sábado, 14 de novembro de 2009
CENTENÁRIO D’ A IDEIA
No dia 14 de novembro de 1909 circulava a primeira edição do jornal A IDEIA, tendo como proprietários Hypólito de Souza (Redator-Chefe) e Álvaro Machado (Redator-Gerente).
Portanto, há cem anos, na jutentude dos seus vinte e poucos anos, esses dois pão-de-açucarenses faziam prevalecer o que já era uma característica de Pão de Açúcar e de outras cidades ribeirinhas do São Francisco, sustentar um veículo de comunicação, com oficinas gráficas e tudo o mais, a despeito de todas as adversidades.
Definindo-se como “órgão literário, nocicioso e humorístico”, era publicado semanalmente, tendo como colaboradores os mais destacados literatos da época: Damasceno Ribeiro, Júlio Almeida, Ovídio Cabral, Álvaro Machado e outros, que se ocultavam sob pseudônimos como “K. Lunga”, “Armando”, “Dom Riozinho”... Na sua coluna dedicada à poesia, denominada “Escrínio Poético” e, depois, “Fonte de Castália”, desfilavam Damasceno Ribeiro, Júlio Almeida, Hypólito de Souza, Theóphanes Brandão, Ephifânio da Fonseca Dória, Nina Falcão, Rosália Sandoval, Mário Florival, dentre outros.
A partir de 27 de março de 1910, Hypólito de Souza deixa a sua redação e a partir de 3 de junho do mesmo ano passa a ser propriedade de A. Machado & Cia.
Embora não seja A IDEIA o pioneiro do jornalismo pão-de-açucarense – o primeiro foi o JORNAL DO PÃO D’ ASSÚCAR, fundado por José Venustiniano Cavalcante (pai de Bráulio Cavalcante), em 1874, é nossa obrigação comemorar este seu CENTENÁRIO, desejando que o seu exemplo possa ser seguido pelas novas gerações, especialmente nesses tempos de enormes facilidades tecnológicas.
A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR
PÃO DE AÇÚCAR
Marcus Vinícius*
Meu mundo bom
De mandacarus
E Xique-xiques;
Minha distante carícia
Onde o São Francisco
Provoca sempre
Uma mensagem de saudade.
Jaciobá,
De Manoel Rego, a exponência;
De Bráulio Cavalcante, o mártir;
De Nezinho (o Cego), a música.
Jaciobá,
Da poesia romântica
De Vinícius Ligianus;
Da parnasiana de Bem Gum.
Jaciobá,
Das regências dos maestros
Abílio e Nozinho.
Pão de Açúcar,
Vejo o exagero do violão
De Adail Simas;
Vejo acordes tão belos
De Paulo Alves e Zequinha.
O cavaquinho harmonioso
De João de Santa,
Que beleza!
O pandeiro inquieto
De Zé Negão
Naquele rítmo de extasiar;
Saudade infinita
De Agobar Feitosa
(não é bom lembrar...)
Pão de Açúcar
Dos emigrantes
Roberto Alvim,
Eraldo Lacet,
Zé Amaral...
Verdadeiros jaciobenses.
E mais:
As peixadas de Evenus Luz,
Aquele que tem a “estrela”
Sem conhecê-la.
Pão de Açúcar
Dos que saíram:
Zaluar Santana,
Américo Castro,
Darras Nóia,
Manoel Passinha.
Pão de Açúcar
Dos que ficaram:
Luizinho Machado
(a educação personificada)
E João Lisboa
(do Cristo Redentor)
A grandiosa jóia.
Pão de Açúcar,
Meu mundo distante
De Cáctus
E águas santas.
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Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)
(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937
(+) Maceió (AL), 07.05.1976
Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.
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PÃO DE AÇÚCAR
Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.
Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.
Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,
O pó que o vendaval deixou no chão cair.
Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste
O teu profundo sono num divino sorrir.
Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,
Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.
Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.
Teus jardins se parecem com vastos cemitérios
Por onde as brisas passam em brando sussurrar.
Aqui e ali tu tens um alto campanário,
Que dá maior relevo ao pálido cenário
Do teu calmo dormir em noite de luar.
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Ben Gum, pseudônimo de José Mendes
Guimarães - Zequinha Guimarães.
Etevaldo, você, com certeza nasceu para ser historiador, sabia? Adorei a informação histórica que você postou. Vale a pena! É de grande contribuição para todos. Eu fico felicíssima em saber que alguém se preocupa com esse tipo de pesquisa. Parabéns. À minha profissão, não há melhor fonte, sobre Pão de Açúcar, do que você. Vou perguntar a Homero Cavalcante se ele tem conhecimento de que foi o pai de Bráulio Cavalcante (seu tio-avô, o pioneiro do jornalismo na Cidade Branca... Um abração!
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