segunda-feira, 26 de agosto de 2013

NA PRAIA DA MINHA TERRA

                              Agrippino Ether

Ainda os vejo lá:
            os capacetes agitando,
            coqueiros do Sobral,
soldados,
                        de atalaia,
                                  guardando
                                        enfileirados
A enorme vastidão daquela praia.

O coqueiral!...
             De um lado —Jaraguá;
             do outro lado, tão bonita!
                        a cismar,
de verde toda enfeitada,
             naquela curva infinita,
             —a Pajuçara, sentada
na orla branca do mar.

No meio dessa esplêndida paisagem,
miragem,
             onde cantaram sereias,
              onde rolaram fetiches,
sobre o lençol tão branco das areias,
a reticência negra dos trapiches...

_________

Publicado na revista Fon Fon, Rio de Janeiro,
23 de janeiro de 1932.


Prof. Agrippino Ether. Foto disponível em:
 

AGRIPINO ALVES ETHER

(São Luís do Quitunde, segundo a informação da AAL. Solange Lages, no discurso de posse, pois o sucedeu, afirma ter nascido em Maceió AL 21/7/1886 (segundo Adalberto Marroquim), ou 23 ou 26/7/1885 ou 1887 - Rio de Janeiro RJ 23/10/1954) Jornalista, professor, dentista, advogado. Filho de Olímpio Dias Ferreira Ether e Francelina Alves Ether. Estudou no Colégio 24 de Fevereiro, depois no Seminário de Olinda e posteriormente no de Maceió, onde terminou o Curso de Filosofia. Bacharelou-se em Letras, no Liceu Alagoano, e logo depois, seguiu para a Bahia. Diplomado em Odontologia (1909), pela Faculdade de Medicina da Bahia. Retorna a Maceió, onde instala sua clínica, tendo sido o primeiro gabinete eletrodentário de Maceió. Mantém, contudo, sua atividade de jornalista, tendo sido um dos fundadores de O Semeador. Por razões políticas muda-se para o Rio de Janeiro. Forma-se em Direito, pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro (1930). Professor catedrático da Faculdade Fluminense de Medicina e da Faculdade Nacional de Odontologia. esta última da então Universidade do Brasil. Membro-fundador da AAL, sendo o primeiro ocupante da cadeira 28, da qual o poeta Franco Jatobá é o patrono. Secretario Geral do Instituto Brasileiro de Estomatologia (1935/36). Professor honorário da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Manaus. Faleceu, repentinamente, quando tinha sido escolhido paraninfo pelos doutorando da Faculdade Fluminense de Medicina. Pertenceu a sociedades científicas nacionais e internacionais. Um dos membros fundadores a Academia Brasileira de Odontologia. Patrono da cadeira n. 97 da Academia Brasileira de Medicina Militar. Dirigiu a revista Brasil Odontológico. Publicou: Inverno, 1920 (palestra literária); Ninféia, 1920 (palestra literária); Homenagem à Memória de Rui Barbosa. Discursos Pronunciados na Academia Alagoana de Letras, Maceió, 1923; Rui Barbosa, 1923 (estudo crítico); Cinzas (poesia); Mentira (poesia); Rictus Faciais no Crime; Moldagem em Prótese Buco-Facial, Rio de Janeiro, Ed. Pongetti, 1935; Silêncio, Rio de Janeiro, Empresa Número, 1931; Escute, Rio de Janeiro, Ed. Borsoi, 1938; Infecções em Foco, Revista Brasil Odontológico, 1925; O Molar dos Seis Anos, conferência na Associação Médica Cirúrgica de Alagoas, 1922; O Mercúrio nas Obturações Metálicas, Revista Brasil Odontológico, 1925; Odontologia ou Estomatologia, tese ao 2o. Congresso Odontológico Latino-Americano, Buenos Aires, 1925; A Luta Contra a Tuberculose, Revista Brasil Odontológico, 1925; Glândulas Endócrinas, livreto, 1926; As Infecções Dentárias. Brasil Odontológico, 3 (1-2): 5, jul. ago. 1926; O Câncer, Tese ao 3o. Congresso Latino-Americano de Odontologia, 1929; Pulpectomia versus Despulpação, Brasil Odontológico, 10(10); 170-172, abr. 1930 ; Um Dente Infectado Como Causa de Êxito Letal, Revista Farmacêutica Odontológica, (3):1/3, out., 1934; Com a .Vida Médica., livreto, 1934; Moldagem, 1935; Antro de Highmore, Revista de Farmácia e Odontologia, 1937; Fraturas Mandibulares, Revista Farmácia e Odontologia, p. 179, palestra no Curso de Preparação da Reserva Odontológica (1942-43); A Diafanização nos Domínios da Anatomia Patológica, Revista Farm. Odont. (88): 1-6, junho, 1948; A Diafanização: Sua Importância e o que a Mesma Nos Revela, (trabalho apresentado à Academia Brasileira do Odontologia (1952). In Agripino Ether (Necrológio), Revista do Sindicato dos Odontólogos do Rio de Janeiro, (2):32-42, out./nov. , 1954. Traduziu: Profilaxia do Câncer de Darier, Lemaitre e Monier, 1925; Cirurgia Oral de Francisco Pucci, 1929; Atlas Anatômico de Baillères, 1929. Teria deixado inéditos: Ururbu e Florilégio.

 
Fonte: BARROS, Francisco Reynaldo Amorim de. ABC DAS ALAGOAS. Disponível em: http://www.abcdasalagoas.com.br/public_html/verbetes


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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia