quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

A PARÓQUIA DE PÃO DE AÇÚCAR – O TERCEIRO E O QUARTO VIGÁRIOS

Por Etevaldo Amorim

 

PE. JOSÉ DIONÍSIO DE MEDEIROS.

Após a saída do Padre Omena, seguiu-se uma interinidade no comando da Paróquia, assumindo inicialmente o Padre José Soares Pinto.

Entretanto, na edição do dia 5 de abril de 1909, o jornal O Monitor, de Penedo, anuncia a saída do Pe. Soares Pinto, que fora convidado a assumir a Paróquia de Jaraguá, o que efetivamente aconteceu em 20 de maio de 1909, quando tomou posse como vigário da Freguesia de Nossa Senhora Mãe do Povo.

Assim, a 24 de março de 1909, por Ato do Bispo Diocesano, Dom Antônio Brandão, o Padre José Medeiros foi indicado para a Paróquia do Santíssimo Coração de Jesus. Em 27 de março daquele ano, partia de Maceió para tomar posse da sua Paróquia, junto com o Padre Júlio Albuquerque, que assumiria Traipu.[i]

Monsenhor Medeiros foi teólogo, moralista, filólogo, escritor e polemista.  Perito em Direito Canônico e Língua Portuguesa[ii].

Natural de Traipu, onde rezou sua primeira missa a 8 de dezembro de 1902[iii], o Padre José Dionísio de Medeiros foi vigário da paróquia de Alagoas (atual Marechal Deodoro), de onde foi transferido para a de São Brás, tomando posse em 27 de agosto de 1905.[iv] Foi também Vigário na paróquia Nossa Senhora da Piedade, em Anadia (1917-26), e de Penedo.

 

PE. JÚLIO FERREIRA DE ALBUQUERQUE


O Pe. Júlio Albuquerque

Tendo chegado juntos a suas respectivas paróquias (Pe. Júlio, em Traipu e Pe. Medeiros, em Pão de Açúcar), ao que tudo indica solicitaram permuta, já que este último era natural de Traipu. O fato é que, em pouco tempo, já estava o Padre Júlio Albuquerque à frente da Paróquia de Pão de Açúcar.

Este que pode ser considerado o quarto vigário, nasceu em Maceió a 26 de setembro de 1878. Filho de Honório Teixeira de Albuquerque e Idelfonsa Ferreira de Albuquerque, foi batizado em 3 de fevereiro do ano seguinte pelo Padre Pedro de São Bernardo Peixoto.

Seu pai, um pequeno comerciante, tinha uma mercearia na antiga Rua do Açougue (atual Moreira Lima), esquina com a Rua Boa Vista, onde por muitos anos funcionou a “Casa das Linhas”.[v] Tendo ficado viúvo, pelo falecimento de dona Idelfonsa, em 6 de março de 1905, ele teve um segundo casamento com Mariana Ferreira de Albuquerque, que faleceu em 1921.

***      ***

Iniciou seus estudos no Colégio Souza Lobo, estabelecimento que funcionava inicialmente em São Luiz do Quitunde, e que mudou para Maceió em 6 de abril de 1886, mantido pelo Acadêmico Alfredo Alves de Souza Lobo. Depois, foi para o Liceu Alagoano.

No Seminário de Belém (PA), terminou o curso secundário. Tendo ali entrado para se ordenar padre, por motivos econômicos se afasta do seminário, fazendo concurso para os Correios, para onde é nomeado. Em 1899, está efetivamente trabalhando nos Correios em Belém-PA.[vi] Em seguida, foi para o Seminário de Olinda para depois concluir no de Alagoas (atual Marechal Deodoro).

***   ***

Em 1900, o jovem Júlio já dava mostras da sua inclinação para as letras, ele que se tornou um dos maiores intelectuais do clero alagoano. Integrou, por exemplo, a diretoria da Sociedade Literária Tavares Bastos, como 1º Secretário.[vii] Essa agremiação publicava O Madrigal, jornal que tinha como Redator Principal Virgílio Guedes e Benedito Fróes como Diretor Responsável.

1.      A INICIAÇÃO SACERDOTAL.

No dia 1º de novembro de 1907, durante as celebrações do Mês do Rosário, o menorista[viii] Júlio recebeu, do Bispo Diocesano, a ordem do Subdiaconato, juntamente com Afonso Tojal e José Soares Pinto.[ix]

Ordenou-se em 17 de novembro de 1907, rezando a sua primeira missa na Igreja dos Martírios, em Maceió. O jornal Gutenberg, de 19 de novembro de 1907, registra:

Celebrou-se efetivamente domingo, no seu elegante templo, a solenidade do Senhor Bom Jesus dos Martírios, cujo septenário tivera começo no dia 10 do corrente.

Às 10 horas da manhã teve lugar a missa solene, celebrada pelo novel sacerdote Júlio Ferreira de Albuquerque, que cantou a sua primeira missa.

A missa revestiu-se de toda solenidade, servindo nela de diácono o reverendo padre José Tojal, de subdiácono o Reverendo José Pinto; de presbítero assistente, monsenhor Silva Lessa, e por mestre de cerimônia o padre José dos Anjos, coadjutor da Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres.

Ao evangelho, ocupou a tribuna sagrada o talentoso orador sacro Cônego João Machado, produzindo um sermão, análogo ao ato, tão eloquente e brilhante que julgamos o mais substancioso de tantos quantos sua reverendíssima tem pronunciado nesta paróquia, depois que assumiu as funções de cura da Sé.

...   ...

A orquestra, sob a regência do Sr. Professor João Ulysses[x], executou com maestria a missa Santa Maria, cantando ao pregador a Ave Maria o nosso confrade Rodrigues de Melo, e ao ofertório a Salve Regina o nosso colega coronel Liberato Mitchell, saindo-se ambos perfeitamente”.

No ano seguinte, iniciava como Vigário Coadjutor na Paróquia de Anadia, para depois tomar posse em Pão de Açúcar, no dia 2 de maio de 1909.

 

Maceió antiga

A igreja do Bom Jesus dos Martírios, onde o Pe. Júlio rezou a primeira missa.

2.      MELHORAMENTOS NA MATRIZ.

Durante o seu paroquiato, foi instalado o relógio da Matriz, empreendimento no qual se havia empenhado o Pe. Omena, recolhendo donativos. Ao Pe. Júlio Albuquerque coube dar prosseguimento a esse melhoramento, instalado no dia 23 de dezembro de 1909.

O jornal pão-de-açucarense A IDEIA, que tinha como Gerente Álvaro Machado e como Redator-Chefe Hypólito de Souza, noticia o fato com grande destaque:

“Damos parabéns aos filhos da nossa futurosa cidade de Pão de Açúcar por mais um melhoramento, com que foi dotada a igreja Matriz desta paróquia.

Desde quinta-feira que já está funcionando, na torre do lado sul, o Malakoff há tanto tempo esperado.

Construído pelo hábil mecânico Sr. Paulino Wanderley, da cidade de Bom Conselho, é isto motivo de nos ufanarmos, porque já não se faz mister o orgulho do estrangeiro para trabalhos como este, pois o nosso solo, na sua uberdade espantosa, também produz inteligências superiores, não só na política e na literatura, mas também na indústria e na arte.

Ideia levantada pelo nosso ex-vigário Pe. José Omena, de parceria com alguns amigos que muito trabalharam para angariar alguns donativos, somente hoje teve a sua realização, apesar da descrença de alguns, malgrado a malevolência de outros.

Teve, entretanto, o nosso pároco atual que recorrer à benevolência da população para completar a importância de 800$000, que foi o total das despesas com o maquinismo, sino, reparos feitos na torre e transporte dos materiais do Bom Conselho até aqui, pois o arrecadado pela antiga comissão atingiu somente a cifra de 500$000.

Resta-nos agora cuidar de sua conservação, para que tenhamos sempre o utilíssimo auxílio de que tanto necessitávamos para regularizar os nossos negócios, e mostrarmos aos vindouros que trabalhamos também para o progresso material de nosso pequeno torrão; e agradecer ao Reverendíssimo Pe. Júlio de Albuquerque, nosso zeloso pároco, o desvelo e a solicitude com que levou a efeito tão momentoso melhoramento”.

Quando o jornal se refere ao “Malakoff há muito tempo esperado”, dá a impressão de estar falando da marca do relógio. Ocorre que não há marca de relógio com esse nome.  O dito “Malakoff” talvez seja uma referência ao relógio da Torre Malakoff, existente no Recife.

Essa Torre teve sua construção iniciada em 1853, como parte do então chamado Portão Monumental do arsenal da Marinha, na proximidade do Porto do Recife.

Na época da sua construção, a imprensa pernambucana veiculava muitas notícias a respeito da Guerra da Criméia, enfatizando a resistência em defesa da colina e da torre fortificada de Malakoff. Isso despertou grande interesse no Recife e em todo o Estado de Pernambuco, ao ponto de a própria população batizar a torre com o nome “Malakoff”.



A Matriz de Pão de Açúcar e o relógio em destaque.

Relógio Malakoff
A torre e o relógio "Malakoff" no Recife.


3.      EXÉQUIAS DE DOM ANTÔNIO BRANDÃO.

Na missa dominical do dia 21 de março de 1910, pronunciou uma eloquente “oração fúnebre” (assim intitulada quando da sua publicação pelo jornal A IDÉIA), em que enaltece as suas qualidades:

D. Antônio Brandão possuía, no seu caráter adamantino, uma força de vontade superior. Tinha, nos atos de justiça, sentenças de Salomão. Não via obstáculo quando se tratava de procurar o bem da religião, a cujo serviço dedicou-se, ininterruptamente, dando-lhe o melhor de sua robustez moral e as primícias de sua mocidade.”

“E hoje que, cheios de luto, assistimos a esta última homenagem que a religião nos inspira; hoje que juntamos a tristeza de nossas lágrimas à funérea luz desses círios, que também lacrimejando ornamentam este monumento de morte enviemos, do fundo do nosso coração, à porta do tabernáculo da Divindade, uma prece carinhosa e cheia de fervor, para que breve chegue ao trono de Jesus Cristo a alma imaculada do primeiro bispo de Alagoas e, das mãos de Deus, receba ele a palma da imortalidade e da eterna glória.”

4.      A DESPEDIDA.

 Deixando Pão de Açúcar, seguiu o Pe. Júlio para ser Coadjutor na Paróquia de Maceió. Nas páginas do jornal A IDEIA (edição de 26 de agosto de 1910), despede-se do povo pão-de-açucarense:

“Aos meus paroquianos.

Tendo aceitado a nomeação de coadjutor da Paróquia de Maceió, e renunciado ao cargo de pároco de Pão de Açúcar, e não sendo possível despedir-me de todos os meus paroquianos, venho dar o testemunho da minha eterna gratidão a todos que souberam distinguir-me dispensando-me o óbolo carinhoso de sua consideração e de sua estima.

Guardarei eternamente no mais fundo do peito a doce recordação dos dias que passei na convivência amável dos filhos de Pão de Açúcar, terra hospitaleira ad initio fadada para os mais elevados ideais que só sabem conceber os que beberam a luz da vida debaixo destes céus eternamente azuis.

 Envio, portanto, daqui o meu último adeus, o derradeiro eco da minha despedida a todos os meus paroquianos, especialmente aos que me dedicaram a menor partícula de sincera amizade, pedindo a Deus para recompensá-los com uma fagulha ardente da graça imaculada que é a maior proteção da Divindade ao homem que moireja na terra.

 Nesta cidade, pois, guardarei as ordens de todos, dentro dos limites do meu diminuto prestígio, curtindo as minhas roxas saudades, já que faz-se mister cumprir os menores desejos dos superiores, desde quando são os legítimos representantes de Deus.

 Padre Júlio Ferreira de Albuquerque, Coadjutor de Maceió.”

 

Foi ainda vigário em Traipu, Murici e São Miguel dos Campos, a partir de 1922, onde permanece por 35 anos.

Segundo o jornal pernambucano Diário da Manhã, de 31 de agosto de 1938, o padre Júlio celebrou, na matriz de Nossa Senhora do Ó, uma missa pela alma de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, que fora morto fazia um mês.

O jornal, como que admirado de ter o famigerado cangaceiro merecido as orações do sacerdote e dos sessenta fiéis que o assistiam, informa que, “em carta a pessoa de sua amizade, o vigário de São Miguel afirmou que celebrou aqueles atos de piedade cristã por espírito de religião”. “Foi um ato de caridade que Deus me inspirou”, disse.

Cônego Honorário do Cabido Metropolitano; Sócio da Academia Recifense de Letras e do Centro Cultural Mineiro; Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e Sócio Fundador da Academia Alagoana de Letras.

Em sua homenagem, há uma praça com seu nome em São Miguel dos Campos.

O Padre Júlio faleceu a 3 de setembro de 1963.

 


O Padre Júlio Ferreira de Albuquerque


***   ***

NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo.



[i] GUTENBERG, 28 de março de 1909.

[ii]   Fonte: ABC das Alagoas.

[iii]   A Fé Christã, de 6 de dezembro de 1902.

[iv]  A Fé Christã, Penedo, 2 de setembro de 1905.

[v] LIMA JUNIOR, Félix. Tipos populares de Maceió. Revista Mocidade, nº 18 – Maio e Junho de 1949.

[vi] República, Belém-PA, 3 de junho de 1899.

[vii] ORGE, Maceió, 25 de janeiro de 1900.

[viii] Clérigo pertencente a uma das quatro ordens menores da Igreja católica. Ordens Menores, as que não consagram de modo definitivo que as recebe: ostiário, leitor, exorcista e acólito. Ordens Maiores, as que consagram de modo definitivo ao serviço de Deus: subdiaconato, diaconato, presbiterado e episcopado.

[ix] Gutenberg, Maceió-AL, 31 de outubro de 1907.

[x] João Ulysses Moreira. (São Miguel dos Campos - AL 16/06/1882 – Maceió - AL 15/07/1955). Músico, professor, maestro, trompetista. Foi aluno do professor Benedito Silva na Banda de Aprendizes Marinheiros em Maceió. Aos 12 anos apresentou-se em praça pública, sua primeira composição, o dobrado Pugnadores da Época. Aos 18 anos, já era professor de Harmonia no Liceu de Artes e Ofícios. Dirigiu as orquestras do Cine Odeon e do Cine Floriano. Fundador da Tuna Alagoana e do Clube Atheneida. Diretor de concertos do Círculo Musical. Compositor de inspiração regional deixou vários dobrados para as Bandas de Marechal Deodoro, que muitas vezes regeu. Escreveu missas, porém suas obras não estão difundidas. Como professor de Teoria Musical e Harmonia, orientou diversos jovens músicos, entre eles Joel Belo Soares. Fonte: ABC das Alagoas. Casou-se, em 1907, com Maria Carolina Ferreira Pinto (filha de Carolina Lopes Ferreira Pinto). 

Um comentário:

  1. Mais um maravilhoso passeio por nossa riquíssima história. Desta feita, citando no início o "tio padre Pinto", como dizia minha saudosa avó materna, passando por aquela que muitos historiadores consideram como a verdadeira primeira grande guerra mundial dos últimos séculos, a da "Criméia, e nos brindando com uma referência à missa que padre Júlio Ferreira celebrou em sufrágio da alma de Virgulino Ferreira e suas repercussões políticos-religiosas. Parabéns, confrade! Muitas verdades estão escondidas e foram abafadas por fortes badaladas...

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia