sábado, 5 de setembro de 2015

JOSÉ AMARAL, UM EMPREENDEDOR

Por Etevaldo Amorim

José Moura Amaral nasceu em Maruim, Estado de Sergipe, no dia 30 de janeiro de 1926. Filho mais velho de Nilo Amaral, também natural de Maruim, e de Odete Moura Amaral, nascida em Nossa Senhora das Dores, foi levado por estes para residir em Aracaju quando ainda tinha três anos de idade.
Na capital sergipana, iniciou como funcionário público estadual, no cargo de Operador, na Rádio Educativa, PRJ-6.
Chegou a Pão de Açúcar em 1949. No ano seguinte, instalou o famoso Bar e Sorveteria Rex, a famosa Galeria Rex, no ponto central da cidade, onde hoje se localiza a Casa da Construção. Para não depender da energia elétrica do precário sistema existente, instalou um gerador próprio, que lhe permitia iluminar também as esquinas adjacentes. Foi ele quem instalou a primeira lâmpada fluorescente em Pão de Açúcar.
Em 25 de setembro de 1938, foi inaugurado o Cine Teatro Pax, ex-Cine Teatro Moderno, que durante muito tempo foi propriedade da CEIL, Companhia de Energia Elétrica, de Joaquim Rezende e seu sócio Lauro Veiga. Quando José Amaral chegou, em 1949, o velho projetor estava quebrado e ele, que também entendia muito dessas coisas, foi logo contratado para consertá-lo, o que acabou por fixa-lo na cidade, tornando-se sócio naquele empreendimento. Tempos depois, esse cinema foi adquirido por Jurandir Gomes e passou a se chamar Cine Teatro Palace, passando depois à propriedade do Sr. Elísio Maia.
Mais tarde, em 16 de junho de 1963, em prédio adaptado, na rua Cel. Manoel Antônio Machado, 195, ele inaugura o CINE GLOBO. Algum tempo depois, o Sr. Nozinho Andrade lhe ofereceu o prédio onde se acha agora a Loja Mobilhar. Amaral construiu a marquise, adaptou o piso, enfim, criou as condições para um cinema de verdade.
O Cine Globo, de Amaral, mudou de nome quando passou a ser propriedade de Augusto César Andrade Cruz, hoje renomado radialista, empresário e agropecuarista.
Em novembro de 1953, organiza o Serviço de Autofalante denominado Departamento Publicitário Jaciobá, que fez o maior sucesso. Localizado na Av. Bráulio Cavalcante, retransmitia o noticiário da rádio Tupy, com as mais importantes notícias do Brasil e do mundo. Foi por ele, por exemplo, que os pão-de-açucarenses ficaram sabendo do suicídio do Presidente Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954, poucas horas depois do trágico acontecimento. Sua potência era tal, que chegava a ser ouvido, sobretudo à noite, até no povoado Ilha do Ferro. E com tal nitidez que as pessoas se davam ao luxo de mandar recados para os moradores de lá, na voz possante do locutor Raimundo dos Anjos, filho de D. Otília, do Caboclo.
Do seu casamento com Dona Iolanda, teve os filhos Célia, Murilo, Antônio, Mozart, Volney, Ilma, José e Diná.
De outro relacionamento, teve mais seis filhos: Reinaldo, Jâmisson, Aldo, Jakson, Leila e Lílian.
José Amaral atuou também na política, tendo sido eleito Vereador em 1961. Por duas vezes foi candidato a Vice-Prefeito pela UDN (União Democrática Nacional), em 1959, na Chapa do Sr. Ródio Machado Gonçalves, e em 1965, na do Sr. Jurandir Gomes. Naquela época, o Vice era votado nominalmente e Amaral quase vence o candidato de “seu” Elísio.
Foi ainda professor de Mecanografia, na Escola Técnica de Comércio de Pão de Açúcar.
 _____________
Extraído do livro Terra do Sol – Espelho da Lua, de Etevaldo Amorim, Ecos Gráfica e Editora, Maceió, 2004.

José Amaral, ainda nos tempos da Rádio Educativa, em Aracaju. (foto cedida pelo próprio, em 2004)

José Moura Amaral, professor em Pão de Açúcar. (foto Quadro de Formatura do Curso de Comércio)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

PUBLICAÇÕES
Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia