segunda-feira, 15 de março de 2010
DOM ANTÔNIO BRANDÃO
Hoje faz cem anos!
O centenário de um fato político é sempre motivo de regozijo e celebração. Neste caso, completado um Século da morte do primeiro bispo de Alagoas, vale registrar o fato como um dever perante a História e para fazer justiça à personalidade marcante que foi Dom Antônio Manoel de Castilho Brandão.
Nasceu em Mata Grande, a 14 de agosto de 1849. Filho do Major Antônio Manoel de Castilho Brandão e de D. Maria Barbosa da Conceição Castilho Brandão, foi batizado por seu tio, o Pe. Matias José de Santana Brandão, no dia 17 de setembro de 1849, na igreja de Nossa Senhora da Conceição, em sua terra natal.
Sua educação foi confiada aos avós paternos Anacleto de Jesus Maria Brandão e Maria Francisca, passando a residir em Pão de Açúcar, onde iniciou seus estudos primários, continuados em Penedo no Colégio N. S. da Conceição, mantido pelo Dr. José Próspero Jeovah da Silva Caroatá.
Seus estudos eclesiásticos foram feitos no Seminário de Olinda, vindo a ordenar-se no dia 30 de maio de 1874, no Ceará, por não haver bispo na ocasião em Pernambuco.
A sua primeira missa foi celebrada na matriz do Sagrado Coração de Jesus, em Pão de Açúcar, no dia 19 de julho de 1874. Foi pároco da Freguesia de Floresta, Estado de Pernambuco, de janeiro de 1875 a março de 1879. Daí em diante passou a paroquiar a Freguesia de Santana do Ipanema.
Em 20 de novembro de 1886, foi nomeado vigário da cidade de Alagoas (hoje Marechal Deodoro). Já em 7 de setembro de 1894, foi nomeado bispo de Belém, Estado do Pará, tomando posse somente em fevereiro de 1895, posto que só seria sagrado bispo em Roma, a 18 de novembro de 1894.
Com a criação da Diocese de Alagoas, em 1901, foi D. Antônio Brandão nomeado seu primeiro bispo, em agosto daquele ano, posto em que veio a falecer, em Maceió, no dia 15 de março de 1910.
Àquela época, estava à frente da Paróquia de Pão de Açúcar o Pe. Júlio Albuquerque, um dos mais importantes intelectuais do clero alagoano e um dos fundadores da Academia Alagoana de Letras. Na missa dominical do dia 21 de março de 1910, pronunciou uma eloqüente “oração fúnebre” (assim intitulada quando da sua publicação pelo jornal A IDÉIA), em que enaltece as suas qualidades:
“D. Antônio Brandão possuía, no seu caráter adamantino, uma força de vontade superior. Tinha, nos atos de justiça, sentenças de Salomão. Não via obstáculo quando se tratava de procurar o bem da religião, a cujo serviço dedicou-se, ininterruptamente, dando-lhe o melhor de sua robustez moral e as primícias de sua mocidade.”
“E hoje que, cheios de luto, assistimos a esta última homenagem que a religião nos inspira; hoje que juntamos a tristeza de nossas lágrimas à funérea luz desses círios, que também lacrimejando ornamentam este monumento de morte enviemos, do fundo do nosso coração, à porta do tabernáculo da Divindade, uma prece carinhosa e cheia de fervor, para que breve chegue ao trono de Jesus Cristo a alma imaculada do primeiro bispo de Alagoas e, das mãos de Deus, receba ele a palma da imortalidade e da eterna glória.”
A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR
PÃO DE AÇÚCAR
Marcus Vinícius*
Meu mundo bom
De mandacarus
E Xique-xiques;
Minha distante carícia
Onde o São Francisco
Provoca sempre
Uma mensagem de saudade.
Jaciobá,
De Manoel Rego, a exponência;
De Bráulio Cavalcante, o mártir;
De Nezinho (o Cego), a música.
Jaciobá,
Da poesia romântica
De Vinícius Ligianus;
Da parnasiana de Bem Gum.
Jaciobá,
Das regências dos maestros
Abílio e Nozinho.
Pão de Açúcar,
Vejo o exagero do violão
De Adail Simas;
Vejo acordes tão belos
De Paulo Alves e Zequinha.
O cavaquinho harmonioso
De João de Santa,
Que beleza!
O pandeiro inquieto
De Zé Negão
Naquele rítmo de extasiar;
Saudade infinita
De Agobar Feitosa
(não é bom lembrar...)
Pão de Açúcar
Dos emigrantes
Roberto Alvim,
Eraldo Lacet,
Zé Amaral...
Verdadeiros jaciobenses.
E mais:
As peixadas de Evenus Luz,
Aquele que tem a “estrela”
Sem conhecê-la.
Pão de Açúcar
Dos que saíram:
Zaluar Santana,
Américo Castro,
Darras Nóia,
Manoel Passinha.
Pão de Açúcar
Dos que ficaram:
Luizinho Machado
(a educação personificada)
E João Lisboa
(do Cristo Redentor)
A grandiosa jóia.
Pão de Açúcar,
Meu mundo distante
De Cáctus
E águas santas.
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Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)
(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937
(+) Maceió (AL), 07.05.1976
Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.
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PÃO DE AÇÚCAR
Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.
Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.
Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,
O pó que o vendaval deixou no chão cair.
Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste
O teu profundo sono num divino sorrir.
Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,
Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.
Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.
Teus jardins se parecem com vastos cemitérios
Por onde as brisas passam em brando sussurrar.
Aqui e ali tu tens um alto campanário,
Que dá maior relevo ao pálido cenário
Do teu calmo dormir em noite de luar.
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Ben Gum, pseudônimo de José Mendes
Guimarães - Zequinha Guimarães.
Adorei esta reportagem, peço permissão para copia-la e publicar no meu blog. Já tenho alguns escritos sobrfe ele, todavia esta é muito boa e propícia para o centenário, inclusive a foto que nunca tinha visto.
ResponderExcluirOi, Germano! Conseguiu!!!??? Pode reproduzir, será um prazer.
ResponderExcluirOi Etevaldo,
ResponderExcluirComo de costume, o texto é muito bom. Excelente subsídio aos colegas professore para a discussão e ensino da hitória de Pão de Açúcar.