abreu.

Estes constituíram em grande número as famílias disseminadas pelo Cabreira, Campo Grande, Taperaguá, Massagueira, etc.

O meu amigo Dr. Domingos Pires de Freitas, uma vez disse-me que tendo casado três vezes em famílias e pontos diversos, teve por fim certeza de que as três eram parentes por consaguinidade, devido a ser a população originada de um só tronco.

Christóvão Lins – o velho – era casado com D. Adriana de Hollanda, filha de Arnão de Hollanda e dona Brites Mendes de Vasconcelos. Dona Adriana em 1647, ainda vivia contando 110 anos de idade, e abençoando filhos, netos, bisnetos, trinetos e quatrinetos”.

Christóvão Lins e D. Adriana tiveram:

D. Ignês Lins de Vasconcellos

D. Brites Lins de Vasconcellos

Rodrigo de Barros Pimentel era casado com D. Jerônima de Almeida de quem houve doze filhos.

Foram estes os fundamentos do hoje Estado das Alagoas.

(*) Houve quem sustentasse dezenas e mesmo cem homens a sua custa durante meses e anos.

É hipotética, portanto, a data em que se dá como a de terem sido elevadas a vilas as povoações de Porto Calvo, Alagoas e Penedo, por Duarte Coelho, 4º donatário a 23 de abril de 1636.

Duarte de Albuquerque Coelho, por Felippe 2º nomeado conde de Pernambuco e Marquês de Bastos, 4º donatário e governador de Pernambuco, irmão de Mathias de Albuquerque, e neto de Duarte Coelho Pereira, nas suas Memórias Diárias da guerra holandeza, nesta data diz:

Deixamos a povoação de Porto Calvo, que doravante trataremos por Vila do Bom Sucesso, que assim a titulou Duarte de Albuquerque, dando-lhe termo e jurisdição conforme os poderes e privilégios que El-Rei tinha para criar as que lhe parecesse.”

O mesmo fez com as povoação da Alagoa do Sul e do Rio São Francisco, chamando a primeira Vila da Madalena e a segunda de São Francisco.

Duarte de Albuquerque, em sua passagem por Porto Calvo, parece que não fez mais que reconhecê-la vila, o que fez também as outras duas, conformando-as e crismando-as, a primeira com o nome de Vila do Bom Sucesso, pelo alcançado em Porto Calvo, Madalena a segunda - Alagoas, e São Francisco à terceira - Penedo, e corrobora nossa opinião documento oficial onde se lê:

Tendo esta vila sua criação no ano de 1614” (Ofício do Senado da Câmara do Penedo em 1732) a El-Rei pedindo concessão de privilégios) e que fora erigida pelo Dr. Gregório Gomes Madeira, ouvidor de Pernambuco.

A dúvida prende-se ainda ao fato de que, naquele tempo (1636), já eram elas freguesias criadas anos antes, tendo Porto Calvo como vigário o padre Antônio Jorge Pinto e como coadjutor  o padre Antônio Pacheco da Silva, compreendendo dois curatos - São Bento e Camaragibe. Quando a Alagoas não constam os nomes dos primeiros vigários e somente que a matriz fora incendiada pelos holandeses guiados por Calabar. Quanto ao Penedo, era o Padre Antônio Martins seu vigário nesse tempo.

Se já freguesias, como não vilas, quando a condição principal da concessão dos territórios trazia a obrigação de criá-las, dando-se desde logo para esse fim as nomeações de alcaides-mores aos mesmos concessionários? Christóvão Lins, de Porto Calvo; Gabriel Soares, de Alagoas; Belchior Álvares Camelo, do Penedo.

Naquela data (1636), Porto Calvo contava já sessenta anos de fundação sob a influência de uma família rica e numerosa, já na posse do cargo de 4º alcaide-mor per juro hereditário estava Cristóvão Lins de Valsconcelos, neto de Christóvão, primeiro alcaide-mor.

Notável é que nem Porto Calvo ficou com o título de Bom Sucesso, nem Alagoas de Madalena, nem tampouco o Penedo, Vila de São Francisco.

Foram estes os fundamentos da ex-Província e atual Estado de Alagoas.

Janeiro de 1899.

PEDRO PAULINO DA FONSECA

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Transcrito do jornal Gutenberg, Maceió, edições dos dias 10, 11, 12, 14, 16, 18, 21, 23, 24, 26, 28,  de fevereiro de 1899.

NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

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Pedro Paulino da Fonseca

PEDRO PAULINO DA FONSECA. Nasceu em Alagoas(atual Marechal Deodoro) - AL em  06/07/1829 e faleceu no Rio de Janeiro - DF  em 16/11/1902). Governador, senador federal, militar.  Filho de Manoel Mendes da Fonseca e Rosa Maria Paulina Barros Cavalcanti. Em 1842, muda-se, com parte da família, para o Rio de Janeiro, onde o pai já estava residindo. Em julho de 1846 senta praça no Exército. Cursou a arma de Artilharia na Escola Militar. Reformou-se em 1859, por motivo de doença, como segundo-tenente. Era especializado em estudos de estatística.  Com a proclamação da República, foi nomeado coronel honorário. Nomeado, ainda,  primeiro governador de Alagoas, por seu irmão Deodoro, sendo empossado a 02/12/1889. Deixa o governo a 25/10 do ano seguinte, sendo substituído pelo vice-governador, Roberto Calheiros de Melo. Elegeu-se Senador à Constituinte e à primeira legislatura ordinária do Congresso Nacional (1891-93).  Eleito governador de Alagoas, no dia 12/06/1891, um dia depois da promulgação da Constituição Republicana do Estado, permanecendo somente por quatro dias, até 16 de junho, reassumindo no Senado e sendo substituído por Manoel de Araújo Góes, então vice-governador. Renuncia ao Senado em 21/10/1891, pelo fato de aquela casa legislativa excluir seu voto, tendo em vista ser, ao mesmo tempo, governador do estado, cargo a que também renuncia ao mesmo tempo. Antônio Paulino Limpo de Abreu, seu íntimo amigo, quando ministro da Indústria, chamou-o para exercer um cargo subalterno no ministério, a fim de poder manter-se e à família. Falece como coronel honorário do Exército Brasileiro e diretor da Casa de Correção do Rio de Janeiro.   Membro correspondente do IHGB (1883) como também do IAGA, onde assume em 06/10/1872, sendo desse último o patrono da cadeira 54 e, também, patrono da cadeira 2 da AAL. Obras: Memória Histórica da Fundação dos Conventos da Província das Alagoas, Rio de Janeiro: Tipografia de Pinheiro Cia. 1874; A Velha Cidade das Alagoas, Recordações de Suas Antigas Festas, Revista do IHGAL, v. 22, ano 1942, Maceió: 1942, p. 18-26; Memória dos Fatos que se Deram Durante os Primeiros Anos de Guerra com os Negros Quilombolas dos Palmares, seu Destroço e Paz Aceita em Junho de 1678, Revista do IHGB, t.39, p. 243; Rápido Esboço Sobre as Administrações Desta Província no Ponto de Vista Histórico, publicado no Diário das Alagoaspossivelmente em 1875 ( IAHA, sessão de 25 de setembro de 1875);  Relatório Com Que o Governador do Estado de Alagoas, Coronel Pedro Paulino da Fonseca, Passou a Administração ao 1o. Vice-Governador, Dr. Roberto Calheiros de Melo, em 25 de Outubro de 1890,  Maceió: Tip. Gutenberg, 1890. Na Revista IHGB, de 1872 a 1889, divulgou a série O Dia 16 de Setembro. Saudação à Província de Alagoas, Revista do IAGA, v. VIII, n. 2, abril./junho 1916, Maceió: 1916;  p. 105-129;  Apontamentos Para a  Biografia de Frei João Capistrano de Mendonça, Revista IAGA,v. I  n. 9, dez. 1876, p. 247-8;  Genealogia dos Galvões e Fonsecas, por Pedro Paulino da Fonseca, Revista do IAGA, v. II, n. 12, p. 49-50; Genealogia da Família de Christovão Lins Extraídas das Memórias de Roque Leme, Anotada Por Pedro Paulino da Fonseca, Revista do IAGA, v. II, n. 15, p. 164-167;  Genealogia dos Marinhos Falcões, Memória de Roque Leme e Notas de Paulino da Fonseca, Revista do IAGA, v. II, n. 16, p. 168; Lista Geral dos Presidentes e Vice-presidentes que Tem Tido a Província de Alagoas desde o Seu Primeiro Governador em 1818, Com as Datas de Sua Nomeações e Tempo Que Estiveram no Exercício do Governo, Desde 1822 a 1900,  Revista do IAGA, v. III, n.1, 1901, p. 113-135 e Revista do IAGA, v. IV, n. 01, ano 1904, p. 63-65; Um Batismo Póstumo, Lenda Alagoana,   Revista do IHGAL, v. 17, Ano 1933, p. 33-37; A  Velha Cidade das Alagoas, Recordações de Suas Festas, Revista do IHGAL, v. 22, Anos de 1942-1943, p. 18-26; Testamento Político; Alagoas e Minha Pessoa, Revista IHGAL, v. 36, 1980, Maceió: 1980, p.141-168;   Saudação à Província das Alagoas, publicado no número 210 do Diário das Alagoas( Sessão do IAGA de 27/09/1876); Saudação a Esta Província no Aniversário de Sua Criação,  publicado no Diário das Alagoas, Revista IAGA, sessão de 09 de outubro de 1877, p. 298.   Haveria inédito,  Genealogia de Algumas Famílias do Brasil (1878);  Memória da Fundação da Igreja de São Sebastião no Rio de Janeiro; Dicionário Histórico, Geográfico, Biográfico, Coreográfico, Cronográfico e Industrial da Província de Alagoas. 

Fonte: ABC DAS ALAGOAS, BARROS, Francisco Reynaldo Amorim de.

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia