Vistas da fachada e do interior da joalheria M. L. Krause
& Cia., vendo-seao centro o seu proprietário, Sr. Max Lewin Krause. Foto: revista Vida
Doméstica, ano V, nº 82, novembro de 1926, p. 14.
A
Medalha com que Helena Taveiros foi presenteada pela colônia alagoana.
Outro presente lhe foi
oferecido pela firma S. R. Soares, estabelecida com confecção de meias na rua
Theodoro da Silva, 180-A: uma dúzia de pares de meias finíssimas, marca
“Parisette”, de seu fabrico. (A Noite, 13 de abril de 1929) Também a Casa
Pereira de Souza (Rua Gonçalves Dias, 4), lhe ofereceu um lindo chapéu de
passeio.
No dia 20 de abril, esteve no Corpo de
Bombeiros do Rio de Janeiro (O Jornal, 21 de abril de 1929), na Praça da
República, em visita a um parente seu que fazia parte da Corporação, o bombeiro
Petrônio Correia Gil. Chegando no automóvel do Comandante Maximino Barreto, foi
recebida por uma comissão de oficiais composta pelo capitão Athanázio Gomes
Vieira e pelos tenentes Hermillo Costa e Silva e Oscar Pires Velloso, sendo
saudada pelo Oficial do Dia, Cap. Alexandre Loureiro Júnior.
Helena Taveiros em visita
do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal em companhia do seu irmão Hermes
Taveiros, penúltimo à esquerda. A seu lado, o Cel. Maximino Barreto, comandante
daquela corporação. Revista O Clarão, maio de 1929, p. 27.
No Corpo de Bombeiros, Helena
Taveiros ao lado de sua tia e, em pé, o seu primo bombeiro Petrônio Correia
Gil, seu irmão Hermes Taveiros e o Tenente Hermillo. Foto: revista O Clarão,
junho de 1929, p. 27.
Algumas misses em visita
à Escola Nacional de Belas Artes. A partir da esquerda: miss Paraíba, miss
Alagoas, miss Pernambuco, miss São Paulo e miss Espírito Santo. Fonte: O Malho,
20 de abril de 1929.
Algumas misses em visita à Escola Nacional de Belas Artes. A partir da esquerda: miss Paraíba, miss Alagoas, miss Pernambuco, miss São Paulo e miss Espírito Santo. Fonte: Revista Careta, Ano XXII, Nº 1.087, 20 de abril de 1929, p. 35.
No dia 23 de abril,
visitou o contratorpedeiro Alagoas (A Manhã, 24 de abril de 1929), acompanhada
de pessoas de sua família e do Capitão-Tenente Carlos Oscar Guimarães, sendo
recepcionada pelo seu comandante, Capitão de Corveta João Bittencourt Calazans
e pelo Imediato, Cap. Tenente Eugênio da Costa Mattos. Na ocasião, o comandante
mostrou à miss a velha bandeira que a sociedade alagoana lhe oferecera há mais
de vinte anos. Um ano depois, Helena presentearia o navio com uma bandeira
nova, de bela confecção de costureiras alagoanas.
O comandante proferiu um
longo e comovente discurso, que foi respondido pelo Sr. Hermes Taveiros. Em
seguida o sargento Henrique Olsen presenteou a Miss com uma fotografia do
Alagoas, encaixada em bela moldura. (A Manhã, 24 de abril de 1929).
Enquanto esteve no Rio de
Janeiro, a miss Alagoas recebeu uma carta do sentenciado Benedito Carneiro.
Dizendo-se tuberculoso, pedia algumas coisas de que precisava: uma colcha, um
lençol, um colchão de palha e uma camisa de meia. Helena foi, então, até a Casa
de Detenção para atender ao pedido, sendo recebida pelo Coronel Meira Lima,
Diretor daquela Instituição. (Gazeta de Notícias, RJ, 4 de maio de 1929, p. 2.)
Antes de deixar o Rio de Janeiro, visitou a redação de A Note, ocasião
em que deixou impressões sobre a sua participação no Concurso:
“Ainda me encontro sob a impressão de
deslumbramento, que desde a minha chegada a esta Capital toda me domina, e me
guia os passos e me inspira as palavras. O concurso de beleza, que poderia
sido, sem dúvida, uma simples parada de vaidade, uma grande festa de caráter
fútil, o povo brasileiro o transformou em uma formidável demonstração de
civismo. Sentiu-o durante todo o desenrolar da campanha e disso estou, no
momento, convencida. O carinho, o entusiasmo, a exuberância da alma que nos
cercaram, dia a dia, desde o primeiro até o instante em que parto, são disso a
melhor prova. E nós outras, investidas das representações, que poderíamos ter
considerado o caso como um pretexto de entretenimento, sentimos todas que a
representação nos trouxe, ao contrário, responsabilidades seríssimas perante
nossos Estados e o Brasil, responsabilidades que continuam. Eu, por mim,
desejaria, até não sei quando, viver imaterialmente uma vida de beleza, uma
vida de símbolo...”
Perguntada se partia saudosa, Helena respondeu:
“Mas, de certo! Eu padeço a nostalgia da
minha terra. Não só do meu Estado, mas também, e principalmente, do meu recanto
natal, da cidade que me viu nasceu e me assiste. Aqui, igualmente, sinto essa
nostalgia a me doer no espírito, a me solicitar, a me acenar, de longe.
Entretanto, o fulgor desses dias de alegria, de cordialidade e, por que não
dizer, de glória, cercada do aplauso do povo, sinto-o em mim como uma
fascinação irresistível. Eu, que receara desmerecer-me, sinto-me engrandecida
pela nobreza e pelo resplendor do torneio. E, repare, eu que sobro no momento a
nostalgia da minha terra, tenho a certeza de que partirei para a minha terra
com as lágrimas nos olhos e o choro no coração”.
E, de fato, diz o jornal, Helena Taveiros “Miss Alagoas” partiu chorando
do Rio.
Cumprida a sua missão, a 10
de maio, Helena embarcou de regresso a Maceió pelo vapor Pará, do Lloyd
Brasileiro, em companhia da Miss Piaui, Antônia de Arêa-Leão, que depois
seguiria para seu Estado.
Embarque de Helena
Taveiros no porto do Rio de Janeiro. Foto: A Noite, 10 de maio de 1929.
Embarque de Helena Taveiros no porto do Rio de Janeiro. Foto: Revista Careta, Ano XXII, Nº 1.087, 20 de abril de 1929, p. 16.
Misses Rio de Janeiro, Alagoas e Pernambuco. Foto: Revista Careta, 6 de abril de 1929, p. 13.
A No dia 13, tocando o “Pará”,
do Lloyd Brasileiro, o porto de Salvador, as duas misses desceram para um breve
passeio. À tarde, as colônias de Alagoas e Piauí, sediadas na Bahia, ofereceram
um chá dançante a bordo.
No dia 14 de maio, por
volta das 15:00 horas, Helena desembarcava em Maceió, sendo recebida por cerca
de duas mil pessoas. Depois de ser saudada pelo estudante Carlos Duarte, tomou
lugar na limousine do Governo do Estado, onde estada o governador Álvaro Paes
que, em companhia de sua irmã Mariazinha Paes, a levou para a sua residência,
onde foi festivamente recepcionada. Também a bordo do Pará, veio a miss Piauí, Srtª
Antônia Arêa-Leão, que também se dirigiu à residência do governador no luxuoso
Pockard da Prefeitura, oferecido pelo Prefeito em Exercício, Dr. José Carneiro.
Um extenso cortejo de
automóveis e bondes se formou no trajeto entre o porto e a casa da miss. Ali,
então, foi novamente saudada pelo estudante Raul Lima que, em nome dos que a receberem,
lhe ofereceu “um caro anel de platina e
brilhantes” e “um rico
relógio-pulseira de platina e ouro”, diz o jornal pernambucano A Província,
acrescentando ainda:
“Miss Alagoas será ainda homenageada com um
baile na sede dos ‘Alliados’ e outro na sede do C. R. B, um five-o-clock no
Café Continental e uma consagração artística no cinema Capitólio”. De fato,
o Club dos Alliados ofereceu um ‘Café Paulista’, com a presença do Governador
Álvaro Paes, ocasião em que foi saudada pelo orador do Club, Sr. Lauro Jorge.”
Segundo José Franklin
Casado de Lima, em “Maceió, década de 20”, Helena Taveiros teria participado do
filme “Casamento é negócio? ”, produzido pela Gaudio Filmes e financiado pela Companhia Petróleo Nacional, com direção, argumento e fotografia de Guilherme Rogato. Trata-se de um curta metragem com locação na Praça Deodoro, Sítio Leopoldis,
Praça D. Pedro II e lagoa Manguaba, um dos primeiros filmes feitos em Alagoas.
Entretanto, o site da Cinemataca Brasileira (cinemateca.gov.br), não traz no
Elenco o nome de Helena Taveiros, mas de Morena Mendonça, que, aliás, é o nome
da personagem principal. O filme, ainda disponível na internet, mas em péssimo
estado, traz ainda no cast: Bonifácio
da Silveira (o major Bonifácio), Luis Girard, Moacir Miranda, Josefa Cruz,
Agnelo Fragoso, Orlando Vieira, Armando Montenegro, Antônio Portugal Ramalho e
Claudio Jucá. (Fonte: http://www.brasilbrasileiro.pro.br/jfranklin.pdf).
*** *** ***
A grande vencedora do
concurso foi a Miss Distrito Federal (miss Botafogo), Srtª Olga Bergamini de Sá[i], que foi a Galveston
representando o Brasil. A Miss Universo foi a representante da Áustria, Srtª
Lisl Goldarbeiter. Mas essa já é uma outra história.
Miss Brasil, Olga
Bergamini de Sá, ao lado do Embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Sr. Sylvio
Gurgel do Amaral. Fonte: Museu Histórico Nacional.
Miss Áustria, Srtª Lisl
Goldarbeiter (Viena, 23/03/1909, Budapest, 14/12/1997), eleita Miss Universo
1929.
[i]
Olga Bergamini de Sá, filha
do comerciante português Francisco Marques Ferreira de Sá (que se suicidou em
29 de julho de 1931) e da italiana Luiza Bergamini de Sá e sobrinha do Deputado
Adolfo Bergamini. Casou-se, em 1935, com o Dr. Danilo Bracet. Nasceu no dia 8
de maio de 1911 na vila Martins Mota, Rua do Catete, nº 92, casa XXII, Rio de
Janeiro.
|
terça-feira, 24 de novembro de 2015
HELENA TAVEIROS, MISS ALAGOAS 1929.
A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR
PÃO DE AÇÚCAR
Marcus Vinícius*
Meu mundo bom
De mandacarus
E Xique-xiques;
Minha distante carícia
Onde o São Francisco
Provoca sempre
Uma mensagem de saudade.
Jaciobá,
De Manoel Rego, a exponência;
De Bráulio Cavalcante, o mártir;
De Nezinho (o Cego), a música.
Jaciobá,
Da poesia romântica
De Vinícius Ligianus;
Da parnasiana de Bem Gum.
Jaciobá,
Das regências dos maestros
Abílio e Nozinho.
Pão de Açúcar,
Vejo o exagero do violão
De Adail Simas;
Vejo acordes tão belos
De Paulo Alves e Zequinha.
O cavaquinho harmonioso
De João de Santa,
Que beleza!
O pandeiro inquieto
De Zé Negão
Naquele rítmo de extasiar;
Saudade infinita
De Agobar Feitosa
(não é bom lembrar...)
Pão de Açúcar
Dos emigrantes
Roberto Alvim,
Eraldo Lacet,
Zé Amaral...
Verdadeiros jaciobenses.
E mais:
As peixadas de Evenus Luz,
Aquele que tem a “estrela”
Sem conhecê-la.
Pão de Açúcar
Dos que saíram:
Zaluar Santana,
Américo Castro,
Darras Nóia,
Manoel Passinha.
Pão de Açúcar
Dos que ficaram:
Luizinho Machado
(a educação personificada)
E João Lisboa
(do Cristo Redentor)
A grandiosa jóia.
Pão de Açúcar,
Meu mundo distante
De Cáctus
E águas santas.
______________
Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)
(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937
(+) Maceió (AL), 07.05.1976
Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.
*****
PÃO DE AÇÚCAR
Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.
Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.
Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,
O pó que o vendaval deixou no chão cair.
Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste
O teu profundo sono num divino sorrir.
Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,
Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.
Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.
Teus jardins se parecem com vastos cemitérios
Por onde as brisas passam em brando sussurrar.
Aqui e ali tu tens um alto campanário,
Que dá maior relevo ao pálido cenário
Do teu calmo dormir em noite de luar.
____
Ben Gum, pseudônimo de José Mendes
Guimarães - Zequinha Guimarães.
Nenhum comentário:
Postar um comentário