quinta-feira, 9 de maio de 2013

NOTÍCIAS CURIOSAS II


Deu no jornal O ORBE, Maceió, 24 de abril de 1885:

“ESTRADA DE FERRO
DAS
ALAGOAS

Estando interrompida a navegação a vapor para o Pilar, resolveu a administração desta estrada fazer parar todos os trens na SATUBA, ponto mais próximo do Pilar.
Os senhores passageiros que vierem a cavalo encontrarão sempre carros para animais, podendo conduzir no mesmo trem suas cavalgaduras.
O trem chega a SATUBA todas as manhãs às 8 horas e 20 minutos e volta da SATUBA todas as tardes às 3 horas e 50 minutos”

Antecedendo o aviso, a Companhia que explorava a navegação nas lagoas publica um aviso:

“A EMPRESA DE NAVEGAÇÃO
DAS LAGOAS
A VAPOR

Cientifica ao público que está suspenso o respectivo serviço (sendo hoje a última viagem) em vista do termo do contrato que mantinha.

Jaraguá, 17 de abril de 1885”


Maravilha! A empresa de navegação das lagoas, que era a mesma da de trens, procura, para usar um termo atual, “fidelizar” o cliente. Em vez de cavalgar do Pilar até Maceió, o cidadão, embarcando com seu animal na Satuba, teria assegurada a comodidade de se deslocar na Capital em sua própria montaria.


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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia