Por Etevaldo
Amorim
Considerado uma das mais destacadas personalidades do meio artístico
brasileiro nas primeiras décadas do século XX, este alagoano se notabilizou
pelo seu talento para a pintura, revelado ainda na sua juventude em Maceió como
discípulo do talentosíssimo Rosalvo Ribeiro.
VIRGÍLIO MAURÍCIO DA ROCHA nasceu em Lagoa da Canoa, então município de
Traipu, a 4 de abril de 1892. Filho do Coronel Antônio Maurício da Rocha e de
D. Maria José de Melo Rocha, tinha como avós paternos Manuel Maurício da Rocha
e Jardulina Maria da Conceição e, maternos, Bruno José de Melo e D. Rita da
Fonseca Barbosa.
O pintor Virgílio Maurício. Foto: Revista da
Semana, Ano XIX. Nº 12, RJ, 27 de abril de 1918, p. 21.
Cel. Antônio Maurício
da Rocha e D. Maria José de Melo Rocha, pai e mãe de Virgílio Maurício. Fonte: Revista Genealógica Latina,
Vol. 8, 1956.
Seu pai, o Coronel Antônio Maurício da Rocha, que foi Deputado
Provincial, era comerciante muito conhecido e acreditado em Lagoa da Canoa. Em
1897, mudou-se para Maceió estabelecendo-se em Jaraguá, na Rua do Saraiva, no
ramo de comissões e consignações, incumbindo-se de transações de compra e venda
de açúcar, algodão, couros e cereais. Em 1899, tornou-se proprietário da Loja
Louvre, na Rua do Comércio, 130. Essa loja era vizinha do famoso Café Colombo (que ficava na esquina da Rua do Comércio com a Rua Tibúrcio Valeriano, antigo Beco São José).
Antes, chamava-se Casa Silva Cravo & Cia, até ser inaugurada no dia 24 de
agosto de 1896, já tendo como proprietário José Custódio & Cia. Em 1º de
agosto de 1907, constituiu nova sociedade mercantil, em sociedade com Aureliano
Barbosa, denominada Maurício & Cia, localizada na Rua do Comércio, 122.
A Loja Louvre em 1905, essa com o poste à frente, de propriedade do
Coronel Antônio Maurício da Rocha, pai de Virgílio Maurício. Foto: Maceió
antiga: Disponível em: www.facebook.com/MaceioAntiga/photos.
Em 1905, o menino Virgílio entrava no 1º Ano do Colégio Diocesano, sob a
direção dos Irmãos Maristas, obtendo excelente aproveitamento nos exames. Ali
já participava nas atividades culturais e religiosas, como na visita do Bispo
D. Antônio Brandão ao colégio, no dia 29 de novembro de 1905, em que recitou “O
Livro e a América”, de Castro Alves.
Em 15 de maio de 1910, aconteceu, nos salões do Lyceu Alagoano, uma exposição
de pintores e pintoras discípulos de Rosalvo Ribeiro. Virgílio Maurício expôs
ali os trabalhos: “Velho octogenário”, “Demócrito”, “Depois de caça”, “Lavando
a boneca”, “Perfil”, “Estudo”, “Praia estrangeira”, “Neve”, “Pôr do sol”,
“Paisagem”, “Rosas amarelas”, “Limões portugueses”, “Malvaiscos”, “Os
cormorans” e “Ataque a um comboio”. Ao lado dele estavam: Joaquim Brígido,
Armênia Coelho, Maria José Mafra, Dulce de Vasconcelos, Laura Duarte, Lucila de
Vasconcelos, Nina Viana, Alice Duarte, Maria Almeida (Dandy). (Fonte: jornal O
Norte, órgão do Partido Civilista das Alagoas).
Seguiu, no dia 5 de julho de 1910, para o Rio de Janeiro, onde já
iniciara o Curso de Medicina[i].
Em 1911, cinco dos seus quadros já tinham sido expostos em Paris e no
Rio de Janeiro, obtendo valorosas premiações. (Fonte: Gutenberg, 19 de
fevereiro de 1911), mas sua primeira exposição em Maceió aconteceu na Sede da
Sociedade Perseverança e Auxílio, cujo vernissage
se deu a 23 de março de 1911, tendo a ela comparecido Eusébio de Andrade,
Guedes Lins, pelo Jornal de Alagoas; Augusto Andrade, Gilberto Andrade, Alípio
Goulart; Luiz Monteiro; Carlos Rubens, pelo Correio de Maceió; Lima Júnior,
pela Argos; Messias de Gusmão, Galba Paiva, pelo Correio da Noite; e Menezes
Júnior, pelo Gutenberg.Entre os dias 25 de março e 10 de abril, realizou-se a
Exposição propriamente dita, a cuja abertura compareceu e a presidiu o
Governador do Estado, Euclides Malta, e outras altas personalidades da
sociedade maceioense. Foram adquiridos os seguintes quadros: “Praça da
República”, pelo Dr. Goulart de Andrade; “Praia de Paquetá”, pelo Dr. Guedes de
Miranda; “Rio Petrópolis”, pelo Cel. Manoel de Mello Barbosa; “Copacabana”, pela
Srtª Izaura Alves; “Jardim Botânico” e “Quinta da Boa Vista”, pelo Governador
Euclides Malta. A tela “Ataque a um comboio” não foi exposta porque estaria
prometida ao Marechal Hermes, que pretendia adquiri-lo para ornamentar a Sala
Nobre do Clube Militar.
Parte da exposição num dos Salões da Sociedade Perseverança e Auxílio
dos Empregados do Comércio, em Maceió. Foto: O Malho, Ano X, Nº 458, Rio de
Janeiro, 24 de junho de 1911, p. 44.
Em 1912, realizou concorridíssima exposição em Belo Horizonte, ocasião
em que foi vivamente prestigiado pela elite cultural mineira. Um dos seus
quadros, o “Praia do Icarahí”, foi adquirido pelo Governo do Estado de Minas
Gerais, por intermédio do Secretário do Interior, Dr. Delfim Moreira (que
depois se tornaria Presidente da República, na condição de Vice-Presidente,
após o falecimento do Titular Rodrigues Alves).
Vernissage da exposição de Virgílio Maurício em Belo Horizonte. À
frente, da esquerda para a direita: Borges Fleming; Jorge Modesto; Gustavo
Penna; Correia e Castro; Virgílio
Maurício, de branco; Augusto de Lima; Horácio Guimarães. Em pé, na mesma ordem:
Renato de Lima; Carneiro de Castro; Egberto Prado Lopes; Heraldo Lima; Celso
Wernech; Costa Junior; José das Neves; A. de Paula Lima. Fonte: O Malho Nº 499,
Ano XI, Rio de Janeiro, 6 de abril de 1912.
Também nesse ano, em 8 de junho, fez exposição em Belém, do Salão Nobre
do Teatro da Paz, ao final da qual cedeu 21 quadros, entre eles o “Ataque ao
comboio” por 10:000$000 Rs (dez contos de réis) à Intendência de Belém e
ofereceu para o Palácio do Governo do Pará o quadro “Calma da tarde”, que
figurou na Exposição de Belas Artes de São Paulo. A 12 de julho chegou ao
Recife.
Ainda em 1912, realiza nova Exposição em Maceió com enorme concurso de
visitantes. O Jornal do Recife de 5 de setembro informa que ele teve, em
Alagoas, “o melhor acolhimento, tendo-lhe
dedicado uma edição especial o Correio de Maceió”.
A 8 de setembro, embarca no vapor inglês Avon para a Paris (Jornal do
Recife, 5 de setembro de 1912), anunciando que pretendia concluir o quadro
“Retirada da Laguna”, inspirado no romance de Visconde de Tounay, cujo tema é
um episódio da Guerra do Paraguai.
Exposição de quadros de Virgílio Maurício em Maceió. Sentados, da
esquerda para a direita: Cônego José Maurício, Secretário do Bispado de Maceió,
irmão do pintor; Cel. Antônio Maurício da Rocha, seu pai; Srª Marieta Fonseca,
esposa do Governador; Governador Clodoaldo da Fonseca; Virgílio Maurício; Dr. Helvécio Limoeiro, Secretário Particular do
Governador; Leonino Corrêa e Cypriano Jucá. Foto: O Malho, RJ, Nº 521, Ano XI,
7 de setembro de 1912.
Em 1913, Virgílio Maurício expôs no Salon des Artistes Français, no
Grand Palais de Paris, sob a presidência de Beaumetz, conquistando medalha de
bronze com o quadro “Aprés de réve” e sendo felicitado pelos artistas Léon
Bonnat, Carolus Duran. Expôs: “L’heure de souter”, “Dans de réve”, “Aprés le
réve” e “More, le garçon boucher”.
Em 26 de setembro de 1914, embarca em Bordeux, França, chegando ao
Brasil no dia 12 de outubro, a bordo do paquete Flandre, em sua primeira viagem
à América do Sul. Esse navio, da Compagnie Générale Transatantique, veio
especialmente para trazer os brasileiros e argentinos que desejavam sair da
Europa, no início da Primeira Grande Guerra.
No dia 11 de novembro de 1914, Virgílio Maurício volta a Maceió, mas
passa a residir do Recife, onde, em 1915, inaugura seu atelier no nº 54 da Rua
de Santa Cruz, bairro de Boa Vista. O jornal A Província (5 de maio de 1916)
noticia que o artista está pintando, em seu atelier no Recife, um novo quadro a
que chamou de “Após o baile” e informa que uma rapariga rumaica se prestou a
ser modelo. Do mesmo modo, o jornal carioca A Lanterna, dirigido por Costa
Rego, também diz que o quadro foi pintado publicamente, “confundindo seus
inimigos”. Foi ali que, em 1917, ele recebeu a visita do General Dantas
Barreto, que houvera sido Governador do Estado de Pernambuco e era também homem
de letras. Ele se interessava pelo quadro “Após o baile” e outros que
retratavam paisagens do Recife: “Praia de Olinda”, “Tacaruna”, “Um trecho de
Dois Irmãos”, “Estudos de Monteiro”, “Fortaleza do buraco – dois estudos”.
(Jornal do Recife, 29 de janeiro de 1917).
Em 1923, Virgílio Maurício passou a fazer parte das
bancas examinadoras do Instituto Moderno de Educação e Ensino, em Minas Gerais,
nomeado pelo Conselho Superior de Ensino, educandário dirigido pelo professor
Henrique del Castilho. Entre os seus colegas de Banca está o também jornalista
Pereira Rego[i], um dos
fundadores do jornal O Globo, juntamente com Irineu Marinho.
Professores do Instituto Moderno de Educação e Ensino, em Belo
Horizonte. Na fila da frente, da esquerda para a direita: Prof. Mário França; Prof.
Jayme de Barros Gomes; Virgílio
Maurício; Dr. João Alfredo Pereira Rego, Inspetor do Governo Federal;
`Prof. Henrique del Castilho – de branco, Diretor do Instituto; Prof. Souza
Lima e Prof. Alípio de Barros. No plano superior, na mesma ordem: Prof.
Oliveira Braga; Prof. Lopes Cançavo; Prof. Eurico de Miranda Gomes; Prof.
Ferreira de Abreu; Prof. Luiz Quirino de Magalhães Gomes; Prof. Goertz; Prof.
Vellozo Rebello; Prof. Francisco Malta; Prof. Anníbal Costa e Prof. Aldimir São
Paulo. Foto: Revista Fon-Fon, Ano XVII, Nº 1, Rio de Janeiro, 6 de janeiro de
1923, p. 41.
No dia 8 de agosto de 1925, um sábado, no Salão Nobre do Club Juiz de
Fora, Virgílio Maurício proferiu Conferência sobre o famoso escultor mineiro “O
Aleijadinho”. Belmiro Braga[i],
que faria a sua apresentação ao público, mas não podendo fazê-lo por motivo de
viagem, justifica-se em carta, da qual se extrai as seguintes impressões:
“... não é de hoje que sou um grande devoto
de tua alma e de teu talento e eu sinto não ter ocasião de dizer em público o
que vales como pintor exímio da pena e do pincel. Lê aos meus patrícios estas
duas rápidas linhas e recebe as palmas que antecipadamente aqui te envio. – Abraços do coração do admirador e amigo. ”
Em 1926, realiza uma Exposição no Rio de Janeiro, em que são exigidos 65
quadros. Nesse mesmo ano, forma-se em medicina pela Faculdade do Rio de
Janeiro, que havia interrompido em maio de 1912, quando da sua mudança para a
Europa.
Em 1932, foi recebido em audiência pelo General Carmona (António Óscar de Fragoso Carmona – 1860-1951), Presidente da República de Portugal. Em
Lisboa, foi homenageado pelo Sindicato Nacional de Imprensa, oferecendo-lhe, em
sua sede social, um posto de honra. Nessa ocasião, foi saudado pelo escritor e
bibliógrafo Albino Forjaz de Sampaio (1884-1949) e por Maria Amélia Teixeira,
diretora da revista Portugal Feminina.
ACUSAÇÕES
Seu nome frequentou as colunas dos jornais e revistas do seu tempo com
tal profusão que seria capaz de aturdir o mais perspicaz dos pesquisadores,
particularmente pela diversidade de opiniões a seu respeito, estabelecendo-se
um confronto entre as manifestadas por seus admiradores contra aquelas
propaladas por seus críticos, que chegaram até a o acusarem de plagiário.
Diziam, por exemplo, que o seu quadro “Cabeça de velho” era, na verdade,
de autoria de Rosalvo Ribeiro. E que Rosália Sandoval, grande poetisa alagoana,
teria visto o mestre Rosalvo “retocar” a famosa tela. (Fonte: semanário A.B.C,
Ano II, Nº 58, Rio de Janeiro, 15 de abril de 1916.
Do quadro “Assalto a um comboio”, adquirido pela municipalidade de
Belém, diziam ser uma cópia do famoso quadro do pintor francês Eduardo
Detaille: “L’Assant”.
O pintor Guttmann Bicho, em carta publicada no vespertino Sete Horas, o
acusava de comprar quadros de artistas menos conhecidos e neles apor a sua
assinatura.
Em contraposição a essas acusações, que não nos é possível aqui apurar
se são verdadeiras ou apenas fruto de intriga ou despeito, acorrem em sua
defesa muitos cronistas e críticos de arte.
O jornalista Gustavo Barroso, sob o pseudônimo de Jotaenne, emite
opinião sobre ele na revista Fon-Fon, de 28 de abril de 1917:
“Virgílio Maurício, o autor de “Aprés le
réve” e “L’heure du Gôuter”, que os catálogos franceses estampam, montou seu
atelier no Recife e, sem que ali tenha aparecido qualquer artista misterioso, e
sem a possibilidade de virem quadros da Europa, pintou uma tela famosa – “Aprés
le bal”. Os seus amigos viram-no pintar. Visitantes ilustres surpreenderam-no
de palheta na mão, os pinceis osculando as carnes nuas duma figura de mulher em
tamanho natural. Toda a capital pernambucana conhece a criatura que lhe serviu
de modelo e reconhece nas formas pintadas as formas verdadeiras, salvo as
modificações artísticas e imprescindíveis. Da rua do Crespo à da Imperatriz,
dos Afogados à Lingueta. Da Madalena ridente e sossegada à Olinda vetusta e
monacal, ninguém ignora os fatos aqui sucintamente expostos”.
Ronald de Carvalho, em O Jornal, Rio de Janeiro, 27 de outubro de 1919,
p. 6:
“Pesados os argumentos, balanceadas as
manifestações pró e contra o Sr. Virgílio Maurício, que restará no conceito de
um espírito imparcial, sereno e amigo da verdade? De um lado, a sua obra, de
outro um acervo de negações que vão, desde a desconfiança honesta e natural,
até a injúria pessoal, párvula e mesquinha. Eu não procuro defender nem atacar
o artista em questão, quero deixar patente que só um desejo de justiça move a
minha pena, preparada há muito tempo para aplaudi-lo ou vergasta-lo
impiedosamente, caso tudo quanto se propala a seu respeito se verifique. ”
Ainda sobre ele falou o cronista Oscar Lopes, n’O Paiz:
“Não há, nunca houve na vida artística do
Brasil, fenômeno mais interessante, mais complicado, mais perturbador, e,
certas vezes, mais apaixonantes das opiniões do que o que envolve, como uma
estranha e disparatada atmosfera, a um tempo de tempestades furibundas e
gloriosas iluminações solares, a personalidade de Virgílio Maurício, festejado
entusiasticamente por uns como o pintor felicíssimo de alguns quadros de mestre
e, por outros, dura e violentamente atacado por lhe emprestarem todo o
desplante e toda a criminosa audácia do maior mistificador da nossa época.”
Sobre ele falou o jornalista Costa Rego, em sua coluna de 19 de junho de
1911, no Correio da Manhã:
“Onde o jovem artista brasileiro se revela
muito discreto e fiel é nos seus estudos de modelo vivo. Ele não procura poses
e atitudes falsas. Seus nus são de um apuro esmerado: não têm exageros de
tintas; são, antes, servidos de uma sobriedade excelente, sem efeitos de luz
desastrados. Não foram demasias os encômios que Gonzaga Duque, um dos nossos
mais reputados críticos de arte, lhe dispensou”.
Romeu de Avelar[ii]
também escreveu sobre ele n’O Pharol, jornal mineiro de Juiz de Fora, em 19 de
agosto de 1922:
“Virgílio Maurício é, quer queiram quer não,
um dos vultos mais concretos de pintores que o Brasil tem tido. Mais tarde,
quando morrer o homem, os seus detratores serão os primeiros a colocar-lhe
sobre a cabeça silenciosa a palma do acanto – glorificadora inútil da
posteridade! ”
RELACIONAMENTO COM A IMPRENSA E A SOCIEDADE
Um fato há que ser ressaltado: Virgílio Maurício sabia muito bem
divulgar o seu trabalho. Desde os tempos de Maceió, utilizava-se da amizade com
jornalistas para pôr em evidência a sua arte.
Por vezes, em viagem, como na que empreendeu ao Estado do Pará, em 1912,
ao parar o vapor “Alagoas” em São Luiz, visitou o jornal Pacotilha, o que motivou
a notícia da sua passagem, na edição de 6 de junho daquele ano.
Doutra feita, estando em Portugal, ofereceu ao ganhador um artístico
bronze, num jogo entre o Vasco da Gama e o Futebol Clube do Porto, chamado à
época de “Portuense”, no Estádio Lima, na cidade do Porto, no dia 19 de julho
de 1931, em que o time carioca perdeu por 3 x 1, sob a assistência de 18 mil
pessoas.
Virgílio Maurício, em Maceió, entre os jornalistas Leonino Corrêa e
Cypriano Jucá. Fonte: O Malho, Nº 522, Ano XI, Rio de Janeiro, 14 de setembro
de 1912.
À época da publicação do seu livro Algumas Figuras, reuniu-se com um
grupo de amigos, entre eles o poeta, escritor e jornalista Álvaro Moreyra, pai do também jornalista Sandro Moreyra e da jornalista da Rede Globo Sandra Moreyra, falecida ontem.
Virgílio Maurício, em Maceió, entre os jornalistas Leonino Corrêa e
Cypriano Jucá. Fonte: O Malho, Nº 522, Ano XI, Rio de Janeiro, 14 de setembro
de 1912.
Por ocasião do seu aniversário de 27 anos, a viúva Almirante Velho[i]
(Ernestina dos Santos Velho), ofereceu-lhe alegre recepção em sua residência, na
Sorocaba, nº 64, em Botafogo. Ao piano, as senhoritas Elvira Leni de Souza e
Julinha Dias; em harpa, a virtuosa senhora Sinay; ao violino Júlio Nascimento;
Mimi Andrade, executou composições francesas. Após o concerto, a dança até de
manhã: presentes: Senhoritas Palmyra Leal de Souza; Julieta Velho, Julinha
Dias, Mimi de Andrade, Eugênia Keller, Marieta Velho, Sulamita da Cunha, Celina
de Aquino e Castro e Miryan Sinay. Senhoras: Viúva Almirante Velho, Madame
Ministro Navarro, madame Andrade Leal de Souza. Cavalheiros: Comandante Velho
Sobrinho, Comandante Leal de Souza, Clyto de Souza Lima, Luciano Saldanha,
Gomes Barbosa, Dionísio Dutra, Eurico Mattos, Pontual Machado, Manoel Souza
Lima, Antônio Reis Keller, Júlio Nascimento, etc.
Recepção a Virgílio Maurício (5º em pé, da esquerda para a direita) na
residência da Madame Viúva Almirante Velho (Antônio Francisco Velho), por
ocasião do seu aniversário, em 4 de
abril de 1919.O 7º é Pontual Machado. Fonte: Revista Fon-Fon, Ano XIII, Nº 16,
Rio de Janeiro, 19 de abril de 1919, p. 37.
No dia 5 de agosto de 1923, Virgílio Maurício ofereceu um almoço, no
Palacete Hotel, ao colega jornalista Victor Hugo Aranha, Secretário do jornal
carioca Gazeta de Notícias. Lá estavam: o Mal. Carneiro da Fontoura, Chefe de
Política; o Dr. Wladimir Bernardes, que se tornaria no ano seguinte sétimo
Presidente da CBD-Confederação Brasileira de Desportos; o Senador alagoano Euzébio
de Andrade; os poetas Amadeu Amaral, Olegário Mariano, Osório Duque Estrada e Coelho
Netto; Claudio de Souza; os jornalistas Cândido Campos, Porto da Silveira;
Álvaro Moreyra; Georgino Avelino; Belisário de Souza; e Dr. Maurício
Sobrinho, médico primo do Virgílio Maurício.
Da esquerda para a direita: Dr. Antônio Eugênio Arêa-Leão; Virgílio Maurício; Dr. Joaquim Vidal;
Dr. Duarte Pinto; Dom José Maurício da Rocha - bispo de Corumbá, irmão de V. M.;
Dr. Raul Leitão da Cunha; o Engenheiro Miguel Maurício da Rocha, também irmão
de V. M. Fonte: Revista da Semana, Ano XXV, nº 48, Rio de Janeiro, 22 de novembro
de 1924, p. 29.
Não raro, deixava-se ouvir ao piano, como em uma homenagem que o
governador catarinense Hercílio Luz prestou a Dom Joaquim de Oliveira, Bispo de
Florianópolis, no dia 4 de dezembro de 1921. Na ocasião, executou “Adágio da
Sonata Clair de Lune”, de Beethoven e um “Estudo para a Rhapsódia” de Listz.
O ÚLTIMO ANO.
Ainda no início do ano de 1937, foi acometido de uma
infecção no olho esquerdo, que o afastou de suas atividades artísticas e
literárias por um bom período, conforme noticia o JORNAL PEQUENO, de 12 de
janeiro daquele ano; funda a revista O MENSÁRIO DA ARTE, em São Paulo e participa
da exposição do Grupo Almeida Junior, no Palácio das Arcadas, em São Paulo.
Faleceu no dia 14 de dezembro de 1937, na Casa de Saúde São Lucas, em Belo
Horizonte, no momento em que se submetia a uma operação.
Findava assim uma vida, pode-se dizer breve; mas intensamente vivida
desse filho de Lagoa da Canoa. Aliás, essa terra alagoana, hoje um município de
18.343 habitantes, revelou grandes artistas e literatos: além do próprio
Virgílio Maurício, os seus irmãos: Dom José Maurício da Rocha, bispo de Corumbá
e Bragança Paulista; Miguel Maurício da Rocha, Matemático e
professor da Escola de Minas de Ouro Preto e banqueiro (Acionista e Diretor do
Banco da Lavoura em São Paulo. Esse Banco foi, na década de 1970, dividido em
dois: Banco Real e depois Santander; e Bandeirante, depois Unibanco e depois
Itaú); Agnelo Rodrigues de Melo, jornalista e poeta, que usava o pseudônimo de
Judas Isgorogota; e o músico Hermeto Pascoal.
Nas suas múltiplas
atividades, foi jornalista e crítico de arte, escrevendo para os jornais A Gazeta (SP), A Época (RJ); A Batalha; A Gazeta (SP), A
Época (RJ), A Batalha, entre outros. Foi ainda Diretor da sucursal paulista da
revista O Mundo Ilustrado.
Escreveu os
livros: Algumas Figuras, Outras Figuras, O Trapézio da Vida, Da Mulher, Ouvindo
a Ciência e Treze Meses em Portugal.
Pouco lembrado em sua terra, registre-se que há uma
rua com seu nome (Rua Virgílio Maurício da Rocha na Chã do Bebedouro).
PARTE DE SUA OBRA:
Cabeça de velho. Fonte: revista Fon-Fon.
Amolando a foice. Gazeta de Notícias, 04.05.1912.
Couraceiros franceses. Revista FON-FON, Ano VIII, Nº 48, Rio de Janeiro,
28 de novembro de 1914, p. 27.
Recebendo a visita do mestre francês Jean Paul Laurens
em seu atelier à Rue de Beaux-Arts, em Paris. Fonte: Revista Fon-Fon, Nº 46,
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1914, p. 60.
Atelier de Virgílio Maurício, vendo-se o famoso quadro “Depois do
baile”. Revista da Semana, Ano XIX, Nº 12, Rio de Janeiro, 27 de abril de 1918,
p. 21.
Depois do Banho
DIVA, quadro de V. M_Jornal Pequeno_25.04.1936,
Mulher francesa. O Malho, Ano X, RJ, 5 de agosto de 1911. p. 47.
Virgilio Maurício, “Après le revê” - Depois do sonho, 1912, Pin. Est. SP
Virgílio Maurício. L'heure de gouter, tela, 1914, Pinacoteca de SP
Virgílio Maurício. L'heure de gouter, tela, 1914, Pinacoteca de SP
Sinfonia de pedras. Revista da Semana, ano XXXIV, nº 13, 11 de março de
1933.
Saudade.
5 de agosto de 1923. Flagrante do almoço, no Palacete Hotel, oferecido
por Virgílio Maurício (2º sentado, da esquerda para a direita) ao também
jornalista Victor Hugo Aranha (4º na mesma ordem). O 5º é Joaquim Osório Duque
Estrada e o último é Álvaro Moreyra. O 3º em pé, da esquerda para a direita, é
o poeta Olegário Mariano. Foto: Para Todos, 4 de agosto de 1923, p. 37.
[i]
Ernestina dos Santos Velho, viúva do Almirante Antônio Francisco Velho,
falecido em 15 de fevereiro de 1915. Ele era um dos remanescentes da Guerra do
Paraguai e participou da célebre “passagem de Humaitá”. Fonte: A Noite, 15 de
fevereiro de 1915.
[i]
Belmiro Ferreira Braga, grande poeta mineiro nascido em Vargem Grande (Juiz de
Fora), atual município de Belmiro Braga, a 7 de janeiro de 1872 e falecido em
31 de março de 1937.
[ii]
Nome literário de LUIZ DE ARAÚJO MORAIS, escritor, jornalista e historiador
alagoano, nascido em São Miguel dos Campos a 23 de março de 1893 e falecido em
Leopoldina, a 20 de dezembro de 1972.
[i]
João Alfredo Pereira Rego, jornalista e
advogado, faleceu no Rio de Janeiro a 1º de junho de 1943, atropelado por um ônibus
quando, descendo de um bonde, atravessava a Rua 13 de Maio, esquina com a Avenida
Almirante Barroso, em direção à sede do jornal O Globo. Segundo notícias da
época, ele, já agonizante, teria feito um último pedido: um beijo de uma jovem
que tentava socorre-lo. Esse fato real foi aproveitado pelo dramaturgo Nelson
Rodrigues que, em sua peça “O Beijo no Asfalto”, colocou um homem em lugar da
moça.
[i]
Em 1910, estava no 2º ano de Medicina.
Notícia publicada no jornal Pharol, Rio de Janeiro, 11 de julho de 1911,
registra a sua visita à redação daquele jornal, como “acadêmico de Medicina”,
em companhia dos colegas Paulo Alvin Rezende e Alexandre de Oliveira e Salles.
Meu amigo. Sou sobrinho neto de Virgílio Maurício da Rocha. Sou neto de seu irmão Carlos Maurício da Rocha. Muito obrigado por proporcionar esse texto tão esclarecedor sobre meu tio avô. Nem minha própria família me disse tantas coisas á respeito dele. Um abraço e sucesso pra você. Eduardo Albuquerque
ResponderExcluirp.s. Muito obrigado mesmo. Ainda temos alguns quadros dele. Eduardo Albuquerque
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