domingo, junho 1

PERSONALIDADES PÃO-DE-AÇUCRENSES - DR. PAES BARRETO

 

Por Etevaldo Amorim


O Dr. Paes Barreto

 

JOÃO FRANCISCO DE NOVAES PAES BARRETO nasceu em Pão de Açúcar no dia 26 de outubro de 1873, conforme consta do Livro de Batismo da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus:


“Aos dezenove de novembro de mil, oitocentos e setenta e três, nesta Matriz do Pão d’Assucar, solenemente baptizei o poverelo JOÃO, com vinte e cinco dias de nascido, filho legítimo do Doutor João Francisco Paes Barreto e de Dona Josephina de Novaes Paes Barreto.


Foram padrinhos o Doutor Manoel Leite de Novaes Mello, por seu procurador Miguel de Novaes Mello[i] e Dona Luiza Hasselmann Campos, por sua procuradora Dona Cândida Delfina do Coração de Jesus[ii].


E para constar, mandei lavrar este assento, que assino: Vigário Antônio José Soares de Mendonça.”

 

Seu pai, o Dr. João Francisco Paes Barreto, natural de Pernambuco (filho de Francisco de Paula Paes Barreto – Barão do Recife - e Cândida Francisca Botelho Sampaio), era Juiz de Direito. Veio residir na recém-emancipada Vila de Pão de Açúcar quando da criação da Comarca de Paulo Afonso (Mata Grande), pela mesma Lei nº 233, de 3 de março de 1854. Faleceu em Propriá, Estado de Sergipe em 25 de maio de 1873, antes de ele nascer. Sua mãe faleceu em 29 de abril de 1878, em Pão de Açúcar.


Ficando órfão, foi criado pelos avós maternos João Machado de Novaes Mello e Maria José Leite de Novaes Mello.[iii]


Casou-se em primeiras núpcias com Maria Augusta Alves Pequeno, filha de Augusto Pinto Alves Pequeno e Augusta da Silva Canedo. Com ela teve os filhos: Maria Antonieta, Átila, Celina, João, Aída, Nelson, Maria Augusta, Luiz Augusto, José e Arlete.

Maria Augusta Alves Pequeno



Tendo ficado viúvo em 18 de maio de 1919, casa-se com Zara Matheus, nascida em Carangola-MG em 20 de dezembro de 1904 e falecida em 1º de abril de 1996, filha de Augusto Matheus e Íria Matheus. Teve com ela os filhos Marília, Maria Ignes e Francisco.


Formado em Direito pela Faculdade do Rio de Janeiro, em 1913, foi Promotor de Justiça em Cachoeira do Itapemirim-ES e Penedo-AL.


Ligado por parentesco à família de Afonso Pena, é nomeado, em 1895, juiz de direito da comarca de Muriaé (MG). Em 1898, abandona a magistratura e passa a advogar naquela cidade, sendo, nesse mesmo ano, eleito vereador. Assume, ainda, a direção de Radical, jornal editado naquela cidade mineira. Em 1903, foi nomeado juiz de direito de Cuiabá (MT) e, logo depois, Secretário do Governo daquele Estado, na gestão de Antonio Paes de Barros. Em 1905, assume a direção do jornal O Estado, ocupando-a até 1906, quando é eleito deputado federal pelo Mato Grosso, para a legislatura 1906/1908.   Reelege-se em 1909, agora por Alagoas[iv], permanecendo na Câmara Federal até 1911.[v]


Produziu e publicou os seguintes trabalhos: Estrada de Ferro de Cuiabá ao Madeira, Estrada de Rodagem de Mato Grosso ao Pará e ainda O curso do Paranatinga e A Formação do Xingu, opúsculos esses infelizmente bastante desconhecidos por nossos historiadores. Nos anos 50 produziu o trabalho As Revoluções de Mato Grosso e Suas Causas.[vi]


O Dr. Paes Barreto faleceu em Belo Horizonte em 20 de agosto de 1955.


Para homenageá-lo, foi dado o seu nome à rua da Aurora, em Pão de Açúcar; depois denominada Prof. Antônio de Freitas Machado, a partir de 1971.


Pão de Açúcar, AL, 1929. Da esquerda para a direita: Juca Feitosa, Manoel Rego, Vieira Damasceno, Luiz Menezes da Silva Tavares, o homenageado Dr. Paes Barreto, Padre Pinto, João Domingos, Álvaro Machado, Ermínio Veríssimo e Manoel Santana. Na sacada do sobrado está D. Maria Cândida, neta do Major João Machado, barão de Piaçabuçu.


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NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo. Tratamento de imagem: Vívia Amorim.



[i] Ambos seus tios por parte de mãe.

[ii] Dona Luiza Hasselmann Campos era esposa do Sr. Luiz Caetano da Silva Campos, gerente da Companhia Baiana de Navegação em Penedo. Sua procuradora, a Srª Cândida Delfina do Coração de Jesus foi a segunda esposa do Tenente-Coronel José Gonçalves de Andrade.

[iii] PAES BARRETO, Francisco. Postagem no Grupo BARÃO DE PIAÇABUÇU, no Facebook.

[iv] Deputados Federais por Alagoas naquela Legislatura: João Francisco de Novaes Paes Barreto, Eusébio Francisco de Andrade, Natalício Camboim de Vasconcelos, Epaminondas Hyppólito Gracindo, Manoel Sampaio Marques e Raimundo Pontes de Miranda.

[v] BARROS, Francisco Reynaldo Amorim de . ABC DAS ALAGOAS.

[vi] FANAIA, João Edson de Arruda. “PROGRESSO E ORDEM” NA FRONTEIRA OESTE. XXIX Smpósio Nacional de História.

3 comentários:

  1. Pelo exposto, o Dr. Pães Barreto foi um autêntico buscador, um desbravador que se firmou em diversos rincões deste imenso País

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  2. Excelentes informações históricas de um dos personagens mais importantes que deixou a sua marca na história da terra de Jaciobá - Paes Barreto (1873 - 1955 )

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  3. Maravilhada com seus escritos.

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia