terça-feira, 16 de julho de 2024

PÃO DE AÇÚCAR – DO FIM DA “ERA VARGAS” EM DIANTE – PARTE 2

Por Etevaldo Amorim

 No dia 3 de outubro de 1955, pouco mais de um ano após o suicídio do presidente Getúlio Vargas, realizaram-se eleições em todo o país.

Em Pão de Açúcar, os mais votados foram:

Para Presidente da República:           Juarez Távora:                        1.298 votos;

Para Vice-Presidente da República:  João Goulart:                          1.330 votos;

Governador do Estado:                     Afrânio Lages:                       2.010 votos;

Vice-Governador:                              Mário Mafra:                          2.009 votos;

Para Prefeito do Município:               Elpídio Emídio dos Santos    1.811 votos.

 

Fonte: MENDONÇA, Aldemar de. PÃO DE AÇÚCAR – HISTÓRIA E EFEMÉRIDES.

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Para Presidente, foi eleito o Dr. Juscelino Kubitschek, do PSD, com 3 077 411 votos (35,68%); ficando em segundo lugar o Sr. Juarez Távora, da UDN, com 2 610 462 votos (30,27%); e, em terceiro lugar, o Sr. Ademar de Barros, do PSP, com 2 222 725 (25,77%).

Para Governador do Estado, foi eleito o Sr. Sebastião Marinho Muniz Falcão, com 53.085 votos; e, para Vice-Governador, o Sr. Sizenando Nabuco de Melo, com 50.865 votos.

 

ELPÍDIO EMÍDIO DOS SANTOS                      DE 05/02/1956 A 31/01/1961

 

O Sr. Elpídio Emídio dos Santos

Concorrendo com José Rezende, “Seu Elpídio” venceu as eleições de 3 de outubro de 1955, obtendo 65% dos votos válidos (1.811 sufrágios).

Da sua gestão, iniciada em 5 de fevereiro de 1956, podemos anotar as seguintes realizações:

- inauguração do serviço de iluminação elétrica na Vila Alecrim (Limoeiro), em 30 de março de 1958; bem com do povoado Guaríbas (atual Monteirópoles) com motores a diesel/gerador.

 


- construção do cemitério do povoado Jacarezinho;

- conservação de estradas;

- compra de motores para ampliar o abastecimento d'água em Pão de Açúcar;

- saneamento de dívidas do município deixado os cofres públicos com superávit;

- compra de terreno ao Sr Antônio Velho para construção de uma fábrica de leite em pó onde está atualmente o bairro COHAB; fábrica que terminou sendo levada para a cidade de Batalha, por influência do Deputado Aloisio Nonô[i].

Em 4 de maio de 1960, sancionou a Lei  nº 282, criando o SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto.

Registre-se que, àquela época, não havia ainda o FPM, principal fonte de Receita da maioria dos municípios alagoanos. O Fundo de Participação dos Municípios só passou a integrar o arcabouço legal do país através da Emenda Constitucional nº 18, de 1º de dezembro de 1965 (feita à Constituição de 1946), em seu Artigo 11.

 A sua regulamentação veio com o Código Tributário Nacional (CTN – Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966), no seu artigo 91, e o início de sua distribuição deu-se em 1967.

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Efemérides no período:

No dia 21 de agosto de 1958, o Diretor do Ensino Comercial do Ministério da Educação aprovou Relatório relativo ao funcionamento da Escola Técnica de Comércio de Pão de Açúcar.[ii]

 Foi instalado o posto veterinário da Comissão do Vale do São Francisco.[iii]

Nessa época, Pão de Açúcar abrigava um Escritório do Banco Mercantil Sergipense S/A. (Diário Carioca, RJ, 22 de agosto de 1956). Este banco foi fundado em 1924 e tinha como diretores, a essa época, Cel. Gonçalo Rollemberg do Prado, Dr. Júlio César Leite e Dr. Moacyr Rabelo Leite.

Durante da sua gestão, em 1960, Pão de Açúcar, bem como toda a região ribeirinha do São Francisco, sofreu enormes danos em virtude da cheia, uma das maiores já registradas.

Como prova do esforço da Administração municipal em socorrer as vítimas, temos o telegrama enviado pelo prefeito Elpídio dos Santos ao deputado Segismundo Andrade, no dia 1º de abril daquele ano, publicado no DIÁRIO DE NOTÍCIAS, RJ, 2 de abril de 1960:

“Pão de Açúcar está vivendo momentos dramáticos. O rio São Francisco, atingindo as proporções da cheia de 1926, a maior já registrada nesta cidade, inunda ruas e casas, deixando desabrigadas milhares de pessoas. Inúmeras famílias já se transferiram para as cidades vizinhas, temendo catástrofe maior. A cidade está ilhada, estando submerso o aterro que a protege. A população, alarmada, constituída de gente humilde, desabrigada e faminta, aguarda providências urgentes pelas autoridades. Peço levar ao conhecimento da nação a situação aflitiva de nossa terra.”

De fato, a vazão máxima registrada naquela cheia foi de 14.449 m³/s. Entretanto, não há meios de comparação com a de 1926, uma vez que o registro histórico das vazões teve início justamente naquele ano, mas após a calamitosa enchente.

Enchente de 1960. Pão de Açúcar ilhada.

Antes de 1960, a maior registrada foi de 14.349 m³/s, em 1949; depois, apenas a de 1979 foi a que mais se aproximou, com vazão de 13.605 m³/s. Mas o que que mais contribuiu para que a cheia de 1960 provocasse tantos estragos, foi a rapidez com que as águas subiram e atingiram tão alto patamar.

A Vila Limoeiro, em 1968, ainda com os postes de madeira instalados na Administração do Sr. Elpídio dos Santos. Foto Jim Squires.


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Elpídio Emídio dos Santos. Filho de Orismídia Maria da Conceição, nasceu em Jacaré dos Homens, então município de Pão de Açúcar, em 23 de maio de 1909.

Em 19 de maio de 1935, casou-se com a Srª Elisabeth Rocha (filha de José Pedro da Rocha Pita e Adelina Reis Rocha), com quem teve uma filha.

Ficando viúvo, casou-se, em Guaribas (atual Monteirópolis), em 4 de outubro de 1942, com a Srª Lídia Monteiro Santos (nascida a 10/01/1014, filha de José Domingos Monteiro e Francelina Monteiro). Com ela, teve os filhos:

Paulo Monteiro Santos, Matias Monteiro Santos, Iêda Monteito Santos Pascoal, José Monteiro Santos, Jair Monteiro Santos, Maria Isabel Monteiro Alcântara, Maria de Fátima Monteiro Santos, José Gentil Santos.

Faleceu em Pão de Açúcar 12 de dezembro 1991.

Desfile escolar passando ao lado da Casa Santos, de propriedade do Sr. Elpídio, em Batalha-AL. Ao lado, a Loja Houly, de Daniel Houly.

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Nossos agradecimentos a Elpídio Neto, José Waldson e João Petrúcio Rodrigues pelas informações prestadas.

MANOEL PASTOR FILHO                                 DE 31/01/1961 A 01/02/1961

 

O Sr. Manoel Pastor Filho

Era Vice-Prefeito, quando assumiu o cargo de Prefeito até a posse do prefeito eleito Ronalço Vieira dos Anjos, em 2 de fevereiro de 1961.

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Foi agropecuarista e industrial. Mantinha uma fábrica de descaroçar algodão em São José da Tapera e outra em Pão de Açúcar, em sociedade com o Sr. Elisio Maia.

Conhecido por Nequito Pastor, filho de Manoel Pastor da Veiga e Ana Rosa d’Oliveira Pastor. nasceu em Pão de Açúcar no dia 23 de dezembro de 1909 e faleceu em 23 de janeiro de 1989.

Casado com Rosa Mendes Pastor, com quem teve os filhos: Manoel Mendes Pastor (Manelito), Hugo Maria Pastor, Clovis Mendes Pastor, David Mendes Pastor, Maria Mendes Pastor e Marlene Pastor da Silva. 

EFEMÉRIDES NO PERÍODO.

Quando viajava de Pão de Açúcar para Maceió, o Deputado Elísio Maia foi vítima de grave acidente. O Jeep em que viajava capotou ao quebrar a barra de direção, causando ferimentos no outro acompanhante. O deputado foi tratado no Hospital dos Usineiros.[iv]

 

RONALÇO VIEIRA DOS ANJOS                      DE 02/02/1961 A 30/01/1966

O Sr. Ronalço dos Anjos

Nas eleições municiais de 3 de outubro de 1960, foi vencedor o candidato do PSP – Partido Social Progressista, o Sr. Ronalço dos Anjos, recebendo 768 sufrágios, que representava 69% dos votos válidos, superando o candidato da UDN – União Democrática Nacional, Ródio Machado Gonçalves. Era candidato a Vice-Prefeito deste, o Sr. José Moura Amaral.

Na sua gestão, foram construídas as primeiras galerias de águas pluviais da cidade, precisamente em trecho da Av. Bráulio Cavalcante/confluência com a Rua João Antônio dos Santos (Beco da Farmácia).



EFEMÉRIDES NO PERÍODO:

- Nas eleições realizadas em 1962, foi eleito Deputado Estadual o Sr. Elísio da Silva Maia, pelo PSP – Partido Social Progressista, com 2.485 votos. A Assembleia Legislativa era composta, àquela época, de 35 deputados.

O Sr. Augusto de Freitas Machado, candidato pelo PSD – Partido Social Democrático, obteve 415 votos, ficando na suplência.

O pão-de-açucarense Segismundo Andrade foi reeleito Deputado Federal, Pela UDN – União Democrática Nacional, com 8.386 votos.

Foram ainda eleitos naquele pleito os Senadores: Arnon Affonso de Farias Mello, do                                   PDC, com 66.260 votos; e Rui Soares Palmeira                                                                      UDN, com 50.303 votos.

- 27 de agosto de 1963. Início do funcionamento da Residência Agrícola da Comissão do Vale do São Francisco, instalada na Praça José Clovis de Andrade.

- Agosto de 1963. Inauguração da energia elétrica proveniente da Hidrelétrica de Paulo Afonso, com recursos da SUDENE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, sob a presidência do economista Celso Furtado.

Além de Pão de Açúcar, foram beneficiadas: Jacaré dos Homens, Olho D’Água das Flores, Santana do Ipanema e Batalha.[v]

Pão de Açúcar, nessa época, abrigava uma agência (chamada “departamento”) do Banco Mercantil do Nordeste S/A.[vi]

O Prefeito Ronalço dos Anjos junto a funcionários municipais.

Na foto acima: 

Em pé: José Araújo Costa (Zé da Mena ou Zé de Meninha); João Machado Costa (Joca); Aloísio Guimarães; Sr. Cantionílio; Duduca.

Sentados: Sr.ª Êga; Sr.ª Noélia; o prefeito Ronalço dos Anjos; Dr. Waldemar da Guia; Agenor Mendonça.

Uma particularidade na Administração do Sr. Ronalço: segundo nos informou uma ex-servidora, ele juntava o subsídio a que tinha direito como prefeito e, ao final do ano, rateava entre os funcionários. Uma espécie de “décimo quarto salário”.

O Prefeito Ronalço dos Anjos acompanhando as obras de urbanização da Av. Bráulio Cavalcante.

O prefeito Ronalço dos Anjos visitando as obras de implantação de galerias de águas pluviais.


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Nas eleições realizadas em 3 de outubro de 1965, foram esses os principais resultados:

PARA GOVERNADOR:

Muniz Falcão:             1.060 votos

Ruy Palmeira:                332 votos

Arnon de Melo:             108 votos

Nota.

Muniz Falcão obteve, em todo o Estado, 59.285 votos; seguido de Rui Palmeira, com                       43.584; Arnon de Mello, com 27.391; Geraldo Sampaio, com 3.271; João Uchôa, com1.466.

Votaram 143.654 eleitores, em um eleitorado de 203.040. Como o mais votado não obteve maioria absoluta, conforme exigência da legislação eleitoral da época, foi nomeado interventor o Gal. João José Batista Tubino, que permaneceu no cargo até a eleição indireta do novo governador, em 1966 (Lamenha Filho). Fonte: ABC DAS ALAGOAS.

PARA PREFEITO.

Augusto de Freitas Machado (PSD):             910 votos

Jurandir Gomes da Silva (UDN):                  619 votos

Novamente como candidato a Vice-Prefeito, pela UDN, estava o Sr. José Moura Amaral. Nessa época, os eleitores votavam em Prefeito e Vice-Prefeito separadamente.

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Ronalço Vieira dos Anjos, filho de Serafim Vieira dos Anjos e Rosa Maria dos Anjos, tendo como avós paternos Manoel Antônio dos Anjos e Maria Madalena de Jesus e, maternos, José Ignácio Sampaio e Clemência Leite Sampaio.

Faleceu em desastre automobilístico no dia 21 de novembro de 1988.

 

AUGUSTO DE FREITAS MACHADO              DE 31/01/1966 A 30/01/1970.

O Sr Augusto Machado

Disputando com o Sr. Jurandir Gomes, o Sr. Augusto Machado, candidato pelo PSD - Partido Social Democrático, foi eleito em 3 de outubro de 1965, com 910 votos (60%), superando seu adversário, que obteve 619 votos (40%), de um total de 1.529 votos válidos. T
omou posse no dia 31 de janeiro de 1966.

No dia 16 de agosto de 1967 foi inaugurada a Agência do Banco da Produção do Estado de Alagoas.[vii] Na ocasião, o Estado de Alagoas era governado pelo Sr. Antônio Semeão Lamenha Filho.

Este banco foi criado em 2 de julho de 1963, durante o governo do Major Luiz Cavalcante. A ideia de dotar o Estado de um banco vinha desde 1954, por iniciativa do então governador Arnon de Mello, através de Decreto-Lei. Notícia do jornal A Noite (RJ), em edição de 2 de dezembro de 1954, dá conta de que o Projeto já tramitava há três anos na Assembleia Legislativa Estadual, e que o governo aguardaria disponibilidade orçamentária para instalar o banco no ano seguinte.

EFEMÉRIDES NO PERÍODO.

Às 19:00h do dia 28 de novembro de 1966, forte ventania fez voar pelos ares o teto do Iate Clube Pão de Açúcar.

 - Inauguração do Grupo Escolar Ana Thereza de Jesus, no povoado Meirus, a 3 de março de 1969.

Alunos perfilados diante do Grupo Escolar Ana Thereza de Jesus, construído na gestão do prefeito Augusto Machado.


No decorrer desse período, assumiu por 19 dias (de 19/07/1969 a 06/08/1969) o presidente da Câmara, Vereador Antônio Alves da Silva, conhecido por “Totonho Pampia”.

O Sr. Augusto Machado falando em reunião festiva.

Nesta foto, que parece representar uma comemoração, mas também pode ser a transmissão de cargo para o Sr. Antônio Alves da Silva, estão presentes: o Pe. José do Nascimento, os Srs. Augusto Machado, Antônio Alves da Silva, Ronalço dos Anjos, Pedro Lúcio Rocha (vereador), e o Sr. Joaquim Rodrigues, conhecido por “Joaquim do Vale”, por ser funcionário da Comissão do Vale do São Francisco.

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O Sr. Antônio Alves

Antônio Alves da Silva
, filho de José Vicente da Silva e Maria Rosa da Silva, nasceu em 1º de dezembro de 1900 e faleceu em 13 de julho de 1981. Casou-se com Francelina de Mendonça Silva (sobrinha do Pe. Antônio José Soares de Mendonça, primeiro vigário da Paróquia de Pão de Açúcar).





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NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.

Tratamento de imagens: Vívia Rodrigues Amorim.



[i] Aloísio Nonô. Eleito em 3 de outubro de 1958.

[ii] Diário de Pernambuco, 23 de agosto de 1958.

[iii] Correio da Manhã, RJ, 12 de abril de 1959.

[iv] Diário de Pernambuco, Recife, 8 de fevereiro de 1961.

[v] Última Hora, Recife, 5 de setembro de 1963.

[vi] Diário de Notícias, RJ, 31 de janeiro de 1966. O Banco Mercantil do Nordeste S/A foi o resultado da fusão com o Banco Comercial da Bahia, que incorporou o Banco Comércio e Indústria de Sergipe, mais tarde incorporado ao Banco Auxiliar de São Paulo.

[vii] O Jornal, Rio de Janeiro, 4 de agosto de 1967.





6 comentários:

  1. Muito interessante vê a nossa história contada desde outrora

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  2. Grata por retratar parte da história deste grande homem , que foi vovó Elpidio .

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  3. MARIA GORETTI BRANDAO PORFIRIO SANTOS17 de julho de 2024 às 07:26

    Parabéns, Etevaldo, sua dedicação à pesquisa é um legado importantíssimo à história da nossa região e da nossa gente! Bravo, amigo!

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  4. Eu considero Etevaldo como sendo o maior pesquisador da atualidade não só de pão de açúcar como um dos maiores de toda nossa Alagoas , que Deus lhe conceda vida e saúde para continuar esse grande legado ainda por longos anos

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  5. Nos nossos dias atuais. Etevaldo representa nosso acervo memorial baseado na pesquisa . Isto é maravilhoso de se ver. Parabéns meu querido. Você é DEZ!

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  6. Maravilha! Tô aproveitando para, além de enriquecer meus conhecimentos sobre o passado de minha terra, atualizar minha árvore genealógica pinçando os dados familiates expostos. Obrigado, Etevaldo!

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

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Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia